Pareceria improvável a quem admirasse honestamente os competidores da arena do mundo animal que os seres humanos conseguiriam sobressair-se dentre todos os demais. À força bruta, velocidade elevada, poderosos venenos em corpos imperceptíveis, opunha a inteligência, um instrumento à primeira vista insuficiente para derrotar seus amedrontadores oponentes.
Vencendo as aparentes probabilidades, bravamente triunfamos. Através de um árduo trabalho, cercamo-nos de invenções e descobertas que não só propiciaram o império sobre os outros seres vivos, como também um progressivo distanciamento daquelas terríveis condições animalescas a que estávamos subjugados. Por nossas vitórias, erguemos como troféu um novo ambiente para habitarmos, rodeados por regalias, confortos e facilidades cada vez mais surpreendentes… e sedutores.
Foram sucessivos séculos de desenvolvimento, em que novos aparatos vinham reforçar a ideia de que nossa espécie não era uma vítima das circunstâncias, mas um senhor dotado de forças para manipular o seu meio. Tecnologia após tecnologia, expandíamos nosso poder e éramos levados a crer que a realidade estava em nossas mãos para ser moldada de acordo com o nosso desejo.
Maravilhados com as tantas realizações inicialmente inimagináveis, apagamos de nosso horizonte uma linha fundamental: aquela que informa os limites intransponíveis que nenhum esforço humano será capaz de ultrapassar. Verdades imutáveis a que podemos chamar de leis da natureza.
Não se trata, como querem crer e convencer alguns, de uma barreira como muitas outras, que em breve poderemos superar. Pelo contrário; a insurgência contra essa estrutura é o ato que antecede uma colheita inglória. Entretanto, iludidos pelas novas potencialidades que estão sempre a rondar nossa existência, persistimos na expectativa de um dia vermos vigorar o mundo ideal, em que o esforço, a dor e o sacrifício sejam palavras que não encontram respaldo em nossas experiências.
Esta idílica concepção, que ganha impulso precisamente pela incapacidade de reconhecer a vigência de certos limites, impede-nos de aceitar que determinadas ideias, por mais bem-intencionadas que sejam, podem ter consequências desastrosas no campo da realidade.
No entanto, a natureza não cansa de comunicar que estamos mirando no impossível e que a ânsia de conhecer e dominar, assim posta, é apenas o prenúncio da queda da qual jamais poderemos escapar.
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