O apagão na capital paulista foi um dos principais assuntos no primeiro debate entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) antes do segundo turno das eleições. Ambos teceram duras críticas à Enel, concessionária que administra o fornecimento de eletricidade na cidade.
Entre a última sexta e a segunda-feira, 11 e 14 de outubro, milhares de paulistanos ficaram sem energia elétrica em São Paulo. Uma forte tempestade derrubou postes, árvores e destelhou imóveis.
Nunes afirmou que cabe ao governo federal encerrar o contrato, enquanto Boulos responsabilizou Sandoval de Araújo Feitosa, indicado ao cargo por Bolsonaro.
“Quem é responsável pelo contrato da Enel para avaliar se vai romper ou se não vai romper não é o governo federal, é a Aneel, uma agência reguladora. O presidente da Aneel, o Sandoval, que ele citou, foi indicado pelo Bolsonaro, aliado dele, e que o Lula não pode tirar porque tem mandato fixo, igual lá o Campos Neto no Banco Central”, declarou Boulos.
Nunes disse que o contrato permite intervenção federal, ou seja, em caso de descumprimento das cláusulas, o presidente pode determinar a rescisão.
“Eu entrei com três ações judiciais, e é por isso que eu pedi, desde o ano passado [...] como eu disse para vocês, está escrito no contrato. Só quem pode fazer é o governo federal”, respondeu o prefeito.
Nunes afirmou ainda que a Enel é responsável pela remoção das árvores caídas próximas à rede elétrica, o que justificaria o fato de ainda haver obstrução em algumas vias.
A dupla se enfrentou ontem, 14 de outubro, nos estúdios do grupo Bandeirantes de comunicação.
Os candidatos também trocaram acusações sobre esquemas de corrupção. Boulos desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário e provar que não recebeu dinheiro da “máfia das creches”.
“Você abre seu sigilo bancário pra gente ficar claro, podemos fazer esse trato aqui hoje no debate? Não é questão de polícia. É abrir, é questão de transparência com a população”, declarou Boulos
Já o prefeito, citou o parecer de Boulos no Conselho de Ética da Câmara. A votação livrou o deputado André Janones (Avante-MG) de suposto crime.
“Eu tenho a minha vida limpa, limpa. Não vai ser você, que fica passando pano para rachadinha, instituiu a rachadinha, que vai querer aqui invadir, invadir a minha moral, porque você não tem moral para isso, Guilherme”, declarou o prefeito.
Nunes acusou Boulos de aliança com Haddad, que é a favor de aumentar impostos.
“Você sabe que tem pessoas ligadas a você que têm apelido voltado à questão de impostos e taxas. Eu eliminei taxa, reduzi impostos, aumentei o orçamento, gerei emprego e renda. Por que vocês são a favor de aumentar impostos?”, questionou
Boulos interpretou a fala como um ataque à sua vice, Marta Suplicy (PT), que foi secretária de Nunes e revidou:
“Eu lamento, Ricardo, que no alto da sua arrogância você até ataque a ex-prefeita Marta Suplicy, que foi sua secretária. Só rompeu com o seu governo porque você se aliou com Bolsonaro, e ela tem caráter e princípios e não aceitou”.
Após o debate, a equipe de Nunes reiterou que o prefeito se referia a Haddad. Por outro lado, o vice de Nunes, coronel Mello Araújo (PL) foi citado. Boulos afirmou que o militar defende tratamentos diferentes para pessoas em áreas distintas da cidade.
Segundo ele, Mello Araújo apoia ações policiais mais agressivas nas regiões periféricas, em contraste com outras áreas.
“Não existe nada dessa questão que você tá falando com relação ao Coronel Melo, que não responde a nenhum inquérito, absolutamente nenhum”, declarou Nunes.
O prefeito também afirmou que Boulos “não gosta da polícia” e que São Paulo “precisa de segurança”.
No final do primeiro bloco o clima de provocação tomou conta da discussão. Nunes disse que Boulos “não saberia o que é trabalhar”
“Você tem essa dificuldade”.
Boulos, por sua vez, questionou a moral do prefeito em falar em trabalho, após três anos de mandato.
“Você não fez nada. Deixou para a véspera da eleição para querer enganar pessoas e o povo está sofrendo”, disse o psolista.
As provocações não se restringiram ao campo político. No final do segundo bloco, Nunes se aproximou de Boulos e perguntou se o adversário estava bem e os dois se abraçaram.
Nunes então declarou que não se sentiria intimidado, mencionando suas origens em Campo Limpo, um bairro da periferia de São Paulo.
O cenário lembra um "Teatro das Tesouras", onde políticos fingem ser rivais para enganar o público sobre uma falsa disputa ideológica.
A Brasil Paralelo produziu um documentário sobre o tema, assista o primeiro episódio abaixo aqui.
Esse foi o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo antes do segundo turno. Entre trocas de acusações e momentos inusitados, as críticas contra a Enel dominaram o embate.
Nunes e Boulos voltam a se enfrentar na próxima quinta-feira, 17 de outubro, nos estúdios da Rede TV!. O encontro será promovido pela emissora em parceria com o portal Uol e o jornal Folha de São Paulo.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, Nunes tem 55% das intenções de voto, contra 33% de Boulos.
O segundo turno das eleições 2024 acontecerá no dia 27 de outubro.
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