Na quinta-feira, dia 10 de abril, a atriz concedeu entrevista à Rede Globo em que disse que tirar o aborto da trama era impossível. Também negou que pretendia abordar política ou mesmo polarização na trama. Procurada pelo Estadão, a rede globo não se manifestou.
Em um anúncio que pegou o público de surpresa, Gloria Perez, uma das maiores autoras da teledramaturgia brasileira, confirmou o fim de sua parceria de mais de 40 anos com a TV Globo.
O motivo foi a rejeição de sua nova novela, Rosa dos Ventos (título provisório), que abordava o delicado tema do aborto forçado e as ambições políticas de uma mulher.
Desde então, especulações e versões da sinopse inundaram a imprensa e as redes sociais.
Ao conceder entrevista ao Estadão, Perez esclareceu os detalhes da trama e os bastidores do rompimento, que ela descreveu como amigável.
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A novela estava planejada para substituir o remake de Vale Tudo no horário nobre de 2026, mas a Globo considerou o enredo sensível, especialmente por tratar do aborto.
“Eles sugeriram que eu removesse o aborto da narrativa, mas isso era impraticável. O aborto é o cerne da história, tudo gira em torno dele, todas as tramas secundárias estão conectadas. Retirá-lo seria como tirar o coração da novela”, explicou Perez.
A emissora propôs uma extensão de contrato para que ela desenvolvesse outra história, a ser exibida após Três Graças, de Aguinaldo Silva, mas a autora recusou:
“O contrato era para Rosa dos Ventos, que entraria após Vale Tudo. Com o cancelamento, ofereceram uma extensão para criar outra trama, mas optei por não aceitar. Também recebi a proposta de desenvolver uma nova sinopse para entrar depois do Aguinaldo (Silva), mas preferi não seguir. Tudo foi resolvido de forma amigável”.
Na trama, Mabel (Giovanna Antonelli), casada com o empresário Murilo (Murilo Benício), decide se candidatar a um cargo legislativo no Rio Grande do Sul, onde ele tem negócios. Para se adaptar à cultura local, contrata uma assessora (Sheron Menezzes).
Ela justificou a escolha do estado do Rio Grande do Sul:
“Porque as empresas do marido estão lá, é o lugar fora do eixo Rio-São Paulo a que ela teria mais acesso. Até porque Mabel não é uma política. Quer vir a ser, mas não é. Só pode contar com a posição do marido naquela sociedade para se tornar conhecida. E por que o Rio Grande do Sul como cenário? Pela riquíssima diversidade cultural e porque é uma paisagem belíssima e muito pouco explorada pela dramaturgia. A região escolhida seria a dos cânions”, justificou.
Então, Murilo se envolve com Cibele (Grazi Massafera), uma ex-miss que trabalha como balconista e logo engravida. Ele então enfrenta um dilema:
“A novela conta a história de uma mulher que teve um começo promissor como modelo (Grazi Massafera). Nessa fase, tem um fã ardoroso (Murilo Benício), que a reencontra (nunca tinham se falado antes) como balconista de loja. Ele fica encantado diante daquela que foi sua musa um dia. E ela encantada por se ver de novo olhada como a musa que foi”.
O conflito central surge quando Murilo pressiona Cibele a abortar:
“Cibele fica grávida e Murilo exige que ela faça o aborto. Quer continuar o caso, mas não admite o filho, que traria transtorno para sua vida pessoal e enterraria de vez os planos de Mabel, ao envolvê-la num escândalo. Entram em conflito e, quando ele percebe que Cibele está mesmo disposta a levar a gravidez adiante, simula um encontro de reconciliação, no qual ela é dopada e o aborto é feito”.
Revoltada, Cibele busca vingança contra o herdeiro de Murilo (Rômulo Estrela), que contrata uma guarda-costas (Isis Valverde), com quem forma um par romântico.
“Como nas histórias de gato e rato, de implicância em implicância, os dois se apaixonam”, descreveu.
Perez enfatizou que a novela não abordaria política de forma partidária:
“Nenhuma chance de falar de política, de mostrar comícios, reuniões de partido, de apostar em polarizações. Não existe sequer uma única personagem que seja um político na novela: eu não divido plateia, eu uno.”
O aborto, por sua vez, visava destacar a violência contra mulheres.
“A intenção foi jogar um foco sobre essa forma de violência contra as mulheres. São casos muito comuns, que costumam terminar em assassinato. A toda hora estamos vendo na mídia”.
A Globo, no entanto, pediu que o tema fosse descartado.
“Pediu que contornasse, descartando o aborto. Era impossível atender: o aborto é o ponto de partida da história, tudo o mais ocorre a partir dele, todas as tramas paralelas se relacionam a ele. Tirar o aborto era tirar o macaco do King Kong”, reforçou.
A autora não poderá levar a trama a outras emissoras, pois a Globo reteve a sinopse.
“Não posso. A Globo não me devolveu a sinopse e está no seu direito. Isso já me ocorreu em Barriga de Aluguel (nos anos 1980): fui para a Manchete certa de que a faria lá, mas, como não liberaram, imaginei outra história. E escrevi Carmem”, recordou.
Apesar do fim da parceria, Perez mantém gratidão pela emissora:
“Tenho e sempre terei os melhores sentimentos e a maior gratidão pela TV Globo. Foi ali que fiz minha carreira, foi ali que consolidei uma assinatura na dramaturgia brasileira”.
Procurada, a Globo não se manifestou sobre a rescisão do contrato de Glória Perez.
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