Paulo Salim Maluf nasceu em uma família abastada. Ele é filho de Salim Farah Maluf, um imigrante libanês que, na primeira metade do século XX, instalou seus comércios e indústrias na cidade de São Paulo. E, por parte de mãe, é neto do engenheiro e administrador, também de origem libanesa, Miguel Estéfano, dono de uma das maiores fortunas do estado de São Paulo nas décadas de 1930 e 1940.
Seguindo os passos do avô, Paulo Maluf também optou pela engenharia, cursando a Escola Politécnica na USP. Porém, a influência predominante na vida de Maluf foi a do ambiente corporativo. Logo após se graduar na faculdade, assumiu os pujantes negócios da família, conquistando prestígio no meio empresarial paulistano e a vice-presidência da Associação Comercial de São Paulo, em 1964.
Aproximando-se, na ocasião, de Delfim Netto, Ministro da Fazenda no governo do general Costa e Silva, Maluf foi indicado para presidir a Caixa Econômica Federal em 1967. Sob a gestão de Maluf, a Caixa Econômica Federal foi reinventada, passando a oferecer talão de cheque, a disponibilizar em suas agências o pagamento de contas e impostos e atingindo recordes históricos de financiamento.
Foi quando a cúpula do regime militar, enxergando em Maluf um administrador visionário, decidiu confiar a ele seu primeiro cargo político. Tendo Delfim Netto como grande fiador da indicação, Costa e Silva nomeia Maluf para o posto que se converteria em sua maior obsessão política até o fim de sua carreira: prefeito da cidade de São Paulo, com mandato de 1969 a 1971.
Para estrear na política, Maluf, então com 35 anos, se filiou ao Arena, o partido de sustentação da ditadura militar vigente no país. Até hoje, com 93 anos de idade, ele se mantém fiel ao partido de origem.
O Arena passou por reformulações ao longo das décadas, tendo se transformado em PDS e em PPR antes de assumir sua sigla atual, PP, mas nunca deixou de ter Paulo Maluf como um de seus membros mais influentes.
Em seu mandato inaugural, o engenheiro Paulo Maluf focou na construção de obras. Muitas, vistosas e caras obras viárias, que vão de dezenas de avenidas, pontes e viadutos até o Minhocão, originalmente batizado de Elevado Presidente Costa e Silva.
Além disso, presenteou, através de lei aprovada na Câmara dos Vereadores, os jogadores da seleção brasileira da Copa de 70 com fuscas. Ao deixar o cargo, foi rapidamente incorporado no governo do estado de São Paulo, comandado por Lauro Natel, para atuar como Secretário de Transportes, enquanto planejava um passo mais ambicioso em sua carreira: o de se tornar, ele próprio, governador.
Ciente de que não seria indicado para o cargo pelo então presidente, Ernesto Geisel, Maluf articulou sua candidatura no partido, incansavelmente visitando todos os 1.261 delegados que votariam na convenção do Arena para nomear o candidato único à eleição indireta para o governo de São Paulo. Superando o candidato de Geisel, o ex-governador Laudo Natel, Maluf assumiu o Palácio dos Bandeirantes em setembro de 1978.
Na nova gestão de Maluf, mais obras monumentais tiveram início em São Paulo, como o Aeroporto Internacional de Guarulhos, o Terminal Rodoviário Tietê, a Rodovia dos Trabalhadores (posteriormente renomeada como Rodovia Ayrton Senna), a Rodovia Mogi-Bertioga, a Ponte do Mar Pequeno, além de obras da Sabesp por todo o estado, expansão de linhas de metrô, cinco usinas hidrelétricas, o Instituto do Coração e o Hospital das Clínicas.
Nos anos seguintes, se aventurou em candidaturas para outros cargos, elegendo-se deputado federal em 1982 e concorrendo à presidência da República em 1985, a primeira eleição após a abertura política e a última realizada de maneira indireta.
Como candidato do antigo Arena, agora já convertido em PDS, Maluf foi derrotado no colégio eleitoral pelo candidato do PMDB, Tancredo Neves.
O início de sua trajetória em eleições diretas foi marcado por fracassos em seu próprio berço eleitoral. Foi candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo em 1986 e à prefeitura de São Paulo em 1988.
Em 1989, concorreu na primeira eleição direta à presidência da República após a redemocratização, enfrentando grandes nomes já consagrados ou em franca ascensão na política da Nova República, como Ulysses Guimarães, Fernando Collor, Lula, Mário Covas, Ronaldo Caiado e Leonel Brizola.
Leonel Brizola, em um dos mais antológicos confrontos dos debates televisionados entre presidenciáveis, se encarregou de lembrar Maluf que seu histórico de adesão ao regime militar não passaria impune.
O pleito, vencido por Collor, reservou a Maluf a quinta posição e o arrependimento por uma colocação infeliz que o perseguiu por muito tempo.
Apenas em 1992, Maluf conquistaria sua primeira vitória na era das eleições diretas, derrotando Eduardo Suplicy, do PT, na disputa pela prefeitura de São Paulo. Inaugurando obras e implementando programas como o Cingapura, que concedeu apartamentos em habitações populares a milhões de paulistanos, e o Leve Leite, que distribuiu leite a crianças da rede municipal de educação, seu mandato foi encerrado com o maior índice de aprovação da história da cidade: cerca de 93%.
Tão grandiosa quanto as obras realizadas por Maluf em São Paulo, é a lista de acusações de corrupção e superfaturamento envolvendo essas mesmas obras.
Em reportagem de junho de 2001, a Folha de São Paulo noticiou o bloqueio de pelo menos 200 milhões de dólares em contas de Paulo Maluf na ilha de Jersey, um paraíso fiscal que integra o Reino Unido, por suspeita de pagamentos irregulares de empresas brasileiras.
Em setembro de 2005, Paulo e seu filho Flávio Maluf passaram 40 dias presos por suspeita de intimidação do doleiro Vivaldo Alves, testemunha em uma investigação de suposta formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas de membros da família Maluf.
Até mesmo os fuscas bancados com dinheiro público para serem entregues aos campeões da Copa de 70 foram objeto de imbróglio judicial. Em março de 2010, teve seu nome incluído na difusão vermelha da Interpol, tornando-se procurado e correndo o risco de ser preso em 181 países.
Segundo a promotoria dos Estados Unidos, o montante de cerca de 11 milhões de dólares que Maluf mantinha no país era oriundo de desvios na construção de obras durante sua gestão na prefeitura de São Paulo entre 1993 e 1996.
Em 2014, foi selecionado como exemplo de corrupção em campanha da ONG Transparência Internacional. A página da campanha tratava Maluf pelo apelido “Mr. Kickback”, ou seja, “Senhor Propina”, e declarava que “Poucas pessoas podem afirmar que seu nome virou um verbo. Mas Paulo Maluf, um ex-prefeito de São Paulo que recebeu milhões de dólares em propina, pode”. Ainda segundo o texto, o neologismo “malufar” tem o significado de “roubar dinheiro público”.
São muitas outras acusações envolvendo Maluf que levaram, inclusive, à sua cassação como deputado federal.
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