As delações de Mauro Cid são parte importante da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente.
Apesar disso, o órgão teria dado destaque para falas que incriminam Bolsonaro e ignorado trechos que contrastam com as acusações.
Um dos exemplos é a Operação Punhal Verde Amarelo, suposto plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes antes da posse para tomar o poder.
Na denúncia, a PGR alega que Bolsonaro sabia e participava do plano com base em uma troca de mensagens entre Cid e o general Mário Fernandes.
A denúncia deixa de fora trechos do depoimento de Cid em que ele diz não saber se Bolsonaro tinha conhecimento sobre o plano.
"Eu não tenho ciência se o presidente sabia ou não do plano que foi tratado, do Punhal Verde Amarelo, e se o general Mário levou esse plano para ele ter ciência ou não", disse Cid.
Outro ponto levantado pelo depoimento é que o ministro Alexandre de Moraes teria sido monitorado por ordens do presidente duas vezes, no dia 16 de novembro e na véspera de Natal.
Apesar disso, a denúncia da PGR deixa de fora que segundo Cid, o monitoramento não teria nenhuma relação com o plano de assassinato.
Na verdade, o Bolsonaro estava preocupado com supostos encontros entre Moraes e o ex-vice-presidente, Hamilton Mourão.
Outra questão é que a denúncia leva em conta uma reunião que teria acontecido no dia 28 de novembro de 2022.
No documento está a hipótese de que uma carta interina para pressionar o comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe. Segundo as denúncias de Cid, o general não aceitou participar de movimentações militares.
A PGR ignorou um trecho da denúncia de Cid onde ele fala que o encontro não teve ligação com o golpe, se resumindo a um “bate papo”:
"Naquele momento ninguém botou um plano de ação, é esse ponto que eu quero deixar claro, ninguém chegou com um plano e botou um plano na mesa e falou assim, 'não, nós vamos prender o Lula, nós vamos matar, nós vamos espionar'"
Mensagens de Cid afirmando que algo poderia acontecer na posse do presidente Lula também foram usadas pela PGR.
Apesar disso, o militar disse que as mensagens não tinham esse sentido e Bolsonaro não teria envolvimento na organização dos protestos de 8 de janeiro.
Alexandre de Moraes intimou os denunciados a enviarem uma defesa escrita dentro do prazo de 15 dias.
Em seguida, a denúncia deverá ser levada aos ministros do STF, para que eles aceitem o documento emitido pela PGR.
Caso a denúncia seja aceita, começarão os julgamentos contra Bolsonaro e seus apoiadores.
Dependendo de quais crimes o ex-presidente será acusado, ele pode pegar entre 11 e 43 anos de prisão.
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