Javier Milei pode impedir narrativas progressistas na Declaração de Líderes do G-20, que acontece entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
De acordo com diplomatas ouvidos pelo jornalista Felipe Frazão, do Estadão, a divulgação da foi atrasada por discordâncias dos diplomatas com a delegação argentina. A tensão teria alcançado o ápice na quinta-feira, 14 de novembro.
No mesmo dia, Javier Milei se encontrou Donald Trump em Mar a Lago, Flórida. Em discurso, o argentino reiterou seu apoio ao americano, descrevendo sua eleição como“o vento da liberdade está soprando primeiro com a eleição de um libertário na Argentina e agora com a eleição de Donald Trump, que ao sobreviver de um atentado viveu um milagre”.
A união entre os dois é vista como uma ameaça a pautas propostas por países como Brasil, Índia e África do Sul no G20 e em outros encontros mundiais.
Quatro diplomatas de origem europeia e africana revelaram, sob condição de anonimato, detalhes das negociações. De acordo com Frazão, eles disseram nunca ter havido um comportamento “tão radical” nas deliberações quanto o dos representantes da Argentina.
A controvérsia colocaria Lula em uma situação complicada. Isso porque como atual líder do grupo, o brasileiro teria que emitir uma declaração detalhando os pontos de acordo e desacordo entre os países.
Em meio a esse cenário, o presidente da França, Emmanuel Macron, se apresentou como mediador. O francês se ofereceu para viajar a Buenos Aires, na tentativa de persuadir Milei a adotar uma posição mais conciliadora.
Entretanto, não há informações se a proposta foi aceita.
O documento em questão trata-se de uma declaração em conjunto com as propostas dos líderes mundiais para os próximos anos. O relatório é negociado e lido ao final do encontro. Pelo cronograma, deveria ter ficado pronto ontem.
No entanto, discordâncias com o governo Milei adiaram o fim das conversas para hoje,16 de novembro. De acordo com os diplomatas, o governo argentino retirar do relatório sugestões específicas de políticas públicas sobre:
Milei estaria determinado a garantir que as necessidades da Argentina sejam consideradas, mesmo que isso gere algum desconforto aos demais países.
A situação teria ficado mais tensa por causa da rivalidade ideológica entre ele e Lula, principal líder do encontro.
Membros do ministério da Economia teriam afirmado nos bastidores que “a Argentina cruzou a linha vermelha”. A abordagem representa uma mudança na abordagem diplomática do país, que saiu de uma crise sem precedentes recentemente.
A situação da Argentina antes do governo Milei foi abordada em A Queda Argentina. O original Brasil Paralelo explora como o país faliu antes da eleição do atual presidente.
Assista gratuitamente ao primeiro episódio:
A resistência de Javier Milei a pautas progressistas está movimentando as discussões. Os desdobramentos são incertos. No entanto, seu recente encontro com Trump e o precedente na COP-29 podem indicar um maior enfrentamento dessas questões daqui em diante.
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