A tentativa de assassinato sofrida pelo candidato pode impactar de modo significativo a disputa eleitoral de novembro. Donald Trump passa bem e já se manifestou algumas vezes em seus perfis de redes sociais desde então. Deixou claro que persistirá na candidatura.
No comunicado que emitiu em seu Instagram na tarde de domingo, 14 de julho, declarou:
“Foi somente Deus quem impediu que o impensável acontecesse. NÃO TEMEREMOS, mas, em vez disso, permaneceremos resilientes em nossa fé e desafiadores diante da maldade.”
Trump também manifestou sua solidariedade às famílias do bombeiro morto por um dos tiros e dos cidadãos feridos no evento. O presidente destacou a importância de que o país se mantenha unido “para combater o mal”:
“Neste momento, é mais importante do que nunca que permaneçamos Unidos e mostremos nosso verdadeiro caráter como Americanos, permanecendo Fortes e determinados, e não permitindo que o mal vença.
Eu realmente amo nosso país, amo todos vocês e estou ansioso para falar com nossa Grande Nação esta semana de Wisconsin.”
Sua afirmação faz referência à Convenção do Partido Republicano que ocorrerá entre os dias 15 e 18 de julho, em Milwaukee, no estado de Wisconsin. Em nota, o partido já afirmou que Trump permanecerá na disputa. Na Convenção, também deverá ser anunciado o candidato a vice que irá compor a chapa com o ex-presidente.
Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato, no sábado, dia 13 de julho, por volta das 18h13. O republicano foi vítima de tiros que o acertaram “de raspão” na orelha, enquanto realizava um discurso na cidade de Butler, na Pensilvânia. Após o ocorrido, Trump foi removido do balcão por sua equipe. Sangrando, de punho em riste, declarou: “Lutem, lutem, lutem”.
Um dos participantes do evento morreu e dois ficaram feridos. O atirador morreu logo após o atentado e o FBI já conhece sua identidade.
As autoridades identificaram Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, como o autor dos disparos.
Thomas Mathew Crooks, de 20 anos, autor dos disparos contra Donald Trump. Imagem: CNN.
O jovem morava no subúrbio de Bethel Park, em Pittsburgh, cidade localizada cerca de 56 km ao sul do comício de Trump. Crooks se graduou na High School em 2022.
O jovem foi definido por colegas de escola como alguém quieto, solitário e com poucos amigos.
Os entrevistados por veículos internacionais confirmaram que ele não constumava falar sobre política ou engajamento em causas sociais de modo aberto.
Há suspeita de que ele sofria constrangimento e intimidação por parte de terceiros.
Ele era registrado para votar como republicano, mas em janeiro de 2021 fez uma contribuição de US$15 ao ActBlue, um comitê de ação política que arrecada fundos para políticos para partidos e projetos alinhados “à esquerda”. A agência Reuters esclareceu que a doação foi destinada ao Progressive Turnout Project, um grupo que reúne eleitores democratas.
Após o ocorrido, o pai do jovem afirmou que tentava compreender o que estava acontecendo e que não faria nenhum comentário sobre o filho até falar com a polícia.
Thomas Crooks foi morto por tiro disparado por um snipper do Serviço Secreto dos Estados Unidos logo após o atentado.
A arma utilizada foi um declarou que o atirador usou um fuzil AR-15. Segundo o porta-voz do Serviço Secreto dos Estados Unidos, Anthony Gugliemi, Crooks teria usado a arma para realizar “múltiplos disparos em direção ao palco, de uma posição elevada do lado de fora do local onde ocorria o comício.”
Dois oficiais ouvidos pelo jornal New York Times afirmaram que o rifle semiautomático que estava ao lado do corpo de Crooks deve ter sido comprado pelo pai do jovem, que havia adquirido uma arma há seis meses.
O atirador estava localizado em um telhado a cerca entre 130 metros e 200 metros de altura do palco onde o presidente Trump se encontrava.
As autoridades descobriram dois dispositivos explosivos no carro de Crooks e acreditam que podem achar um terceiro em sua residência.
A eficiência da estratégia de segurança do evento também tem sido questionada. Tanto a polícia da Pensilvânia e do Serviço Secreto dos Estados Unidos tem sido bastante questionados desde o atentado.
A alegação das autoridades de segurança é que os disparos foram feitos do lado de fora do perímetro de segurança estabelecido pelo Serviço Secreto. O tenente-coronel da Polícia Estadual da Pensilvânia afirmou à rede NBC que o prédio onde o atirador estava localizado ficava "a alguma distância" do perímetro de segurança.
Congressistas têm se disposto a escrutinar a eficiência das estratégias de segurança adotadas pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos. O órgão é responsável pela segurança dos candidatos em campanhas eleitorais.
Por essa razão, James Comer, presidente do Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, declarou que pretende convocar a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle para prestar depoimento no parlamento, em 22 de julho:
“Os americanos exigem respostas sobre a tentativa de assassinato do presidente Trump”, comunicou a comissão em redes sociais.
O Serviço Secreto confirmou que durante o evento havia snipers posicionados em localizações estratégicas no local do comício na Pensilvânia.
A BBC internacional reportou que Thomas Matthew Crooks teria sido visto do lado de fora do comício no sábado pelas autoridades policiais locais. Testemunhas teriam denunciado que viram um homem armado em cima de um telhado, do lado de fora do local onde o comício foi realizado.
“Estávamos parados ali, apontando para o cara subindo no telhado. Pudemos vê-lo claramente com um rifle”, afirmou a testemunha. O cidadão ainda teria notificado a polícia que nas proximidades. Ele teria revelado que os agentes “não sabiam o que estava acontecendo”.
Um policial ouvido pela rede NBC News confirmou o fato. Ele afirmou que uma testemunha avisou que havia visto um homem armado em cima de um telhado do lado de fora do comício, mas os policiais o perderam de vista.
As autoridades ainda não identificaram informações que associam Crooks a um plano maior contra o candidato republicano. O motivo para o atentado não foi identificado.
Até o momento, o FBI acredita que o jovem Thomas Crooks tenha agido sozinho. Essa informação teria sido confirmada pelo agente do FBI na Pensilvânia, Kevin Rojek.
A investigação está ainda em fase inicial e os especialistas do FBI ainda não concluíram as análises dos dispositivos móveis do atirador. Isso impossibilita que eles consigam estabelecer conexões com pessoas que poderiam ter motivado o ataque.
No entanto, nas análise das redes sociais de Crooks não foram identificados indícios de extremismo político. No material analisado até o momento também não foram identificadas ameaças nem discursos de ódio.
Em entrevista coletiva concedida no domingo, dia 14 de junho, o FBI reforçou que a prioridade é identificar o motivo do atentado. Afirmou ainda que não descarta a possibilidade de terrorismo doméstico. Esse conceito define um atentado terrorista cometido contra alguém do próprio povo ou nação do criminoso.
O atentado ainda fez mais uma vítima. O bombeiro Corey Comperatore, de 50 anos, abaixou-se para proteger sua família, quando foi atingido por um tiro.
O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, afirmou que Comperatore morreu como um herói, tentando proteger sua família:
“Corey era pai de duas meninas. Corey era bombeiro. Corey ia à igreja todos os domingos. Corey amava sua comunidade. Acima de tudo, Corey amava sua família”, afirmou.
Outras duas pessoas ficaram feridas: David Dutch, 57, e James Copenhaver, 74, ambos residentes no estado da Pensilvânia.
Joe Biden foi um dos primeiros a prestar solidariedade a seu principal adversário. O presidente dos Estados Unidos realizou um pronunciamento condenando o ataque:
"Estou grato por saber que ele está bem”.
“Jill e eu estamos gratos ao Serviço Secreto por tê-lo colocado em segurança. Não há lugar para esse tipo de violência na América. Devemos nos unir como uma nação para condená-la".
Lula classificou o atentado como “inaceitável”:
“O atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política. O que vimos hoje é inaceitável”.
Jair Bolsonaro também se manifestou:
“Nossa solidariedade ao maior líder mundial no momento. Esperamos sua pronta recuperação. Nos veremos na posse”.
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, acompanhou os votos do esposo. Uma série de outros líderes políticos importantes no Brasil fizeram o mesmo.
O presidente francês Emmanuel Macron também condenou o ataque. Chamou a atenção para o impacto da ocorrência nas democracias:
“Um espectador morreu, vários estão feridos. É uma tragédia para nossas democracias. A França compartilha o choque e a indignação do povo americano".
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que o ocorrido não foi apenas um ataque aos Estados Unidos, mas a todo o sistema democrático:
“Foi um ataque a um candidato à presidência dos Estados Unidos. Foi um ataque à América. Foi um ataque à democracia, foi um ataque a todas as democracias”.
O presidente argentino Javier Milei, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o chanceler alemão Olaf Scholz foram outros que repudiaram o ataque.
O evento poderá ser importante para a definição dos novos rumos eleitorais.
Tanto Joe Biden como Donald Trump têm pontuado a importância de unir o país contra a violência. O jornal The Economist classificou a tentativa de assassinato contra Donald Trump, na Pensilvânia, como o ataque mais sério a um presidente ou ex-presidente dos EUA desde Ronald Reagan em 1981.
O incidente destaca a necessidade de reduzir a retórica inflamatória e evitar mais violência política à medida que a campanha presidencial se intensifica.
Trump pediu calma, e disse que se ele e Biden continuarem a condenar a violência, pode haver uma chance de redefinir os termos da eleição, reforçando que a violência política não tem lugar na democracia americana.
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