Das 26 capitais que foram às urnas no último domingo, em 17 delas, candidatos conservadores venceram no primeiro turno ou avançaram para o segundo. A performance dos conservadores nas capitais do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste confirmou o fortalecimento do campo conservador.
Em São Paulo, maior cidade do país, a disputa será decidida no segundo turno entre o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
O candidato que representa a esquerda conquistou uma votação expressiva com o apoio da ex-prefeita petista Marta Suplicy, sua candidata à vice.
Nunes era o candidato oficialmente apoiado por Bolsonaro e terminou com 29,4% dos votos. Boulos terminou com 29%, comprovando o nível de competitividade da eleição paulistana.
No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) garantiu a reeleição no primeiro turno com 60,5% dos votos.
Paes é um político considerado com “recall”, ou seja, é alto nível de conhecimento por sua longa carreira política. O candidato disputou com Alexandre Ramagem (PL), deputado federal e diretamente apoiado por Bolsonaro, que conqquistou 30,8% dos votos, uma porcentagem significativa, mas insuficiente para derrotar a veterano Paes.
Apesar do apoio, a participação do presidente na campanha foi discreta. Em julho deste ano, a relação entre Ramagem e Bolsonaro enfrentou um desgaste. Veio à tona a gravação de uma suposta reunião em que ele, o ex-presidente e o general Augusto Heleno discutiam sanções a auditores da Receita Federal. Os servidores teriam atuado no caso “da rachadinha”, que envolvia o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Realizada por Ramagem, a gravação foi interceptada pela Polícia Federal e deu origem ao caso denominado “Abin Paralela”.
Segundo o jornalismo de bastidores, o apoio do ex-presidente foi mantido com base na incisiva articulação dos filhos, principalmente de Flávio.
Belo Horizonte também será palco de um segundo turno. O deputado estadual Bruno Engler (PL), representante da direita, liderou com 34,3% dos votos e enfrentará o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), que conquistou 26,5%.
A disputa na capital mineira registrou um crescimento do conservadorismo, com os principais nomes da esquerda, como Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT), ficando fora da disputa para a prefeitura após um desempenho modesto.
Para parlamentares da direita, os resultados do primeiro turno são um indicativo claro de que a direita está consolidando sua presença nas capitais, projetando uma posição mais robusta para as eleições nacionais em 2026.
O deputado federal Rodrigo Valadares (União-SE) destacou o avanço conservador, apontando a importância dessa vitória para o futuro político do país.
“O que vimos hoje é apenas o começo. O Brasil está caminhando rumo a um futuro mais promissor, onde os valores cristãos, a liberdade econômica e o respeito à vida e à propriedade serão cada vez mais defendidos. A direita está mais forte do que nunca, e vamos continuar a avançar”, apontou Valadares.
Já a deputada Rosângela Moro (União-SP) destacou o desempenho da direita e destacou que “nem o apoio direto de Lula” foi suficiente para que a esquerda tivesse um bom desempenho.
"Nem o apoio direto de Lula, com liberação de muita verba para os candidatos aliados, foi capaz de garantir um bom resultado para os partidos de esquerda nas eleições municipais. A direita ganhou na maioria das capitais e municípios”, destacou a parlamentar.
A participação de Lula nas eleições municipais de 2024 foi um ponto que gerou questionamentos e insatisfações entre seus aliados. Internamente, diversas críticas surgiram dentro do próprio campo da esquerda, com candidatos alegando que o presidente não esteve tão presente nas campanhas quanto o esperado.
A ausência presidencial teria contribuído para o fraco desempenho dos partidos aliados em várias regiões, particularmente em estados onde a presença e o apoio mais ativo de Lula poderiam ter sido decisivos para reverter resultados desfavoráveis. Esse afastamento, segundo fontes internas, gerou frustração entre lideranças que contavam com um engajamento maior.
A presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), demonstrou otimismo com o desempenho do partido. Para ela, o resultado do primeiro turno mostrou a resiliência do PT e sua recuperação em comparação com eleições anteriores, como as de 2020.
“Considero positivo o balanço desse processo eleitoral para o PT [...] Nós já tínhamos avaliado que iríamos nos sair melhor do que saímos em 2020, que foi uma eleição muito difícil para nós. Aliás, a eleição de 2016 foi difícil, a de 2020 foi difícil e agora a de 2024 mostra um processo de reconstrução do PT no processo eleitoral local, o que é muito importante”, disse Gleisi. O partido conquistou 248 prefeituras e mantém candidatos no segundo turno em cidades importantes, como Porto Alegre e Fortaleza.
O presidente do PSD e cacique do Centrão, Gilberto Kassab, também ofereceu sua análise dos resultados. Para ele, o centro foi o grande vencedor dessas eleições. “O centro venceu. A polarização, não”, afirmou Kassab. “O centro está maior do que a direita, inclusive. E os personagens que saíram maiores, por exemplo, o Tarcísio de Freitas, são personagens que ampliam, não que cerram fileiras”, complementou.
No Nordeste, tradicional reduto da esquerda, os candidatos da direita também surpreenderam.
No Sul:
Esses resultados configuram um cenário nacional em que a direita se mostra mais organizada e forte do que nas eleições municipais anteriores. Ao final da eleição, a direita cresceu, enquanto a esquerda, embora com algumas vitórias significativas, enfrenta desafios para voltar a ocupar espaços perdidos.
O segundo turno promete ser tão disputado quanto o primeiro, com estratégias de articulação e alianças decisivas para o desfecho final.
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