No último Dia Internacional da Mulher, Nápoles foi palco de uma manifestação polêmica.
Uma procissão pelos direitos das mulheres percorreu as ruas da cidade italiana entre a Piazza Garibaldi e a Piazza Dante.
O evento chamou a atenção pela simbologia utilizada: entre velas e cartazes com frases como "Bem-aventurada Assunção" e "Aborto Livre", manifestantes carregavam uma placa com a imagem da Virgem Maria segurando uma pílula abortiva.
O gesto foi idealizado pelo grupo Non una di meno. O grupo, conhecido por suas ações pró-aborto, informou que a intenção era satirizar e chamar atenção para a causa.
A manifestação provocou reação imediata do Cardeal Domenico Battaglia, que emitiu um comunicado logo após o evento.
Segundo ele, o ato causou "perturbação em muitos" fiéis.
"A liberdade de expressão nunca pode se tornar um pretexto para zombaria e desprezo pela fé e pelos valores dos outros".
Battaglia reconheceu a complexidade do tema do aborto, mas reiterou que a missão da Igreja é "anunciar o Evangelho da Vida".
O cardeal enfatizou o compromisso da instituição de acompanhar mulheres que enfrentam decisões difíceis e fez um apelo ao diálogo respeitoso.
"O caminho nunca pode ser o da provocação, mas o do diálogo", declarou o cardeal. Além disso, acrescentou que a sociedade só cresce "na verdade e na caridade" quando busca o entendimento mútuo.
Manifestações semelhantes ocorreram em Roma, onde atos públicos incluíram pichações direcionadas a grupos pró-vida.
A sede da organização Pro Vita & Famiglia, que já havia sido alvo de vandalismo anteriormente, foi novamente atacada.
O tema do aborto permanece controverso na Itália, país de forte tradição católica. Em 1978, o país aprovou a Lei 194, que permite a interrupção voluntária da gravidez nos primeiros 90 dias de gestação.
No entanto, o assunto continua gerando discussões acaloradas na sociedade italiana. Em 2024, o governo italiano aprovou uma medida que permite a entrada de grupos pró-vida em clínicas de aborto para aconselhamento.
Essa medida não altera diretamente a Lei 194, mas afeta sua implementação.
O documentário "Duas vidas: do que estamos falando quando falamos sobre aborto" busca aprofundar o tema.
A produção defende a ideia de que a vida humana começa na concepção e propõe uma reflexão filosófica sobre o assunto.
O filme apresenta entrevistas, dados de pesquisas científicas e trechos de filmes, explorando tanto argumentos favoráveis quanto contrários à prática do aborto. Inclui ainda depoimentos de pessoas que realizaram o procedimento e enfrentam consequências.
Um dos relatos é o de Zezé Luz, que foi violentada aos 18 anos e realizou um aborto autorizado por lei.
Ela compartilha sua experiência:
"Fiquei com uma hemorragia grave durante quase uma semana até que decidi sair da minha cidade e não falar nada para ninguém. Refugiei-me no álcool porque queria esquecer todos aqueles danos e traumas que estava vivendo. Foram mais de uma década de depressão pós-aborto, que acredito ser a pior das dores de alma de uma mulher".
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