“Eu imaginei que morreria como uma judia no Holocausto”. Conheça a brasileira que sobreviveu ao ataque do Hamas

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De repente, eles escutaram tiros vindos do lado de fora. Uma quantidade muito grande de pessoas começou a entrar no bunker. Eram mais de 40 em um espaço de lotação máxima para 12. 

“Eles jogaram a primeira granada de gás para dentro do bunker”, disse Rafaela, referindo-se aos terroristas. “Eles jogaram outra e mais uma, e equipamento de aquecimento, umas bombas que aquecem o ambiente para as pessoas saírem”.

A sensação descrita pelas vítimas era de estarem “cozinhando”. Aqueles que se mexiam, eram rapidamente executados a tiros pelos terroristas. Na entrada do bunker, o Hamas construiu uma fogueira para queimar os corpos, o que fazia a fumaça entrar no local e sufocar as poucas pessoas ainda vivas.

“Nossa, eu vou morrer como uma judia no Holocausto”, era a única coisa que Rafaela pensava, “A minha infância inteira como judia, você escuta sobre o Holocausto. Você se encontra num espaço pequeno, com gás, cheio de judeus… a primeira coisa que vai na tua cabeça é isso.”

Seu namorado morreu tentando salvá-los. 

“Ele falou para mim que queria mudar alguma coisa, precisava tentar combater isso de alguma maneira”, disse Rafaela, “Eu não o vi mais lá dentro”.

Em um ato de desespero, Ranani se levantou e tentou contra-atacar os terroristas. Como ex-militar, ele sentiu que aquela seria a única chance. Disse que se fosse para morrer, que morreria tentando. Desarmado, foi neutralizado pelo Hamas. Dentro do bunker, o pesadelo de Rafaela continuava. 

“Desmaiava e acordava… e era tipo o mesmo ciclo, eu desmaiava e acordava”, contou a moça sobre sua situação no Bunker, “xingava Deus por não me levar ainda, porque eu já estava numa agonia absurda, eu só queria morrer rápido”.

Ela disse que ficou cinco horas nessa situação, até que um homem entrou no bunker perguntando quem ainda estava vivo. Ela se levantou e, neste momento, congelou ao ver que estava cercada por corpos. O homem a socorreu, era um militar de Israel. Ela foi levada para a parte de trás do bunker onde encontrou seu irmão, Rafael. Então, viu o corpo de seu namorado: 

“No primeiro momento, eu não quis acreditar que vi o corpo do Ranani”, afirmou, lembrando que apenas 10 pessoas sobreviveram:

“Todo mundo que morreu dentro do bunker estava extremamente ferido, mas, ironicamente, os que saíram vivos não tomaram nenhum tiro.” 

Ao lembrar de Ranani, Rafaela disse:

“Ele havia me prometido uma história de amor. Ele me deu uma história de amor”.

Rafaela foi uma das sobreviventes do 07 de outubro que concedeu entrevista para o novo filme da Brasil Paralelo. From the River to the Sea busca entender a realidade da guerra a partir de entrevistas com pessoas que vivem o conflito na pele. 

São autoridades religiosas, militares, civis e professores, tanto da Palestina quanto de Israel, que concederam impactantes depoimentos pela produção. 

Essa é uma oportunidade para você aprender sobre uma das guerras mais complexas da história, que ainda hoje faz milhares de vítimas. 

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