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PCC seria proprietário de hotéis e hospedarias na região da Cracolândia em São Paulo

A facção criminosa teria comprado hotéis no centro de São Paulo para usar como depósito de drogas. A Organização pode ter chegado a movimentar mais de R$400 mil em sete meses.

atualidades
Polícia Civil - Divulgação
Redação Brasil Paralelo
Comunicação Brasil Paralelo

Uma rede de 78 hotéis estaria sendo utilizada para estocar drogas. Essa seria a estrutura do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil, no centro de São Paulo. A polícia descobriu que o PCC estaria usando os prédios na região das praças Marechal Deodoro e Princesa Isabel como depósitos para as substâncias ilícitas. Hospedarias no Largo do Paissandu e no Largo do Arouche também teriam sido adquiridas pela organização. Esses locais serviriam como refúgio para foragidos da Justiça e centros de prostituição.

A descoberta foi feita pela Delegacia da Divisão de Investigação Sobre Entorpecentes, subordinada ao Departamento de Investigações sobre Narcóticos do estado de São Paulo. A investigação levou à deflagração da segunda fase da Operação Downtown (Operação Centro, em livre tradução).

A Polícia Civil de São Paulo informou hoje (13/6) pela manhã que 30 hospedagens deverão ser interditadas até o final do dia,  na capital. Ao todo, 140 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A operação visa investigar se a facção criminosa está utilizando os hotéis como meio para lavar dinheiro. 

Porteiros como proprietários dos hotéis e CNPJ de lavanderia

O grupo compraria hotéis e hospedarias nas regiões da Cracolândia e os colocaria no nome de laranjas, como porteiros de alguns dos empreendimentos. O jornal Estadão informou hoje pela manhã que uma dessas pessoas seria o porteiro Genário José de Oliveira, que consta como proprietário de uma hospedaria no Largo General Osório.

Ednilson Lopes dos Santos também seria um laranja. Trabalhando como porteiro do Hotel Curitiba, o homem é legalmente proprietário do Hotel Tupy. O delegado da Polícia Civil Carlos César Castiglioni relatou que todos que trabalham nos locais estão envolvidos com o tráfico.

“Nessas hospedarias, quem é o proprietário, quem é o administrador, quem gerencia é alguém que tem passagem por tráfico, que está ligado à organização criminosa. Alguém que de alguma forma contribui para o tráfico na região central”, afirma.

Um dos laranjas teria adquirido uma hospedaria na Avenida São João, no centro da capital paulista. No local, há o registro de um CNPJ que tem como atividade econômica a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 9601-7/01, que diz respeito a serviços de lavanderia. 

Registrados em nome de laranjas, os hotéis também receberiam hóspedes normalmente, o que segundo a investigação seria uma maneira de lavar o dinheiro recebido pelo tráfico de drogas. Dessa forma, a facção teria o controle territorial e financeiro da região, inclusive driblando ações do Estado. 

Facção teria previsto para onde os usuários iriam após a prefeitura lacrar prédios 

No final de 2021, a prefeitura de São Paulo decidiu fechar as entradas de prédios na região da Cracolândia com paredes de tijolos. A ideia era dispersar os usuários. A ação do executivo municipal acabou deslocando o fluxo de pessoas para outras ruas do centro histórico de São Paulo.

Os investigadores passaram então a acompanhar de perto  o deslocamento do fluxo de usuários no centro de São Paulo. Foi assim que descobriram que os locais escolhidos ficavam exatamente onde o PCC havia comprado os imóveis. A polícia concluiu então que os criminosos escolheram o local para onde as pessoas foram. 

A cabeça por trás de todo o esquema seria Marcelo Carames. Conhecido pelos apelidos de Mau e Biriba, o homem de 45 anos seria o gerente de operações do tráfico de entorpecentes na região. Carames era proprietário de dois dos prédios “emparedados” pela prefeitura em 2021.

Localizados na Alameda Dino Bueno e no Largo Coração de Jesus, esses locais funcionavam como hospedarias, que serviriam como depósito de drogas durante 10 anos, tempo em que o fluxo de usuários se concentrou na região. No mesmo ano, o homem comprou duas outras hospedarias que ficam próximas à Praça Princesa Isabel, o local exato para onde os usuários se deslocaram em março do ano seguinte.

A situação se repetiu meses depois. No início de junho de 2022, Carames teria comprado outra hospedaria, desta vez na esquina entre as ruas dos Gusmões e do Triunfo. O local fica a um quarteirão da Rua dos Protestantes, onde, no final do mesmo mês, uma parte do fluxo de usuários se estabeleceu.

Foi dessa forma que a polícia teria descoberto o nível de controle da facção sobre o local, afirmou o delegado responsável pelo caso em entrevista ao Estadão.

“Carames por duas vezes se antecipou dias antes à migração dos dependentes químicos, estabelecendo hospedarias nos locais exatos para onde o ‘fluxo’ iria se fixar dias depois, o que deixa claro o envolvimento dele com a migração dos usuários de drogas no centro histórico”, disse. 

Hierarquia, organização das barracas de venda de drogas e tribunal: uma sociedade paralela se formou na Cracolândia

O nível de organização dos criminosos impressionou os investigadores. Durante o horário de funcionamento do comércio da região de Santa Ifigênia, o fluxo permanece na Rua dos Protestantes. Assim que as lojas fecham, os dependentes químicos começam a circular nas proximidades das lojas, que ficam nas ruas dos Gusmões e do Triunfo.

Na última rua, são montadas as barracas de venda de drogas, inclusive com local demarcado por integrantes da facção. Quem desobedecer quaisquer regras pode ser condenado pelo “Tribunal do Crime”, com penas que vão desde a internação compulsória até a pena de morte.

Mapa da cracolândia em São Paulo  - Google Maps

Com o objetivo de manter a ordem no local, o grupo criminoso conta com uma espécie de “disciplinários”, pessoas da facção responsáveis por fiscalizar a conduta de quem frequenta a região.  Sidney Anderson Ferreira da Silva e Adilson Gomes da Silva são apontados como encarregados de tal função. 

No final de 2022, um homem foi encontrado pela polícia amarrado em um hotel na Rua Barão de Piracicaba. O estabelecimento supostamente pertenceria a Gomes.O rapaz teria sido condenado por cometer furto, uma ação que não é tolerada pelo PCC. Como pena, ele teria podido escolher entre ser executado ou internado de forma compulsória em uma clínica que trata dependentes químicos. 

O jovem teria escolhido a segunda opção. Diante disso, foi amarrado enquanto aguardava a equipe da clínica. Na hora da batida policial, as pessoas que o levariam já estavam no local. Não há informações sobre o que aconteceu com o homem posteriormente.

O controle da cracolândia teria levado o PCC a movimentar cerca de R$430 mil em 7 meses. 

As contas bancárias dos suspeitos também teriam ajudado a polícia a entender o esquema. O Conselho de Controle de Atividades Fiscais (Coaf) apurou que, mesmo tendo declarado renda mensal de R$5 mil, Carames movimentou em suas contas pessoais cerca de R$430 mil em entradas e R$400 mil em saídas no período entre setembro de 2022 e março de 2023. 

Os valores seriam repassados a Sheila Regina da Costa, responsável pela comunicação entre o gerente do esquema na Cracolândia e a cúpula da organização criminosa.

Procuradas pela reportagem do Estadão, a defesa dos indiciados não foi localizada. Em depoimentos anteriores, os réus alegaram inocência ou permaneceram em silêncio. 

Poder paralelo gera sensação de impunidade

O Brasil registrou 47.503 homicídios ao longo de 2021, equivalente a 130 mortes por dia. O número representa uma queda na comparação aos índices de criminalidade de 2020 e é o menor registrado desde 2011.

Mas apesar da redução de alguns números, o Brasil ainda apresenta dados alarmantes sobre o crime. Muitas guerras conseguiram ser menos letais que a guerra ao tráfico que há no Brasil, por exemplo.

A organização da facção, inclusive com fiscais e tribunal do crime, recorda a sensação de impunidade no Brasil. A Trilogia da Brasil Paralelo, Entre Lobos, mostra como as ações do PCC e o tráfico de drogas são responsáveis por gerar insegurança na população. 

Na reportagem sobre a suposta rede de hotéis de propriedade do PCC, o Estadão informa que nas operações de migração do chamado “fluxo”, motoristas que passavam pelas regiões antes não ocupadas foram cercados e roubados por dependentes químicos. A situação teria prejudicado também o comércio local, com saques a lojas, depredação de ônibus e até apedrejamento de um bar tradicional do local

Estudioso da segurança pública, o Mestre em Gestão Roberto Motta afirma que a situação se mantém porque atende interesses de muitas pessoas. No trailer da trilogia, Motta afirma que investigadores acreditam que o PCC lucra cerca de um milhão e meio de reais por ano com o envio de toneladas de cocaína para Europa.

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Alguns locais em que foram realizadas buscas estavam vazios

A reportagem do Metrópoles esteve na região e constatou que poucas pessoas estavam no local. Por volta das 9 horas da manhã de hoje (13) o movimento era pequeno. Um morador que preferiu não se identificar disse aos jornalistas que suspeita que os traficantes foram avisados sobre a operação. 

“Alguma coisa aconteceu… estão cumprindo 100 mandados e nada foi encontrado até agora?”, disse em entrevista ao jornal. 

Governo diz que operação atacou o ecossistema da organização

O secretário de Segurança Pública de São Paulo afirmou, em entrevista coletiva, que a operação representou um grande ataque ao ecossistema do crime organizado que utiliza a região central de São Paulo para traficar entorpecentes. Sem citar nomes, Guilherme Derrite afirmou que a ideia é descobrir como a organização se organiza financeiramente para desmantelar completamente o esquema de lavagem de dinheiro.

Os dados de segurança pública no Brasil são alarmantes. Os números de assassinatos anuais superam os registros de guerras como a Guerra do Vietnã. O brasileiro médio vive constantemente com medo e receio. Das 50 cidades mais perigosas do mundo, 10 estão no Brasil. Até a Venezuela perde para o Brasil neste ranking.

Como entender este problema? E quais as possíveis soluções? Está longe de ser um exagero dizer que os cidadãos vivem Entre Lobos.

 

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