A detenção do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) na tarde da última sexta-feira, 20 de setembro, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) gerou grande repercussão, intensificando o debate sobre a atuação das forças de segurança em manifestações estudantis e o limite da imunidade parlamentar.
Glauber estava presente na universidade apoiando um pequeno grupo de estudantes que ocupam o campus há mais de 60 dias. Os manifestantes pleiteiam a manutenção de benefícios estudantis, alguns dos quais concedidos no período da pandemia de COVID-19. A ação policial aconteceu após uma decisão judicial que determinava a desocupação imediata do local.
A operação foi realizada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que utilizou spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Durante a ação, Glauber tentou atuar como mediador entre os estudantes e a polícia, mas foi levado junto com outros detidos após confrontar as forças policiais.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o deputado é escoltado por agentes, enquanto manifestantes protestavam nas ruas próximas, bloqueando avenidas e ateando fogo em objetos.
Os estudantes reivindicavam a manutenção dos auxílios estudantis cortados após a implementação de novas regras de elegibilidade, que excluíram milhares de beneficiários. Eles ocupam a reitoria e outros prédios da UERJ desde julho, em um ato que ganhou força após a decisão da reitoria de alterar os critérios das bolsas oferecidas pela instituição, com forte impacto nos alunos de baixa renda.
Deputado Glauber Braga (PSOL) sendo detido. Imagem: TV Florida USA.
A reitora da universidade, Gulnar Azevedo, afirmou que a ocupação prejudicava a retomada das aulas e a segurança dos prédios, o que levou à ação judicial para reintegração de posse.
A detenção de Glauber Braga (PSOL-RJ) reacende também outra frente de tensão: o processo de cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados. O parlamentar enfrenta um processo no Conselho de Ética por quebra de decoro, relacionado a um incidente anterior em que foi acusado de agredir um ativista durante uma discussão política. O processo avança, e há especulações sobre uma possível perda de mandato, o que coloca o parlamentar fluminense em uma situação ainda mais delicada diante de seus pares no Congresso.
Diversas figuras políticas manifestaram-se sobre o ocorrido, intensificando o debate em torno dos limites da atuação parlamentar em situações assim. O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou a resposta da universidade e da polícia, destacando a necessidade de diálogo.
“É revoltante o que aconteceu agora na UERJ. A reitoria chamou a polícia contra uma ocupação e estudantes, jornalistas e o deputado Glauber Braga foram detidos. Toda nossa solidariedade a quem luta por direitos, e um apelo para que essa situação de cortes de bolsas seja resolvida com diálogo, repactuando todos os setores para que, juntos, cobrem o governo do Estado. Polícia e Universidade não combinam. Universidade e falta de comunicação também não”, disse Alencar.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, também se posicionou de forma contundente, apontando para o que considera uma detenção ilegal e criticando o governo do estado do Rio de Janeiro.
“Ao defender os estudantes da UERJ que estavam sendo ameaçados e agredidos pela Tropa de Choque (que pela primeira vez na história entrou na UERJ), o deputado federal Glauber Braga foi detido. Os estudantes participavam de uma ocupação na universidade, lutando contra cortes no orçamento da política de permanência estudantil destinada a estudantes pobres. Glauber está sendo levado junto com mais 3 estudantes nessa reintegração de posse absurda. É uma detenção ilegal, já que um deputado federal só pode ser detido em flagrante por crime inafiançável. Assim funciona o autoritarismo e a truculência de Cláudio Castro e da reitoria da UERJ. Lutar não é crime. Abaixo o autoritarismo e a repressão”, afirmou Sâmia.
Enquanto membros do PSOL demonstram solidariedade ao deputado e aos estudantes, outros parlamentares veem a situação de forma diferente. O deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) aproveitou o incidente para reforçar sua posição contrária ao parlamentar do PSOL, destacando o processo de cassação que Glauber enfrenta no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
"Um deputado que agride fisicamente um cidadão e desrespeita a polícia não tem lugar no Parlamento. Ele já está com o mandato em risco no Conselho de Ética, e, pelo bem da democracia, será cassado em breve", destacou Gonçalves.
Na mesma linha, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) foi enfático ao apoiar a ação policial. "Glauber Braga, deputado federal, defensor da liberação das drogas, invasor de propriedade e ativista da liberação das drogas ficou muito bem preso. Parabéns, PM-RJ", declarou .
Ainda sem uma resolução definitiva sobre a situação, a detenção de Glauber Braga coloca em evidência questões como os aclamados direitos estudantis versus prejuízos causados às atividades universitárias. Também cabe discussão sobre os limites de atuação parlamentar
Nos próximos dias, tanto a Câmara quanto a Justiça fluminense deverão ser palco de novos capítulos envolvendo o deputado, cuja trajetória política parece estar no centro de uma encruzilhada, seja pelas tensões no Congresso, seja pela crescente pressão nas ruas.
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