Por: Alexandre Magnani para a Brasil Paralelo
No dia 9 de julho, São Paulo celebra uma data carregada de história e simbolismo: a Revolução Constitucionalista de 1932. Esse evento crucial na trajetória política do Brasil, é lembrado como um momento em que os paulistas se uniram em busca de um país mais justo e democrático. A celebração se tornou feriado estadual em 1997, com o objetivo de homenagear os combatentes que lutaram por uma nova Constituição.
A Revolução começou de maneira emblemática em 9 de julho de 1932. Na ocasião, as ruas de São Paulo foram tomadas por multidões, que clamavam pela restauração da democracia e a criação de uma nova Constituição. O movimento foi uma resposta às medidas centralizadoras do governo de Getúlio Vargas. Em 1930 o presidente tinha anulado a Constituição de 1891 e fechado o Congresso Nacional. Essas ações geraram um profundo descontentamento que se espalhou por todo o estado de São Paulo.
A importância dessa data para São Paulo está profundamente enraizada na busca do estado por autonomia e justiça. Embora o levante não tenha sido bem-sucedido sob a perspectiva militar, ele desencadeou uma série de eventos que culminaram na promulgação de uma nova Constituição Federal em 1934.
Os ideais defendidos pelos revolucionários de 1932 continuam a influenciar as decisões políticas até hoje, destacando a relevância histórica e cultural desse dia para o estado.
O coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo (PMESP) Luiz Eduardo Pesce De Arruda, um dos maiores estudiosos da Revolução Constitucionalista de 1932, destacou que o movimento foi essencial para a população da época e tem repercussões até os dias atuais.
"O movimento constitucionalista de 1932 foi importante para a população brasileira na época e seus ecos chegam até os dias presentes, considerando as mudanças profundas que trouxe para a vida nacional. Por exemplo, o voto feminino. A primeira mulher eleita deputada federal no Brasil foi Carlota Pereira de Queiroz, que coordenou a União Cívica Feminina Paulista durante a guerra", afirmou. Pesce de Arruda também destacou que muitos combatentes não eram nascidos em São Paulo, e até mesmo imigrantes lutaram pela causa constitucionalista, tornando-se brasileiros por conta da luta.
Em maio de 1932, meses antes da eclosão da revolução, uma tragédia marcou o prelúdio do movimento. Quatro estudantes, Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade, foram mortos em uma manifestação contra o governo de Vargas. Esses jovens se tornaram mártires e deram nome ao movimento MMDC, que simboliza a resistência e foi essencial para organizar e inspirar os rebeldes.
O Coronel Arruda enfatizou a importância de comemorar a data, destacando, principalmente, que foi um “episódio intrinsecamente de origem popular”.
"Comemorar é uma palavra de origem latina que vem de memória. Comemorar significa lembrarmos juntos. Nós temos que lembrar juntos desse episódio, porque ele foi um episódio intrinsecamente de origem popular. Lembre-se de mais de 70 mil homens e mais de 110 mil mulheres, numa população de 6 milhões de habitantes, se apresentaram para lutar voluntariamente. Além disso, a defesa da causa constitucionalista em Belém do Pará, em Óbidos, no Amazonas, em Salvador, no Rio de Janeiro, no Paraná e no Rio Grande do Sul, na região de Soledade, levou muitos adeptos da causa constitucionalista à morte", explicou.
Apesar da derrota militar, a Revolução Constitucionalista de 1932 teve consequências políticas significativas. Em 1933, muitas das demandas dos revolucionários foram atendidas com a eleição de uma Assembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição de 1934. Este documento trouxe importantes avanços, incluindo direitos trabalhistas e uma maior democratização do cenário político brasileiro.
O militar concluiu dizendo que a Revolução de 32 nos ensina a lutar por causas justas, mesmo sem garantias de vitória.
"O grande exemplo que nós trazemos de 32 é que é necessário lutar mesmo que não seja para vencer. Os paulistas mostraram para o país que a justiça e o direito vencem ainda que desarmados. E é preciso lutar pelas causas justas, ainda que seja para perder, porque não se luta só para vencer", afirmou.
A Revolução Constitucionalista de 1932, apesar de suas adversidades, permanece como um símbolo da luta paulista por justiça e democracia. A celebração de 9 de julho não apenas honra os que lutaram, mas também reafirma os valores que continuam a moldar a história do Brasil.
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