Em uma carta aberta, 524 cidadãos belgas pediram a remoção de seus registros de batismo.
O grupo justifica sua decisão por se sentir “decepcionado” com comentários do papa Francisco sobre aborto e o papel da mulher na sociedade.
As falas aconteceram durante uma viagem do líder católico a Luxemburgo e à Bélgica no final do mês passado.
A carta menciona uma fala do Pontífice durante uma visita em homenagem aos 600 anos da Universidade Católica de Lovaina.
Na ocasião, o papa comentou que o significado ser mulher está além dos paradigmas ideológicos contemporâneos:
“O que caracteriza as mulheres, aquilo que é verdadeiramente feminino, não é estipulado por consenso ou ideologias, assim como a dignidade em si não é garantida por leis escritas no papel, mas por uma lei original escrita em nossos corações.”
Em seguida afirmou que:
“É feio quando uma mulher quer ser um homem; não, ela é uma mulher!”
Funcionários da universidade responderam aos comentários expressando-os como "deterministas e redutivos". Também alegaram "incompreensão e desaprovação da posição expressa pelo Papa em relação ao papel das mulheres na Igreja e na sociedade".
Outro ponto criticado pelos belgas foi o posicionamento do Pontífice sobre a questão do aborto.
No voo de volta para Roma, uma jornalista questionou um tributo feito ao rei Balduíno, conhecido por seus posicionamentos contrários à legalização do aborto.
Em resposta à repórter, o Papa afirmou que a realização do procedimento é equivalente a um homicídio e chamou os médicos que realizam a prática de matadores de aluguel:
“O aborto é assassinato. A ciência diz que, dentro de um mês após a concepção, todos os órgãos já estão presentes. Um ser humano é morto. E os médicos que se envolvem nisso são — permita-me dizer — assassinos de aluguel. Eles são assassinos de aluguel. Isso não pode ser contestado. Uma vida humana é tirada. As mulheres têm o direito de proteger a vida.”
Além das frases polêmicas, os belgas que assinaram a carta também alegaram que a Igreja teria dado uma resposta insuficiente a casos de abusos sexuais.
Durante a visita ao país, o Papa criticou publicamente as ocorrências, instruiu os bispos do país a tomarem medidas rígidas contra os abusadores e se reuniu com vítimas.
Esses fatores teriam motivado algumas organizações belgas a propagarem o movimento de “desbatismo”.
De acordo com a interpretação da Igreja Católica, seria impossível retirar o batismo, já que este deixaria uma “marca espiritual indelével”, segundo o Catecismo.
Apesar disso, os defensores do "desbatismo" exigem que seus nomes sejam apagados dos registros da Igreja.
Quando a instituição recebe uma demanda do tipo, normalmente o nome recebe uma nota no registro, mas não é apagado isso é feito para o caso de a pessoa desejar voltar atrás com sua decisão, já que o batismo só pode ser administrado uma vez.
Em alguns casos que aconteceram antes, as leis de proteção de dados da Europa foram ativadas contra a Igreja.
Os tribunais acionados chegaram a conclusões diferentes, deixando a questão sem um precedente jurídico claro.
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