O último debate televisivo na Rede Globo foi marcante pela adoção de um tom mais moderado e propositivo. Foi realizado nesta quinta-feira, 3 de setembro.
O debate é tradicionalmente um dos momentos mais importantes da reta final das eleições, reunindo milhões de telespectadores e influenciando os votos de eleitores indecisos.
Estiveram no debate os candidatos:
Embora cada um implemente estratégias distintas, o embate entre eles no palco da Globo é uma oportunidade crucial para que consolidem suas posições e ganhem força nos últimos dias de campanha.
Um dos focos de tensão na reta final é a crise que se desenrolou entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o candidato Pablo Marçal e o atual prefeito Ricardo Nunes.
Bolsonaro, inicialmente, apoiou Nunes, mas sua relação com o atual prefeito enfraqueceu nas últimas semanas.
Enquanto isso, Marçal conquistou o apoio de figuras importantes da direita, gerando um clima de desconforto entre as lideranças do bloco.
Bolsonaro evitou entrar diretamente em confrontos públicos com Marçal, mas, nos bastidores, o ex-presidente também teceu críticas ao influenciador. A situação foi agravada após Marçal ter conseguido atrair o apoio de aliados importantes, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Nos últimos dias, o entorno de Bolsonaro tem demonstrado apreensão com a ascensão de Marçal. Apesar de Bolsonaro ter ironizado o candidato em uma de suas lives recentes, o ex-presidente se absteve de envolvimento direto, preferindo concentrar seus esforços em campanhas no Rio de Janeiro.
A expectativa era de que Bolsonaro fizesse uma intervenção mais clara em favor de Nunes, principalmente junto à base evangélica, mas isso não ocorreu até o momento.
Nos últimos dias, o presidente de honra do PL procurou aliados que têm manifestado apoio a Pablo Marçal, solicitando que diminuam o ritmo de suas campanhas.
Embora tenha ressaltado que cada um tem total independência para apoiar quem bem entender, Bolsonaro fez um apelo para que esses parlamentares deem uma "segurada" nesta reta final.
O objetivo é evitar desgastes excessivos à imagem de Ricardo Nunes, que conta com o apoio do ex-presidente e representa um alinhamento estratégico importante.
Além das intervenções de Bolsonaro, a campanha de Ricardo Nunes busca reforçar suas realizações à frente da prefeitura e a parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como um dos principais fiadores de sua reeleição.
O ex-ministro da Infraestrutura tem sido figura frequente nas propagandas eleitorais do emedebista. Em umas das inserções, Tarcísio aparece pedindo voto em Nunes e afirma que “quem vota no Marçal elege o Boulos”.
O entorno de Nunes espera que o apoio de Tarcísio e a narrativa de "continuidade das obras" sejam suficientes para manter sua posição competitiva.
No entanto, a dificuldade de assegurar um apoio mais robusto de Bolsonaro e figuras como Silas Malafaia tem criado dúvidas sobre sua capacidade de atrair votos dos eleitores que tendem a escolher Marçal.
Pablo Marçal tem aproveitado a oportunidade de se apresentar como um candidato "fora do sistema". Ao longo do pleito eleitoral ficou conhecido pela retórica incisiva.
Sua campanha se fortaleceu aos poucos, junto ao público desiludido com a política tradicional e mais conservadores. Marçal procura se posicionar como um gestor capacitado, e protagoniza confrontos com seus rivais.
Nos bastidores, há sinais de que Marçal está se beneficiando de um "voto envergonhado".
Grande parte de seu público são os eleitores de Bolsonaro que não veem em Nunes um candidato que os represente completamente. Ao mesmo tempo, o ex-coach evita o embate direto com Bolsonaro para não aumentar sua rejeição, mas a divisão entre as alas conservadoras se aprofunda à medida que as eleições se aproximam.
Enquanto Nunes e Marçal disputam os votos da direita, Guilherme Boulos e Tabata Amaral buscam se posicionar como alternativas viáveis para o segundo turno. A campanha de Boulos aposta em uma estratégia de diálogo com eleitores indecisos e em seu histórico de atuação social.
O candidato do PSOL tem tentado suavizar sua imagem de radical e busca atrair votos entre as classes populares, mas enfrenta dificuldades para conquistar parte do eleitorado de esquerda que ainda não o vê como uma opção viável.
A campanha do psolista esperava uma participação mais ativa do presidente Lula durante o pleito, mas isso não se concretizou. O baixo engajamento de Lula em campanhas eleitorais gerou insatisfações não apenas em São Paulo, mas em diversas regiões do Brasil.
Interlocutores atribuem o desempenho abaixo do esperado da esquerda à ausência de Lula nas campanhas, e as críticas se intensificaram após o presidente optar por comparecer à posse da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
Tabata representa a esquerda, mas não conta com o apoio de Lula. Ela tem crescido exponencialmente nas pesquisas, chegando a ultrapassar Datena em alguns levantamentos.
Sua campanha aposta em uma combinação de propostas concretas e ataques pontuais aos adversários, especialmente Marçal, com quem tem trocado farpas nos últimos dias. A deputada também enxerga o debate da Globo como sua "grande chance" de se consolidar como uma candidata competitiva e alavancar uma arrancada rumo ao segundo turno.
Com a temperatura subindo nos bastidores e as campanhas intensificando suas estratégias para conquistar os eleitores indecisos, o debate desta quinta-feira pode ser decisivo. As campanhas de Nunes, Boulos, Tabata e Marçal sabem que o embate televisivo tem o potencial de alterar o cenário eleitoral e redefinir o jogo na reta final.
Enquanto isso, a expectativa é de que a divisão entre eleitores conservadores, impulsionado pela disputa entre Marçal e Nunes, continue a gerar desdobramentos até o último minuto da campanha.
Ao que tudo indica, a eleição em São Paulo ainda está longe de ser definida, e o resultado deste domingo permanece imprevisível, com o debate da Globo sendo o principal palco de mudança de jogo.
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