"Para ser contrário ao aborto não é preciso defender a sua criminalização", afirmou o Ministro Luís Roberto Barroso na Brazil Conference em Harvard, no ano de 2019.
Para o atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, caso os homens engravidassem, a questão do aborto já estaria resolvida há muito tempo. O Ministro afirmou que o direito ao aborto é um direito da mulher à liberdade sexual e reprodutiva, à autonomia e também à igualdade.
As declarações de Barroso sobre o aborto se deram em abril de 2019, quando o ministro participou da Brazil Conference, em Harvard. As falas foram apuradas pelo Correio Braziliense.
"Se só a mulher engravida, para ela ser verdadeiramente igual ao homem ela tem que ter o direito de querer ou não querer engravidar", disse, então.
Na mesma conferência, o Ministro indicou que não gostaria de ser irresponsável de tratá-lo com superficialidade. "É um tema muito importante, que diz respeito à religiosidade e aos direitos fundamentais das mulheres", indicou Barroso, à época.
Para Barroso, o aborto é algo ruim e que é papel do Estado evitar que ele ocorra: "não é bom e deve ser evitado", ponderou.
Barroso lembrou que, segundo a Organização Mundial da Saúde, a criminalização do aborto não impacta o número de procedimentos em um país.
Em sua avaliação, as religiões têm direito de pregar contra não fazer, mas criminalizar o procedimento é uma forma autoritária e intolerante de lidar com o problema.
Concluindo sua fala na conferência, o Ministro afirmou que nenhum país desenvolvido do mundo criminaliza o aborto porque trata-se de uma má política.
O Ministro Luís Roberto Barroso assumiu na última quinta-feira (28) a Presidência do Supremo Tribunal Federal. Herdando a cadeira que a Ministra Rosa Weber ocupou nos últimos dois anos.
Como um de seus últimos atos como Ministra do STF, Rosa Weber colocou em pauta a votação da ADPF 442 que descriminaliza a prática do aborto até a 12ª semana de gestação.
A votação foi feita via plenário virtual da Corte. O modelo serviu para que Rosa Weber pudesse deixar seu voto registrado no julgamento. Mesmo com a aposentadoria, o próximo ministro que assumir sua cadeira não poderá alterar seu voto feito em plenário virtual.
Barroso pediu destaque do julgamento e levou a votação para o plenário físico - a pedido da própria Rosa, segundo o jornal Correio Braziliense.
A avaliação da ministra é que o tema aborto exige um debate mais aprofundado. No plenário virtual, os ministros depositam seus votos, mas não há uma discussão presencial.
Em seu posicionamento Rosa foi contundente e defendeu a descriminalização:
"A maternidade é escolha, não obrigação coercitiva. Impor a continuidade da gravidez, a despeito das particularidades que identificam a realidade experimentada pela gestante, representa forma de violência institucional contra a integridade física, psíquica e moral da mulher, colocando-a como instrumento a serviço das decisões do Estado e da sociedade, mas não suas", anotou em seu voto.
Com a votação suspensa, não há data para que o tema seja novamente pautado no plenário. Como o Ministro já demonstrou ser favorável ao aborto, o tema pode ser pautado por ele em seu exercício na presidência.
Diante do debate sobre o aborto no país, a Brasil Paralelo vem a público se pronunciar e revelar as nossas próximas ações. Assista a este vídeo até o final e saiba mais sobre a nossa mais nova produção:
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