Dom José Luis Azcona Hermoso é um símbolo da luta contra o tráfico humano e o abuso sexual de crianças e adolescentes na ilha de Marajó. Ao longo de 30 anos, foi o autor de importantes denúncias contra esse tipo de crime.
Internado para tratamento de um câncer no pâncreas, o religioso voltou a protagonizar um episódio especial. Após receber uma imagem de Nossa Senhora de Nazará Peregrina, mesmo fisicamente debilitado, abençoou outros doentes.
O vídeo tem aproximadamente 1 minuto de duração e ao final, mostra o bispo saudando a mãe de Jesus com voz firme e beijando o manto que adornava a imagem peregrina.
No último dia 10 de setembro, a imagem passou pelo hospital onde Dom Azcona está internado. Antes disso, ela esteve em diversos hospitais públicos e privados.
O destino da imagem é o Círio de Nazaré, que ocorrerá no dia 2 de outubro. Esperam-se 2,2 milhões de pessoas na procissão do evento.
Dom Azcona foi diagnosticado com câncer no pâncreas em junho e, no dia 16 do mesmo mês, foi internado em um hospital em Belém. Recebeu alta em 28 de agosto, mas voltou a ser internado e permanece no hospital. O bispo tem atualmente 84 anos, o que complica seu quadro de saúde.
Em 2017, o líder católico declarou em entrevista ao portal da CNBB:
“O tráfico de pessoas é um tumor mundial”.
O combate a crimes deste tipo tem sido a grande missão de vida do religioso.
Em 2009, ele foi o autor das denúncias que deram origem à CPI da da pedofilia e exploração sexual infantil. Até hoje, os escândalos envolvem autoridades políticas e empresários locais.
Um dos casos mais notórios investigados pela CPI foi o do ex-deputado Luiz Afonso Sefer, que recebeu uma condenação de 20 anos de prisão por estupro de vulnerável. Ele foi acusado de adotar uma menina de 9 anos sob a falsa promessa de proporcionar-lhe trabalho. No entanto, apenas um dia após recebê-la na casa de sua família, os abusos sexuais tiveram início.
Em 2015, denunciou também que, na Ilha de Marajó, era comum crianças vulneráveis se oferecerem a balseiros, muitas vezes com o consentimentos da própria família:
“Uma mãe levava uma menina de 10 anos para uma dessas balsas. Na região, meninas que se chamam ‘balseiras’ no jargão normal. R$2,40 e um pequeno balde com vísceras de porco ou de boi, isso é que vale uma menina em algumas regiões do Marajó”, denunciou o padre ao canal de televisão mais popular no país.
As declarações repercutiram nacionalmente, colocando a vida do líder em risco:
“Eu sou consciente de que me podem matar, mas eu não posso tolerar mais que esse fenômeno tão triste aconteça diante da minha cara”.
Em 2023, Dom Azcona continuava na lista das três lideranças católicas ameaçadas por defenderem os Direitos Humanos. Em entrevista à CNBB, relatou que sentia medo:
“O medo tem me acompanhado durante anos. Às vezes, ao sair do meu quarto para me dirigir à capela, pensava que atrás da porta poderia estar o meu assassino. Durante meses, eu tive esse pensamento. No corredor entre o quarto e a capela tem uma sacada e eu pensava que naquela direção poderia ter um rifle apontado para mim. E, muitas vezes, andando pelo interior, muitas vezes, o pensamento da morte me acompanha[...]
E continuou:
“Eu tenho dito e dei este testemunho em Roma diante de mil sacerdotes em um retiro espiritual em São João de Latrão: “irmãos, não tenhais medo.
A Igreja está sendo chamada para o martírio, como nos tinha falado um bispo da Síria onde mulheres e homens tinham sido crucificados, adolescentes decapitados por não negarem a fé em Cristo. E é Cristo que nos está chamando para dar esse mesmo testemunho com a nossa vida. E nós, que somos os pastores, devemos ir em frente. Não tenham medo. Aqui vos fala alguém que é um covarde, que sou eu, mas que sabe que o Espírito Santo dá a força, a fortaleza e a coragem para enfrentar a morte [...]”
Autoridade internacionalmente reconhecido no combate ao tráfico humano e exploração sexual infanti, foi uma das poucas lideranças conservadoras a falar no Sínodo da Amazônia em 2019.
Em dezembro de 2023, a Nunciatura Apostólica pediu a saída do bispo da ilha. Após ampla mobilização popular, a instituição permitiu que ele continuasse vivendo lá.
Cidadãos de vários municípios, como Portel, Muaná, Breves e outros na região, fizeram abaixo-assinados pedindo que o bispo ficasse e continuasse o trabalho de toda a vida.
Dom José Azcona continua vivendo no mesmo estado em que se dedicou à luta contra alguns dos mais graves crimes da humanidade.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP