Fernando Collor foi preso pela Polícia Federal na madrugada desta sexta-feira (23), em Maceió (AL), enquanto se preparava para viajar a Brasília para se entregar.
A ordem de prisão imediata partiu do ministro Alexandre de Moraes, após acabarem os recursos contra a condenação de Collor a 8 anos e 10 meses de prisão.
A condenação aconteceu por causa de um esquema de corrupção na BR Distribuidora, investigado pela Operação Lava-Jato. Collor deve ser transferido para cumprir pena em Brasília.
Segundo a investigação, o ex-presidente recebeu mais de R$20 milhões em vantagens indevidas após usar sua influência política para viabilizar contratos entre a BR Distribuidora e a empreiteira UTC Engenharia.
Os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos também foram condenados no caso.
Moraes determinou a prisão após rejeitar o último recurso da defesa, considerando-o apenas uma estratégia para ganhar tempo. O plenário do STF ainda deve analisar a decisão da prisão imediata.
O nome de Collor é associado à corrupção desde o processo de impeachment que abalou o Brasil em 1992, apenas dois anos após sua posse como primeiro presidente eleito por voto direto depois do regime militar.
A crise explodiu em maio de 1992 após denúncias feitas por seu próprio irmão, Pedro Collor.
Ele acusou o amigo e ex-tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias, de comandar um esquema de corrupção dentro do governo.
PC Farias tinha influência sobre ministérios, órgãos do governo e setores estratégicos, controlando decisões e contratos públicos.
O tesoureiro intermediava negócios, favores e nomeações em troca de propina, dizendo agir em nome do presidente.
Empresários então pagavam para obter vantagens em contratos, nomeações e decisões do governo.
O dinheiro arrecadado com propinas e desviado dos cofres públicos era movimentado por meio de contas bancárias em nome de laranjas ou empresas fantasmas.
PC Farias indicava funcionários e manipulava documentos para facilitar o desvio de recursos.
Essas contas eram usadas para pagar despesas pessoais do presidente Collor e de sua família, como as da famosa residência particular, a Casa da Dinda.
Após as denúncias, o Congresso instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso.
As investigações avançaram com depoimentos como o do motorista Eriberto França, confirmando que contas da Casa da Dinda, eram pagas com dinheiro repassado por PC Farias.
A indignação popular cresceu rapidamente. Milhares de jovens, conhecidos como "caras-pintadas", tomaram as ruas em grandes manifestações exigindo "Fora, Collor".
Em uma sessão histórica na Câmara dos Deputados, transmitida ao vivo, 411 parlamentares autorizaram que o Senado Federal abrisse o processo de impeachment contra o presidente.
Collor foi formalmente afastado do cargo em 2 de outubro, e seu vice, Itamar Franco, assumiu interinamente.
O processo seguiu para o Senado. Tremendo uma condenação, que o tornaria inelegível por oito anos, Collor renunciou antes da votação.
Apesar da renúncia, o Senado prosseguiu com o julgamento e cassou seus direitos políticos. Itamar Franco foi efetivado no cargo.
Fernando Collor foi absolvido pelo STF das acusações de corrupção passiva no esquema PC Farias em dezembro de 1994.
Na época, a maioria dos ministros entendeu que não havia provas suficientes ligando diretamente o ex-presidente aos crimes cometidos por PC Farias.
O tesoureiro foi assassinado junto com a namorada em 1996, o crime nunca totalmente esclarecido.
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Após cumprir o período de inelegibilidade, Collor retornou à política, sendo eleito senador por Alagoas.
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