O The Guardian descreveu a operação como "deportações secretas".
Seiscentos brasileiros foram deportados do Reino Unido. A informação foi revelada neste domingo, 1º de dezembro, pelo jornal britânico The Guardian. A ação fez partedo endurencimento de regras imigratórias no país, visando controlar a entrada ilegal de pessoas.
O Itamaraty enviou uma nota a vários veículos de comunicação afirmando que todos retornaram voluntariamente ao Brasil. O ministério também negou os “voos secretos”, alegando que tudo foi feito com o conhecimento das autoridades.
De acordo com a pasta, as viagens fazem parte do Programa de Retorno Voluntário (VRS), coordenado pelo Departamento do Interior Britânico.
A iniciativa inclui passagens aéreas e suporte financeiro de até 3 mil libras para ilegais que desejam retornar à sua terra natal.
O projeto visa facilitar a saída de ilegais do Reino Unido, sendo os brasileiros um dos grupos que mais aderiram, ficando atrás apenas de albaneses e indianos.
Em nota enviada à Brasil Paralelo, o Itamaraty informou que "o Reino Unido propôs organizar voos de retorno voluntário ao Brasil, por companhias aéreas comerciais, para brasileiros inscritos no Programa de Retorno Voluntário (Voluntary Returns Service – VRS, em sua sigla em inglês), mantido pelo “Home Office".
"É importante esclarecer que não se trata de deportação, e sim de decisão voluntária dos participantes de aderir à iniciativa britânica.O processo de retorno voluntário proposto pelo Reino Unido coaduna-se com os princípios da assistência consular brasileira que, em casos específicos, também financia a viagem de brasileiros em situações de desvalimento no exterior, além de contar com parceira de natureza semelhante com a Organização Internacional para Migrações (OIM). O consentimento brasileiro ao programa baseia-se no requisito de que a participação dos nacionais é voluntária e poderá ser revisto, a qualquer tempo, caso esses termos sejam alterados", diz o texto do ministério.
Entre agosto e setembro deste ano, mais de 600 brasileiros foram repatriados em três voos partindo de Londres. Entre eles estão 109 crianças.
Até junho de 2020, 1.180.000 pessoas imigraram para o Reino Unido com planos de ficar por pelo menos um ano, enquanto cerca de 508.000 deixaram o país.
Conforme relata a BBC, o saldo migratório do Reino Unido foi de 672 mil até junho de 2023. O número representa uma queda brusca em relação ao mesmo período de 2022, quando o saldo entre imigrantes que chegaram e partiram alcançou 745 mil pessoas.
Atualmente, cerca de 230 mil brasileiros residem no país, formando a segunda maior comunidade brasileira na Europa, atrás apenas de Portugal, que abriga 513 mil pessoas.
Para muitos deles, viver e trabalhar na Inglaterra é um sonho, mas a realidade pode ser bem diferente.
Em outubro, a BBC News Brasil destacou as condições precárias enfrentadas por muitos brasileiros no país. Alguns chegaram a viver em acampamentos, descrevendo o sonho de uma vida melhor como uma "ilusão".
Uma delas é Célia Costa, de 45 anos. Ela hoje mora em um trailer, o que descreve como uma grande economia. No entanto, sofre com o frio do inverno.
"Não existe esse negócio de ir para outro país e enriquecer, é uma ilusão. Existem dificuldades assim como no Brasil."
O elevado custo de vida representa um dos maiores desafios. Em 2022, uma intensa crise econômica impulsionou a inflação para níveis superiores a 10%, agravando-se em 2023 com uma severa recessão.
Com isso, os preços de alimentos, energia e principalmente aluguéis subiram 8,4% em um ano.
No dia 28 de novembro o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu reduzir o número de migrantes no país. Em entrevista coletiva, ele relatou que a ideia é atender a demanda dos cidadãos.
A CNN informou que uma parcela considerável dos britânicos está preocupada com a sobrecarga nos serviços públicos, como o de saúde. Starmer culpou o Brexit pela situação.
De acordo com ele, a saída do Reino Unido da União Europeia em 2016 tornou a Grã-Bretanha um “experimento de uma nação com fronteiras abertas”.
Para inverter a situação, o governo pretende controlar o número de empregados estrangeiros nas empresas através de um sistema de pontos.
O projeto foi estabelecido em 2021, após o Brexit. Ele é baseado na avaliação das habilidades e qualificações dos candidatos ao visto, concedendo-os apenas àqueles que acumulam pontos suficientes.
Dessa forma, promete garantir que os trabalhadores britânicos não estejam perdendo vagas para imigrantes.
"Nos casos em que identificamos setores excessivamente dependentes de imigrantes, reformulamos o Sistema de Pontos. Vamos assegurar que as solicitações para as rotas de vistos relevantes, como a dos trabalhadores qualificados ou a lista de ocupações em falta, venham acompanhadas de novas exigências para a formação de profissionais dentro do nosso país”, disse Starmer.
A complexidade da imigração, em especial no Reino Unido, foi tema do Rasta News. Com bom humor, rasta criticou a dependência excessiva de alguns setores por mão-de-obra imigrante.
Ele também falou das reformas, do sistema de pontos do Reino Unido, e das tensões culturais geradas por políticas de multiculturalismo, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá.
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