O Banco Mundial afirmou nesta 3ª feira (06) que o crescimento global para 2023 deve desacelerar de 3,1% para 2,1% em relação a 2022. “O crescimento global desacelerou acentuadamente e o risco de estresse financeiro em EMDEs (Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento) está se intensificando em meio a taxas de juros globais elevadas“, diz o relatório.
“A maneira mais segura de reduzir a pobreza e espalhar a prosperidade é por meio do emprego – e o crescimento mais lento dificulta muito a criação de empregos.
É importante ter em mente que as previsões de crescimento não são um destino. Temos a oportunidade de virar a maré, mas isso exigirá que todos trabalhemos juntos”, disse o presidente do Grupo Banco Mundial, Ajay Banga.
O documento afirma também que a economia mundial está em uma “situação precária“.
Segundo Indermit Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial, “fora do leste e sul da Ásia, está muito longe do dinamismo necessário para eliminar a pobreza, combater a mudança climática e reabastecer o capital humano. Em 2023, o comércio crescerá menos de um terço do ritmo dos anos anteriores à pandemia”.
A respeito dos países emergentes, Gill afirmou que “as pressões sobre a dívida estão crescendo devido às taxas de juros mais altas. As fraquezas fiscais já levaram muitos países de baixa renda a problemas de endividamento. Enquanto isso, as necessidades de financiamento para atingir as metas de desenvolvimento sustentável são muito maiores do que as projeções mais otimistas de investimento privado“.
Até o final de 2024, a atividade econômica dos países emergentes deverá estar cerca de 5% abaixo dos níveis projetados antes da pandemia, de acordo com a análise da organização.
“Nos países de baixa renda, especialmente os mais pobres, o dano é grande: em mais de ⅓ desses países, a renda per capita em 2024 ainda estará abaixo dos níveis de 2019. Esse ritmo fraco de crescimento da renda consolidará a pobreza extrema em muitos países de baixa renda“, diz o documento.
Ayhan Kose, vice-economista-chefe do Banco Mundial, afirma que:
"Muitas economias em desenvolvimento estão lutando para lidar com crescimento fraco, inflação persistentemente alta e níveis recordes de dívida. No entanto, novos riscos –como a possibilidade de repercussões mais generalizadas do estresse financeiro renovado nas economias avançadas– podem tornar as coisas ainda piores para eles”.
O relatório apresenta uma análise de como os aumentos nas taxas de juros dos Estados Unidos estão afetando as economias emergentes.
Segundo o documento, a maior parte do aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano foi impulsionada pelas expectativas dos investidores de uma política monetária agressiva dos EUA para controlar a inflação.
Esse tipo específico de aumento das taxas de juros está associado a efeitos financeiros adversos em países emergentes, incluindo uma maior probabilidade de crise financeira. Esses efeitos são mais pronunciados em países com maior vulnerabilidade econômica.
O Banco Mundial destaca que nos mercados fronteiriços é possível ver aumentos descomunais nos custos de empréstimos, subindo cerca de 3 vezes mais que em outras economias emergentes.
Mercados fronteiriços são aqueles com mercados financeiros menos desenvolvidos e acesso mais limitado ao capital internacional.
Em relação às economias avançadas, o relatório afirma que o crescimento deve desacelerar de 2,6% em 2022 para 0,7% em 2023 e permanecer fraco em 2024.
Para os Estados Unidos, a organização prevê que, depois de crescer 1,1% em 2023, a economia do país deve desacelerar para 0,8% em 2024, principalmente por causa do “impacto prolongado do forte aumento das taxas de juros no último ano e meio“.
Para a Zona do Euro, o Banco Mundial prevê que o crescimento desacelere para 0,4% em 2023, em relação a 3,5% em 2022, devido ao “efeito defasado do aperto da política monetária e dos aumentos dos preços da energia“.
Eis as perspectivas do Banco Mundial para cada região:
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