Para desmistificar a instituição e entender a verdade por trás das falácias, a Brasil Paralelo convidou o Felipe Aquino e Alam Carrion para o podcast Conversa Paralela.
Felipe Aquino é professor de História da Igreja do Instituto de Teologia Bento XVI, além disso é um apresentador e locutor da rede Canção Nova. Alam Carrion é um criador de conteúdo católico com formação em jornalismo.
Veja abaixo cinco mentiras sobre a Igreja e as verdades escondidas por elas.
Ao longo da história, muitas pessoas afirmaram que a Igreja Católica, e o cristianismo em geral, se opõe à ciência e se baseiam em crenças cegas e supersticiosas.
Essa acusação é propagada desde o início do movimento iluminista, que se opunha à sociedade medieval e moderna, baseadas na Igreja Católica.
Sobre essa questão, Carrion afirmou que para a Igreja “a razão complementa a fé”. Para confirmar seu ponto, o criador de conteúdo resgatou um documento escrito por São João Paulo II chamado de Fides e Ratio:
“São João Paulo II escreveu um documento belíssimo, chamado "Fides et Ratio", que significa "Fé e Razão". A introdução, as primeiras frases desse documento, começam assim: "A Fé e a Razão são como duas asas que elevam o ser humano para contemplar a verdade". Não são excludentes, pelo contrário.”
Carrion continuou trazendo a forma como um processo de canonização de santo é composto por uma rígida investigação científica:
“Só se chega na canonização quando a ciência não consegue explicar o que aconteceu para aquela pessoa se curar de uma doença que era vista como terminal, quando não tem uma explicação científica para o que aconteceu. Porque o sobrenatural de fato existe. Então, a ciência vem para jogar luz, assim como a fé joga luz na ciência.”
Felipe Aquino coloca a questão sob perspectiva histórica, contradizendo as narrativas anticristãs e relembrando as contribuições da Igreja para a educação na idade média:
“Na Idade Média, os homens da Igreja eram responsáveis pela ciência e pelas escolas. O aluno ia para a escola, tinha o Trivium, estudava a oratória, gramática e retórica. Depois vinha o Quadrivium, que estudava a aritmética, a geometria, a astronomia e a música.”
O professor seguiu ressaltando como algumas das principais universidades da Europa foram construídas pela Igreja:
“A Igreja, permeou toda a Europa com a ciência. Veja as Universidades que fundou: Oxford, Cambridge, Valladolid, Sorbonne.”
Aquino também afirmou que ainda na idade média, diversos padres e membros da Igreja que estudavam fenômenos da natureza:
“Se você entrar no Google e digitar ‘Padre cientista na Idade Média’, você vai encontrar mais de 200. Então toda a evolução da Idade Moderna que aconteceu a partir de 1.500 foi por causa do desenvolvimento científico tecnológico que os monges deixaram, os bispos e os cientistas da Igreja deixaram na Idade Média. Isso não é conhecido.”
O Papa Pio XII, que chefiou a Igreja Católica durante os anos da Segunda Guerra Mundial é acusado de “fazer vista grossa” ao holocausto e de apoiar o regime nazista de Adolf Hitler.
Carrion afirma que o papel da Igreja nesse período histórico foi muito diferente do retratado pela mídia e por parte da historiografia:
“Essa questão do Pio XII, por exemplo. Essa ideia de ele ser o papa de Hitler é uma verdade fabricada, o que a gente chama de fake history. Você se aprofunda, você vai ver que ele combateu o nazismo de A a Z.”
O produtor de conteúdo também mencionou algumas das atitudes tomadas pela Igreja em oposição ao Terceiro Reich:
“Inclusive judeus que escreveram livros a respeito da ação de Pio XII, que salvou mais de 5.000 judeus. No caso, botando o judeu para dentro do portão do Vaticano, protegendo, tendo leis e tomando ações secretas. Tem inclusive o livro "Papa contra Hitler" do Mark Riebling.”
Carrion afirmou também que a postura de “silêncio do Papa” foi uma escolha cuidadosa para “proteger as pessoas".
Muitos dos que acusam a Igreja e a fé cristã como um todo questionam a autenticidade das escrituras, afirmando haver distorções e alterações nos textos ao longo dos séculos.
O professor Aquino afirma que os manuscritos do Mar Morto são uma forte evidência de que o conteúdo apresentado nos livros sagrados não sofreu alterações relevantes.
Os Manuscritos foram encontrados por beduínos que exploravam as cavernas de Qumran, em Jerusalém.
Dos 930 manuscritos encontrados, 210 traziam os livros do antigo testamento em hebráico, grego e aramáico.
O professor conta que os escritos traziam versões muito próximas dos textos que seguem em circulação na atualidade:
“Foi encontrado o livro de Isaías inteiro, escrito no ano 70 d.C. Depois, compararam com a cópia mais antiga que a Igreja tinha, que era do ano 1000, e viram que os dois batiam exatamente. Quer dizer, isso é uma prova maravilhosa da autenticidade da Bíblia.”
Além disso, o professor destacou que muitos filósofos importantes do iluminismo se dedicaram a buscar por falhas nos Evangelhos, para mostrar incongruências no cristiaismo
“Eles quiseram destruir os Evangelhos. Tinham como meta, usando a crítica racionalista e profunda, destruir os Evangelhos. Então começaram a comparar os quatro livros: "Vamos achar um erro aqui, um fala uma coisa, outro fala outra." Qual é a conclusão? Quebraram a cara.”
Aquino seguiu ressaltando como essas duras críticas ajudam a comprovar a veracidade dos textos e ressaltou uma frase de Adolf Von Harnack:
“Os Evangelhos são autênticos e as pequenas diferenças que têm são insignificantes. Inclusive, Adolf von Harnack, racionalista alemão, disse o seguinte: ‘Nós tentamos destruir os Evangelhos. O que conseguimos foi criar um pedestal para a Igreja colocá-lo em cima.’”
Até os dias de hoje, a Igreja Católica é uma instituição com grandes recursos financeiros e poder de influência.
Em outros momentos históricos, como no final da idade média e no início do Renascimento, a Igreja chegou a ser a instituição mais poderosa e influente no mundo ocidental.
Casos de corrupção e pessoas que se juntaram à Igreja por interesses escusos não são raros nos 2 mil anos de história da instituição.
Muitos Papa foram guiados pela sede de poder e tiveram comportamentos escandalosos e até mesmo vulgares.
Olhando para essas histórias, muitas pessoas argumentam que a ideia do Papa ser infalível seria incompatível com a realidade.
Em resposta a essa acusação, o professor Aquino afirmou que “infalibilidade não quer dizer impecabilidade”.
Carrion complementou o argumento, ressaltando que “a infalibilidade está de acordo com o cargo que se ocupa e não ao homem”.
“A infalibilidade papal, dogma proclamado no Concílio do Vaticano Primeiro, não está dizendo que aquele que ocupa o cargo de Papa é infalível, impecável ou inerrante. Se o Papa disser que 2 + 2 é 5, ele está errado. Então, um Papa como homem, e quando não fala como doutor universal, pode cometer erros e equívocos. O que ele não faz é errar quando fala ex cathedra sobre fé e moral.”
Muitos afirmam que a Igreja Católica e o cristianismo não fizeram nenhum tipo de oposição contra a escravidão na idade moderna.
O professor Aquino explica que os primeiros registros de oposição à prática escravista das grandes potências ultramarinas da Europa datam do descobrimento das Ilhas Canárias:
“Eu quero começar colocando um ano: 1434, quando a Espanha descobriu as Ilhas Canárias e dominou a região. Começou a ver a escravidão dos nativos. O Papa Eugênio IV publicou uma bula dizendo o seguinte: ‘Estão excomungados aqueles que escravizaram os nativos’. Depois, o Nicolau V repetiu, e depois outros Papas colocaram excomunhão.”
O professor seguiu contando que bispos da Igreja haviam criado um direito de defesa dos negros e dos índios:
“Bispos de 1.500 e pouco, foram à Espanha levar para os reis católicos Fernando e Isabel, que tinham conquistado a unidade dali... Na Espanha surgiu um direito de defesa dos negros e dos índios. É uma história muito mal contada.”
A fala continuou, dando destaque para a defesa dos índios e críticas à escravidão dos negros protagonizada pelo Padre Antônio Vieira:
“Você pega o padre, o Padre Antônio, ele tem sermões pesadíssimos contra os senhores que escravizavam os negros, coisa belíssima.”
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