Circula nas redes sociais um texto chamado Decálogo de Lenin, supostamente escrito em 1913 pelo líder da Revolução Vermelha. O texto apresenta 10 mandamentos que os comunistas usariam para preparar a revolução em um país de seu interesse.
O decálogo foi o centro de debates nas redes sociais, gerando diversas disputas entre professores, partidários de Lenin e anticomunistas.
Políticos também citaram o documento para sustentar seus argumentos.
Entenda a história por trás do decálogo de Lênin.
O suposto Decálogo de Lenin diz:
I. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
II. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;
III. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;
IV. Fale sempre sobre democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o poder sem nenhum escrúpulo;
V. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público;
VI. Coloque em descrédito a imagem do país, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;
VII. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do país;
VIII. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;
IX. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;
X. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.
Não existem evidências que comprovem a veracidade do Decálogo de Lenin. O documento mais antigo que cita os supostos 10 mandamentos é de 1946 e não atribui a autoria a Lenin, afirmou o The New York Times.
O texto original alega que esses 10 mandamentos foram obtidos pelos aliados em 1919, em Dusseldorf, na Alemanha, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Porém, o documento original supostamente feito por comunistas nunca foi mostrado.
"Toda reprodução das 'Regras' afirma que elas foram capturadas de comunistas por oficiais aliados em maio de 1919, em Düsseldorf, Alemanha. Nunca são dados nomes ou endereços. Os Arquivos Nacionais, a Biblioteca do Congresso e as universidades do país não têm cópia ou vestígio do 'documento'", diz o The New York Times.
Segundo o jornal Estadão, o historiador Paul F. Boller Jr. e o cientista político John George desmistificaram o Decálogo de Lenin no livro They Never Said It: A Book of Fake Quotes, Misquotes and Misleading Attributions.
"As 'Regras' são claramente falsas; não soam nem um pouco como 1919", dizem os autores.
O livro They Never Said It afirma que o Decálogo de Lenin tem sua origem no livro New World News, publicado na Inglaterra em 1946. Os mandamentos ganharam repercussão devido ao contexto da Guerra Fria, tendo sido amplamente utilizados nos Estados Unidos.
Paulo Briguet, jornalista e escritor brasileiro, explica que o decálogo não é de Lênin, mas muitos dos itens foram aplicados pelo revolucionário.
Ao analisar o decálogo, Briguet comenta que Lênin não infiltrou bolcheviques nos jornais como diz o decálogo, mas sim fechou os jornais que não se aliavam ao seu regime; quanto a defesa da democracia, o partido soviétio era oficialmente nomeado como Partido Operário Social-Democrata Russo.
Muitas das principais ações de Lênin estão em consonância com o decálogo.
Embora o Decálogo de Lenin seja possivelmente falso, diversos textos originais de Lenin e outras evidências históricas mostram que ele foi um dos maiores genocidas da história. Algumas das principais medidas criminosas de Lenin foram:
Lênin desenvolveu diversos campos de concentração para prender e torturar seus inimigos, afirma Aleksandr Solzhenitsyn, historiador russo, no livro Arquipélago Gulag.
Em 9 de agosto de 1918, Lenin enviou um telegrama ao Comitê Executivo da província de Penza pedindo que fossem aprisionados:
“Os kulaks, os padres, os soldados do Exército Branco e outros elementos duvidosos num campo de concentração”, trecho recuperado e publicado no Livro Negro do Comunismo.
Os campos eram chamados de gulags, abreviação de Administração Central de Campos (do russo Glavnoe Upravlenie Lagerei). A Encyclopedia Britannica estima que foram assassinadas 1.2 a 1.7 milhões de pessoas.
Um dos principais crimes de Lenin é o assalto ao banco de Tíflis, explica Anna Geifman no livro Thou Shalt Kill: Revolutionary Terrorism in Russia, 1894–1917. Um transporte bancário foi roubado pelos bolcheviques para financiar suas atividades revolucionárias.
Os ladrões atacaram uma diligência do banco e policiais e militares ao redor usando bombas e armas enquanto o veículo estava transportando dinheiro pela Praça de Erevã (atual Praça da Liberdade) entre o escritório de correios e a filial de Tíflis do Banco Estatal do Império Russo.
O ataque matou quarenta pessoas e feriu outras cinquenta, de acordo com documentos oficiais do arquivo, narra Roman Brackmann no livro The Secret File of Joseph Stalin: a Hidden Life. Os ladrões escaparam com 341 mil rublos.
O assalto foi organizado por vários líderes bolcheviques, incluindo Lenin, Stalin, Maxim Litvinov, Leonid Krasin e Alexander Bogdanov.
Entre 1825 a 1917, durante o regime czarista, o número total de pessoas condenadas à morte na Rússia em virtude de opinião ou ações políticas foi de 6.360, afirma o economista Luan Sperandio.
Após Lenin tomar o poder da Rússia, estima-se que os comunistas tenham realizado entre 10 e 15 mil execuções sumárias apenas em 1919. Em apenas poucas semanas, a ditadura de Lenin superou 92 anos de repressão czarista.
O Livro The Russian Revolution, do historiador Richard Pipes, estima que, durante a Guerra Civil Russa, além dos mortos em batalhas, pelo menos 100 mil pessoas foram executadas por motivação política, acusadas de colaborar com o czarismo e conspirar contra a Revolução.
Ao longo de seu governo ainda foram realizadas diversas outras execuções. Um de seus telegramas dizia:
“Camaradas! O levante kulak nos cinco distritos de sua região deve ser esmagado sem piedade. Os interesses de toda a revolução o exigem, pois a “luta final” com os kulaks está doravante engajada por toda parte.
É necessário dar o exemplo: 1) Enforcar (e digo enforcar de modo que todos possam ver) não menos de 100 kulaks, ricos e notórios bebedores de sangue. 2) Publicar seus nomes. 3) Apoderar-se de todos os seus grãos. 4) Identificar os reféns do modo como indicamos no telegrama de ontem.
Façam isso de maneira que a cem léguas em torno as pessoas vejam, tremam, compreendam e digam: eles matam e continuarão a matar os kulaks sedentos de sangue.
Telegrafem em resposta dizendo que vocês receberam e executaram exatamente estas instruções. Seu, Lenin. P.S. Encontrem as pessoas mais fortes" (fonte: historiador Stéphane Courtois e outros em O Livro Negro do Comunismo).
No início de seu mandato como líder da Rússia, Lenin instituiu a Cheka, a Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para o Combate à Contra Revolução e a Sabotagem. Foi a primeira polícia secreta da Rússia comunista.
A missão da organização era eliminar qualquer ato contra revolucionário ou que desviasse dos ideais soviéticos. Para atingir seus objetivos, a Cheka tinha que vigiar todos os russos.
Os "inimigos de classe" eram classificados de forma específica pela organização. Eles poderiam ser:
O historiador estadunidense William Henry Chamberlin afirmava que "é simplesmente impossível acreditar que o Cheka matou apenas 12.733 pessoas em toda a Rússia até o final da Guerra Civil". Ele estabeleceu uma contagem que chamou de "razoável e provavelmente moderada" de 50 mil pessoas assassinadas durante o período.
"Acredito que a formação dos Chekas foi um dos erros mais graves e mais inadmissíveis que os líderes bolcheviques cometeram em 1918, quando conspirações, bloqueios e intervenções os fizeram perder a cabeça. Todas as evidências indicam que os tribunais revolucionários, funcionando à luz do dia e admitindo o direito de defesa, teriam alcançado a mesma eficiência com muito menos abuso e depravação. Foi necessário reverter os procedimentos da Inquisição?", analisou Victor Serge em seu livro Memórias de um Revolucionário.
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