Tradwife é um termo que surgiu na internet para se referir a mulheres que escolhem deixar suas carreiras para dedicar suas vidas a suas famílias.
A expressão é uma simplificação das palavras traditional wife, ou esposa tradicional, em português.
Algumas mulheres que optaram por esse estilo de vida começaram a gravar sua rotina e publicar seus vídeos nas redes sociais.
O público passou a se interessar por esse tipo de conteúdo, levando milhares de pessoas a seguirem perfis que mostram o dia a dia de pessoas dedicadas a cuidar de seus lares.
A visibilidade do movimento tem levado várias mulheres com valores considerados tradicionais a nutrir o sonho de levar essa vida.
Por outro lado, as mulheres que optaram por isso e compartilharam suas vidas têm sofrido críticas.
Esse estilo de vida resgata o papel exercido pela mulher na família e na sociedade até a segunda metade do século XX.
Dando ênfase para aspectos como a cozinha, os cuidados com a casa e a criação dos filhos, preocupações semelhantes com a das mulheres das décadas de 1950 e 1960.
Conforme os hábitos sociais foram sendo transformados, as mulheres deixaram os lares para se inserir de forma mais ampla no mercado de trabalho.
Vida profissional e independência financeira se tornaram prioridades, e as mulheres começaram a passar cada vez menos tempo dentro de casa.
O estilo de vida tradwife tem sido uma opção que se contrapõe às novas expectativas da sociedade contemporânea sobre a mulher.
Segundo a influenciadora digital Estee Williams, o termo carrega uma ligação com a “reafirmação dos papéis de gênero tradicionais”:
"Uma esposa tradicional é uma mulher que adere aos papéis de gênero tradicionais em seu casamento: esposa dona de casa, marido provedor."
A influenciadora também afirma que não se trata de reverter o processo social que levou as mulheres ao ambiente de trabalho, mas sim de uma escolha individual:
"Nós acreditamos que nosso lugar, especificamente nós como indivíduos, é ser donas de casa. Isso não significa que estamos tentando tirar o que as mulheres lutaram para conquistar."
Para falar sobre esse tema, a Brasil Paralelo buscou ouvir duas mulheres de meios diferentes que optaram por deixar seus empregos para focar em garantir o bem-estar de suas famílias.
Victória Maria Maciel é uma influenciadora digital e leciona o curso De Volta ao Lar. Apesar de ainda trabalhar, Victória está decidida a se dedicar totalmente à família depois de terminar a turma atual:
"Eu posso dizer que estou nesse processo e que agora decidi optar por esse estilo de vida. O que chamamos de tradwife é aquela mulher que se dedica exclusivamente à casa, ao marido e aos filhos."
Ela conta que a decisão é fruto de um processo de decisão lento, em que refletiu intensamente sobre sua vocação individual:
"Confesso que o processo para decidir isso não foi fácil. Nos últimos dois anos, tenho levado isso para minha direção espiritual, para a oração e, também, refletido muito sobre. Pensei muito e conversei com o meu marido.”"
A influenciadora faz questão de destacar que se trata de um processo de escolha pessoal e não de uma decisão externa:
"Ao contrário do que muita gente acha, isso não foi algo imposto. Pelo contrário, meu marido sempre falou: 'Se você quiser trabalhar, trabalhe, mas saiba que você não precisa'... De fato, a escolha por continuar trabalhando com a internet até hoje foi minha, e agora, a escolha por me dedicar exclusivamente a isso aqui também é minha."
Maciel mencionou algumas das motivações que a levaram a optar por esse estilo de vida:
"Quando eu comecei a perceber que algumas coisas do trabalho estavam tirando a qualidade da minha atenção para com meu filho ou me atarefando de uma maneira que não me permitia cuidar bem da casa, isso pesou bastante para mim."
Maria Fernanda Ferreira, a outra mãe entrevistada, deixou seu emprego para se dedicar aos cuidados com a filha recém-nascida.
Na entrevista, contou que o plano foi feito ainda no período de noivado:
"O processo foi desde antes do casamento, quando eu e meu marido conversamos sobre nossos futuros filhos e a criação que iríamos dar a eles. E quando nossa filha nasceu, continuamos com a mesma decisão e tivemos condições também de optar pela educação integral dela."
A mãe ainda conta que não se sentiu julgada por conta do estilo de vida pelo qual optou:
"Não sofri nenhum julgamento, porém as perguntas sobre quando eu iria voltar a trabalhar e quando iríamos colocar ela na creche eram frequentes. Minha resposta sempre foi que eu iria optar por cuidar dela até o momento que fosse necessário terceirizar.”
Durante a entrevista, Maria Fernanda ainda comentou que não recebeu nenhuma crítica. De modo oposto, as pessoas próximas ainda elogiaram a decisão:
"Também não recebi críticas, pelo menos não que chegaram até mim e minha família. As pessoas que sabem acham legal e importante ter esse cuidado com a criança nos primeiros anos."
Fisioterapeuta de formação, Maria Fernanda não descarta a possibilidade de retomar sua carreira quando a filha for mais velha.
O relato de Victória Maciel foi bem diferente. A influenciadora conta que pessoas mais próximas fazem comentários positivos. Quando "sai da bolha", percebe que há muitas críticas e comentários negativos.
Para ela, a pessoa desconhecida que fala sobre sua vida sem a conhecer na realidade está falando de si mesma:
"O horizonte de consciência dela é tão curto que ela só consegue enxergar o que ela faria, o que ela pensaria, o que seria razoável pra ela. Então, não concebe que existem outros tipos de vida."
Para a influenciadora, esse tipo de comentário nasce a partir de uma visão materialista, originária do pensamento filosófico marxista:
"Eu posso dizer, sem medo de errar, que são comentários de origem marxista. Isso pode chocar no primeiro momento, mas se você parar para pensar, o marxismo deixou para a gente o materialismo histórico. Então, o que os comentários negativos costumam atacar: precisamente aspectos materiais."
Victória trouxe também sua visão sobre a forma como a mídia retrata essas mulheres:
"Eu poderia dizer que é algo incoerente o modo como a mídia retrata, mas eu estaria errada, porque é totalmente coerente com a ideologia que eles tentam vender."
A influenciadora seguiu falando sobre os impactos psicológicos que a cobertura midiática negativa pode trazer:
"Os mesmos pregam empatia e depois fazem campanha de conscientização sobre o suicídio. Será que eles não percebem que podem estar lançando uma semente? E se uma dessas pessoas for obrigada a fazer isso e se deparar com uma matéria dessas, ridicularizando esse tipo de coisa? Será que eles não sabem que isso pode ser um gatilho?"
Maria Fernanda concorda que a mídia tradicional não dá o devido valor às mulheres que optam por esse estilo de vida:
"A mídia tradicional, ao meu ver, não retrata a importância da mulher que opta por escolher cuidar da sua família. Pelo contrário, uma mulher que deixou sua profissão ou não quis ter uma formação acadêmica é colocada como uma pessoa totalmente estranha, fora da sociedade."
A mãe ressalta que essa visão de estranheza propagada pela cobertura da mídia tradicional tende a aumentar seu número de adeptos:
"E isso cada vez vai crescendo dentro da sociedade, já que muitas jovens começam a sonhar com seu futuro e idealizam não ter uma família, somente crescer na sua carreira profissional."
Apesar das polêmicas e reações negativas de certos setores da sociedade, é um direito optar por uma vida voltada à família é um direito de cada mulher.
Mesmo com as críticas, vídeos que mostram esse estilo de vida seguem fazendo sucesso nas redes sociais.
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