A KGB foi o principal órgão de inteligência e segurança da União Soviética, atuando de 1954 até a dissolução da URSS em 1991.
Embora tenha sido oficialmente fundada na década de 1950, sua origem remonta à pré-Revolução Russa, em 1917, quando, a pedido de Lênin, foi criado o primeiro órgão com o objetivo de defender a causa revolucionária e punir seus inimigos.
Segundo o livro KGB: Infiltrações, Enganos e Assassinatos, de José Cicero Honorato, a organização era estruturada em cinco direções gerais:
“A primeira e mais importante abrangia várias subdireções, incluindo agentes infiltrados no exterior sob identidades falsas, setores científicos e técnicos, serviços de contraespionagem, além de unidades voltadas para ações específicas, como atentados, sequestros e assassinatos”.
Para atingir seus objetivos, a KGB contava com milhares de agentes e uma estrutura ampla e complexa, dedicada a defender a ideologia soviética e os interesses do Partido Comunista tanto dentro quanto fora das fronteiras da URSS, incluindo operações em países como o Brasil.
Neste artigo, você conhecerá a origem, o desenvolvimento e os objetivos do serviço secreto soviético.
Conheça agora a história da KGB, a polícia secreta da União Soviética.
Em 1917, às vésperas da Revolução Russa, foi criado um grupo por Felix Dzerjinsky, a pedido de Lênin, com o objetivo de identificar opositores à revolução. Esse grupo recebeu o nome de Cheka.
Em 30 de agosto de 1918, Moissei Ouritski, chefe da Cheka, foi assassinado em São Petersburgo. Em reação, a polícia soviética deu início ao chamado "Terror Vermelho", marcado pela perseguição e execução de indivíduos contrários aos ideais revolucionários.
O historiador Edvard Radzinsky, afirma em seu livro “Stalin: The First In-depth Biography Based on Explosive New Documents from Russia's Secret Archives”:
“Como reação 1.300 representantes da classe burguesa foram massacrados por destacamentos da tcheka dentro das prisões em Petrogrado e Kronstadt entre 31 de agosto e 4 de setembro. Quinhentos reféns foram executados imediatamente pelo governo comunista bolchevique após o assassinato de Uritsky”.
Em 1922, a Cheka foi sucedida pela GPU, criada pelo Partido Comunista, e posteriormente pela OGPU. Sob o governo de Stalin, a OGPU assumiu o controle total das operações de inteligência e segurança soviéticas.
Antes de se tornar a KGB, o serviço de inteligência soviético passou por várias mudanças de nome e liderança. Em 1948, quando era conhecido como NKGB (Comissariado do Povo para a Segurança do Estado), deixou de ser uma agência única e foi dividido em dois ministérios:
Em 1953, após a morte de Josef Stalin, o MVD foi incorporado ao MGB até serem dissolvidos em 1960.
No ano seguinte, em 1954, foi criada a KGB, que, segundo a Enciclopédia Britannica, tinha como propósito ser a "espada e escudo" do Partido Comunista.
No livro A KGB e a Desinformação Soviética, Ladislav Bittman resume a origem da KGB e a define nos seguintes termos:
“Ao longo dos anos, a CHEKA foi rebatizada diversas vezes; foi GPU, OGPU, NKVD, NKGB, MGB, e finalmente, KGB. Oficialmente subordinada ao Conselho dos Ministérios, mas controlada diretamente pelos líderes do Partido Comunista, a KGB é uma agência de inteligência, uma organização de contrainteligência e uma força policial de segurança interna, com suas próprias divisas militares uniformes”.
A KGB desenvolveu-se rapidamente e, além de lidar com questões internas, passou a atuar em políticas externas, com o objetivo de identificar e combater opositores aos interesses da URSS. Para isso, contava com milhares de membros.
Mais do que suas operações e missões, o que impressiona na KGB é o grande número de pessoas envolvidas na estrutura de inteligência soviética. Em seu livro, Ladislav Bittman apresenta a seguinte informação:
“De acordo com estimativas de organizações secretas americanas e do Ocidente Europeu, a KGB conta com aproximadamente 500 mil funcionários, dos quais acredita-se que 90 mil estejam diretamente envolvidos em trabalhos de inteligência”.
Em outro ponto trata sobre o orçamento da KGB:
“O Orçamento da KGB cresce a passos largos: estima-se que em 1977 a agência fosse orçada em 10 bilhões de dólares. Em contraste, os Estados Unidos, naquele mesmo ano, gastaram 7 bilhões com a CIA, a NSA e outros órgãos de inteligência combinados”.
O orçamento da polícia soviética era destinado à manutenção de uma estrutura ampla e complexa.
Ladislav Bittman escreve em seu livro:
“A KGB se divide em vários ‘diretórios’ cujo número e funções são mudados de tempos em tempos. O primeiro Diretório Principal, que soma aproximadamente 20 mil agentes, é responsável por inteligência internacional e ações secretas”.
No site Grey Dynamics, o historiador Ethan Lierens descreve uma estrutura de 10 diretorias que faziam parte da KGB. Segundo Lierens, essas informações não foram divulgadas pelos líderes soviéticos, mas chegaram ao público por meio de agentes que, assim como Bittman, desertaram do serviço.
Cada diretoria da KGB tinha a responsabilidade de cumprir missões específicas, alinhadas aos objetivos do governo soviético.
Entre os objetivos da KGB estavam a preservação do regime comunista e a expansão dos interesses e da influência soviética no mundo.
Segundo Ladislav Bittman, no livro A KGB e a Desinformação Soviética, desde 1917, os Estados Unidos eram considerados um alvo importante para a inteligência soviética. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, os EUA passaram a ser vistos como o "principal inimigo".
Bittman também lista sete objetivos soviéticos, baseados em sua experiência e em sua participação, em 1965, na formulação do plano de longo prazo para a Organização de Ação Socialista (OAS) da Tchecoslováquia, sob supervisão soviética:
“1 - Os Estados Unidos permanecem sendo o ‘principal inimigo’ e alvo maior. Enquanto tal, ele deve ser continuamente acusado de ser uma potência imperialista e neocolonialista que ameaça a paz mundial e o bem-estar económico das outras nações;
2- A Elite política soviética entende que a CIA é o instrumento mais importante da política externa americana. Como tal, ela deve ser paralisada tanto domesticamente como no estrangueiro, através das operações de desinformação;
3 - Diferentemente da desinformação política, que é - de maneira geral, mas não exclusiva - de responsabilidade da KGB, joguetes militares são coordenados em conjunto com o Estado Maior das Forças Armadas Soviéticas e a GRU.
4 - Mas o tipo militar de ação secreta vai além da disseminação de mensagens enganosas. Os objetivos ao longo prazo incluem
5 - Serviços de inteligência no bloco soviético se fiam em operações secretas e abertas nos assuntos domésticos americanos para:
6- O principal objetivo a longo prazo da guerra econômica e da desinformação soviética é privar a economia americana de recursos vitais à sua prosperidade e crescimento.
7 - No ínicio da década de 1950, a KGB e os serviços satélites criaram departamentos especiais para a coleta de informação científica e tecnológica no estrangeiro. um decênio mais tarde, os especialistas em desinformação deram um novo passo adiante e começaram a considerar os desenvolvimentos da desinformação científica e tecnológica a fim de:
Para cumprir seus objetivos, a KGB contava com um grande número de agentes designados para executar as diversas missões propostas por sua parte.
Entre os milhares de agentes que trabalharam para a KGB, dois se destacam:
Um ex-agente da inteligência soviética desertou para o Ocidente na década de 1970. Após escapar de seu posto na embaixada soviética na Índia, estabeleceu-se no Canadá.
Anos depois, já residindo nos Estados Unidos, compartilhou seu conhecimento sobre as técnicas de manipulação social utilizadas pela URSS.
Em uma palestra concedida pela Summit University em Los Angeles, Bezmenov descreveu um processo que ele chama de subversão ideológica, que consiste na implementação lenta e gradual de um plano de sabotagem cultural, dividido em quatro etapas:
O atual presidente da Rússia serviu por 15 anos na KGB, trabalhando nos dois principais diretórios do Comitê de Segurança do Estado soviético. Durante esse período, foi responsável pela vigilância de estrangeiros que viviam em Leningrado.
Em 1985, os líderes da KGB designaram Putin para trabalhar na Alemanha Ocidental. Com o fim da KGB e da URSS, ele passou a auxiliar o prefeito de São Petersburgo, iniciando sua carreira política, que mais tarde o levaria à presidência da Rússia.
Ex-KGB, czar e popular: quem é Vladimir Putin?
Segundo o economista polonês Leszek Pawłowicz, em entrevista à Brasil Paralelo para o filme 1964: O Brasil entre Armas e Livros, a KGB estava presente na embaixada da União Soviética em Brasília desde 1963.
Leszek Pawłowicz também afirma na entrevista que as operações da KGB na América Latina estavam inicialmente sob a responsabilidade da primeira diretoria principal, mas, devido à importância estratégica da região para os planos soviéticos, o controle foi transferido para a segunda diretoria nos anos 60.
Além de coletar informações, a KGB atuava diretamente na influência política, promovendo propaganda pró-comunista, fomentando movimentos de guerrilha e incentivando protestos e revoluções.
Nikita Khrushchev usou a KGB como uma frente de batalha na Guerra Fria para “enterrar os Estados Unidos”, que, segundo Ladislav Bittman em seu livro, era considerado o principal inimigo da União Soviética.
Nesta luta por influência global, os países emergentes se tornaram alvos das operações dos serviços secretos soviéticos, e entre eles estava o Brasil.
Entenda a influência da KGB na história da ditadura militar no Brasil assistindo ao filme 1964: O Brasil entre Armas e Livros.
1964 - O Brasil entre armas e livros (FILME COMPLETO)
Quando a União Soviética foi dissolvida em 1991, após a tentativa frustrada de golpe de estado liderada por Vladimir Kryuchkov, presidente do KGB, para depor o presidente Mikhail Gorbachev, também chegou ao fim a polícia secreta soviética.
Com o fim da URSS, o KGB passou a ser controlado pela Rússia e, mais tarde, foi desmembrado em dois setores:
Após a queda da União Soviética, cada país que fazia parte do bloco soviético instituiu seus próprios comitês de inteligência e segurança. A Bielorrússia, por sua vez, manteve a tradição e, em 1991, fundou o KGB da Bielorrússia, adotando o mesmo nome e símbolos da antiga KGB soviética.
A Brasil Paralelo é uma empresa de entretenimento e educação cujo propósito é resgatar bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. Em sua história, a empresa já produziu documentários, filmes, programas e cursos sobre história, filosofia, economia, educação, política, artes e atualidades.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP