O precursor de Jesus Cristo. Hoje, dia 24 de junho, é celebrado o nascimento de João Batista. Filho de uma prima da mãe de Jesus, segundo a tradição cristã foi aquele que anunciou às pessoas que Jesus Cristo era o filho de Deus. Mas por que essa data é comemorada de modo tão especial, principalmente no nordeste do Brasil?
Antes de entender o por que da celebração é preciso compreender o cenário em que João nasceu. Na época de seus pais uma das maiores humilhações sociais de um casal era não ter filhos. A comunidade judaica considerava tal situação um castigo de Deus, uma vez que aquela família não teria descendência. Era justamente a situação de Zacarias e Isabel, os pais de João.
Os evangelhos afirmam que o menino nasceu de um casal já considerado idoso, o que para os judeus daquele tempo era um milagre e uma grande benção. Segundo os livros sagrados, ao ser avisado de que teria um filho, seu pai duvidou de Deus. Como consequência, o anjo determinou que ele ficaria mudo até o dia em que a criança fosse apresentada conforme a lei judaica. Conforme relatado pelos evangelistas, ainda no ventre de sua mãe, João reconheceu Jesus, que por sua vez estava sendo gestado por Maria.
A Igreja Católica reconheceu a importância de João e passou a celebrar não apenas sua morte através do martírio, mas também seu nascimento. Além do próprio Jesus, Maria é a única outra figura histórica a receber tal honraria.
O nome escolhido para identificar o filho de Isabel e Zacarias está ligado à forma como João pregava. De acordo com informações do site Britannica, a imersão daqueles que escutavam suas palavras em água corrente significava que aquela pessoa estava arrependida de seus pecados se preparando para o julgamento futuro.
O periódico afirma que o ato não era concebido como um Sacramento, como é hoje para os católicos, mas a submissão antecipada do fiel a um outro batismo que purificaria a pessoa de todos os seus pecados.
De acordo com uma reportagem da CNN Brasil, a Tradição da Igreja Católica afirma que João nasceu seis meses antes de Jesus, no dia 24 de junho. Outro fator que supostamente contribui para a escolha dessa data é o solstício de verão no hemisfério norte. O site “Minha Biblioteca Católica” afirma que pode haver na data uma forma de cristianizar festas pagãs.
Os povos antigos celebravam o fim das chuvas e o início da colheita como uma gratidão a seus deuses pela graça de ter cultivado alimento. Nesse mesmo período, a Igreja cristã primitiva celebrava alguns de seus principais heróis: Antônio, João, Pedro e Paulo. Tais homens são hoje classificados pelos católicos como santos, isto é, como pessoas que chegaram muito perto na imitação de Jesus Cristo.
Dessa forma, existia ali uma oportunidade de unificar a fé cristã católica com a alegria de danças, comidas da época e tradições dos povos espalhados pelo mundo. O termo “festa junina” viria de “festa joanina”, em referência àquele que é considerado santo pelos católicos.
O site vai além e afirma que as comemorações misturam símbolos e tradições. A fogueira representa o fogo purificador, associado ao Espírito Santo. A dança da quadrilha simboliza a harmonia e a união dos povos. E tudo isso ocorre em torno dos frutos da terra, que para os cristãos são dons de Deus.
No caso da fogueira em si há ainda a história de que Isabel teria acendido uma fogueira para anunciar o nascimento de seu filho, o que a tornaria uma tradição bem típica do dia.
O dia 24 de junho é feriado em algumas localidades do nordeste brasileiro, onde a tradição da festa de São João é especialmente forte. Segundo uma reportagem da CNN Brasil, as cidades de Campina Grande na Paraíba e Caruaru em Pernambuco disputam há anos o título de maior festa de São João da região.
As celebrações foram levadas a esses locais por influência dos colonizadores portugueses, e hoje não se restringem mais aos dias dos santos, sendo comemoradas durante todo o mês de junho. Em alguns locais há até mesmo a extensão dos festejos com as chamadas “festas julinas”.
Dentre as tradições estão as comidas típicas feitas de milho, grão tipicamente colhido nessa época no Brasil. Dessa forma é mantida a tradição vinda da Europa de agradecer a Deus pelos frutos da terra, incorporando algo bem característico do local à mesma. A isso se incorporam danças locais, com destaque para o forró.
Nascido em Pernambuco, o estilo tipicamente brasileiro é marcado pela mistura de instrumentos como zabumba, triângulo e sanfona. Segundo informações da escola de dança carioca Petite Dance, existem diferentes gêneros de forró como Xote, Baião, Xaxado e Arrasta-pé. O site da escola relata que o termo “forró” seria uma variação do termo “forrobodó”, termo africano que significa “farra”.
O estado nordestino realiza uma das mais tradicionais festas de São João do nordeste do Brasil, motivo pelo qual o estilo musical pode ter sido incorporado à festa. Na cidade pernambucana de Caruaru, por exemplo, os festejos em 2024 vão durar 72 dias. Dentre as atrações do ano estarão o DJ Alok, bandas de axé e da chamada música brega e também o tradicional forró.
Outra cidade do Nordeste que se destaca pela tradição das festas é Sergipe. Na capital de Aracaju serão 60 dias de festa, de acordo com informações da rede CNN Brasil. Artistas nordestinos, como Elba Ramalho e Flávio José, estão confirmados para se apresentar na festa, segundo a CNN Brasil.
A forte tradição das festas de São João levou cidades como Campina Grande, Maceió e Salvador a decretarem o dia 24 de junho como feriado municipal. Assim, toda a população pode aproveitar esse momento de alegria e confraternização, compartilhando a tradição junina.
Nas cidades onde a data não é feriado também há comemorações no dia de São João. No município de Limeira, no interior paulista, a festa foi incluída no calendário oficial de comemorações do município em 2019.
Segundo o site do executivo local, os eventos foram realizados nos dias 14 ,15 e 16 de junho por meio da secretaria de cultura, através de recursos obtidos pela Lei Paulo Gustavo. A programação contou com eventos no Parque da Cidade e na praça onde fica a catedral da cidade.
Ao todo foram realizadas 11 festas em toda a cidade, promovidas tanto por subsídios do município quanto por organização das comunidades paroquiais.
No restante do mundo também há a celebração, baseada na tradição inicial do solstício de verão. Na Espanha a celebração em honra de San Juan (São João Batista) ocorreu na noite de 23 de junho. Fogos são acesos e exibições de fogos de artifício geralmente acontecem, afirma o site American British Academy.
Na costa mediterrânea, especialmente na Catalunha e em Valência, comidas como a Coca de São João, também são servidas nesta ocasião. Muitas cidades e vilas têm suas próprias tradições únicas associadas à festa.
A festa também é celebrada em Florença, Itália, desde os tempos medievais com festivais que às vezes duram três dias. Nas cidades de Gênova, Florença e Turim, há queima de fogos de artifício, em honra ao santo, padroeiro dessas cidades. Na França, por sua vez, a festa é tradicionalmente celebrada com fogueiras no dia 24 de junho.
A tradição das festas de São João é uma forma de reconhecer a importância da fé na cultura popular. O site “Minha Biblioteca Católica” afirma que em ocasiões como as festas juninas é possível que a presença de Deus seja celebrada no dia a dia das pessoas.
De acordo com as palavras de Papa João Paulo II a Igreja deve ser um lugar onde o povo preserva suas tradições e cultura, adaptando-as ao Evangelho. O Pontífice é hoje santo católico. A tradição popular é o que define um povo. O compartilhamento dos costumes tradicionais pode fazer com que as pessoas se lembrem de que a vida só vale a pena quando a felicidade é compartilhada.
A importância de manter as heranças culturais de um povo está diretamente ligada ao fortalecimento de sua comunidade. São os relacionamentos entre as pessoas que protegem uma sociedade de conflitos internos. Esses elos também se estendem às famílias, que, quando fortalecidas, podem se proteger contra influências externas.
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Uma família sólida gera indivíduos resilientes. No futuro, os filhos criados por ela brilharão no mundo como uma fogueira que, segundo a tradição, foi acesa para anunciar o nascimento do precursor de Jesus Cristo.
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