O regime governamental da China é conhecido por controlar sua população pelo uso de ferramentas tecnológicas para ferramentas tecnológicas, como câmeras de reconhecimento facial. Comandado pelo partido comunista chinês (PCCh), impõe ainda à população um complexo sistema de crédito social que colabora com os objetivos do governo.
Durante o período da pandemia de Covid-19, o governo chinês elaborou algumas das medidas restritivas mais rígidas do mundo e aperfeiçoou seus métodos de vigilância sob a desculpa de estar buscando a proteção sanitária de sua população.
Na época, o governo obrigou a população a instalar em seus celulares aplicativos para monitoramento de saúde, que serviam para monitorar as movimentações de cidadãos e barrar a ida e vinda dentro de zonas urbanas.
O governo chinês não confiou apenas na tecnologia para vigiar seus cidadãos; um método chamado gerenciamento de grade foi empregado para expandir a capacidade de controle do PCCh.
As cidades foram divididas em blocos e representantes do governo batiam de porta em porta para impor testes e, em caso de contaminação confirmada, para selar as casas e impedir que os infectados deixassem o local.
Na ocasião, a mídia chinesa estava sempre elogiando as medidas do governo e reafirmando a necessidade de uma dura vigilância.
À medida que a política de Covid zero do governo chinês ia dificultando a vida das pessoas comuns, começaram a ocorrer protestos em todo o país. As técnicas de vigilância que misturavam tecnologia avançada e organização de forças policiais logo passaram a ser empregadas na repressão aos manifestantes.
Apesar de a pandemia já ter passado, as ferramentas de controle social utilizadas pelo PCCh estão sendo mantidas sob a desculpa de monitorar supostos inimigos do Estado e espiões estrangeiros.
Uma reportagem do jornal americano New York Times narra a forma como as novas políticas de vigilância são muito mais extremas e se inspiram no passado maoísta do país.
A reportagem se inicia narrando a cena de uma delegacia de polícia que está estabelecendo um controle rígido do que acontece nos bairros. A matéria ainda conta que há vários papeis pendurados na parede com informações sobre os habitantes de cada apartamento no distrito
O que mais chama a atenção é a variação de cores nos papeis, que são divididos entre verde, amarelo e laranja. Cada uma das cores indica o status das pessoas que nele estão: verde seriam os cidadãos considerados confiáveis, amarelo os suspeitos e laranja os que devem ser monitorados cuidadosamente.
Os policiais patrulham entre os apartamentos ouvindo queixas entre vizinhos, as forças de segurança contratam idosos em praças para ajudar a vigiar as ruas e nas empresas os patrões são obrigados a contratar delatores.
O fortalecimento do monitoramento da população está de acordo com a visão de Xi Jinping, que acredita na necessidade de uma vigilância visível e invasiva estabelecida localmente.
Essa crença do presidente antecede sua ascensão ao comando da alta cúpula do Partido; ela remonta ao período em que Xi exerceu o papel de Secretário do Partido na província de Zhejiang, a partir de 2003.
Nesse período, a violência urbana estava aumentando em toda a região, o que levou o futuro presidente a buscar por uma solução nas políticas aplicadas em outras épocas.
Na época, Xi se baseou na experiência ocorrida na década de 1960 na pequena cidade de Fengqiao, localizada no próprio distrito de Zhejiang. A cidade vivenciou um modelo de vigilância política baseado na ação dos próprios cidadãos.
Antes da Revolução Cultural, o governo do ditador Mao Zedong conclamava os camponeses e cidadãos chineses a confrontar as forças "antirrevolucionárias".
Atendendo ao chamado do fundador do PCCh, a população supostamente teria pedido às autoridades locais que realizassem detenções contra os "inimigos de classe". As lideranças partidárias, porém, aproveitaram o clamor popular para instigar a massa a identificar, atacar e reeducar com suas próprias mãos.
O resultado foi uma grande mobilização popular direcionada contra os supostos reacionários, que eram espancados, torturados e humilhados. Aproximadamente 1.000 pessoas foram perseguidas na cidade; além das agressões, elas e seus familiares encontravam problemas para trabalhar, estudar e até se casar.
O experimento foi comemorado por Mao e viria a servir de inspiração para os expurgos políticos da brutal Revolução Cultural que assombrou a China entre 1966 e 1976.
Em 2003, Xi Jinping visitou uma exposição sobre o acontecimento e declarou, na ocasião, que as necessidades mudaram muito, porém o experimento não poderia ser descartado.
Desde então, o presidente chinês vem fazendo menções cada vez mais frequentes ao modelo em seus discursos.
Na visão de Xi, o PCCh precisa ter uma presença constante e uma rápida capacidade resolutiva em escala local, o que é chamado como política de "distância zero".
Para o líder, um partido organizado dessa forma poderia suprir as necessidades populares de forma eficiente e rápida.
Para saber como o comunismo tomou conta da China toque no link da bio.
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