Em uma tentativa de celebrar as conquistas na área da inclusão digital, o Ministério das Comunicações do governo Lula se viu envolto em polêmica nesta terça-feira (6/8), ao postar uma montagem polêmica em suas redes sociais. A imagem alterada mostrava o pódio da ginasta brasileira Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris, mas, surpreendentemente, a atleta havia sido substituída por um computador.
A foto original retratava o momento emocionante em que Rebeca Andrade, após uma performance espetacular, recebia a medalha de ouro, saudada pelas ginastas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles.
Na montagem do Ministério das Comunicações, Biles e Chiles apareciam reverenciando um computador, com a legenda celebrando as “conquistas” na inclusão digital, destacando a doação de 5,6 mil computadores e a criação de 600 Pontos de Inclusão Digital (PIDs) em todo o país.
A publicação afirmava:
“Rebeca Andrade brilhou em Paris e nos inspirou com sua vitória. Em sintonia com seu espírito de superação, também celebramos conquistas no campo da inclusão digital: 5,6 mil computadores doados e 600 Pontos de Inclusão Digital (PIDs) estabelecidos. Estamos subindo ao pódio da inclusão, conquistando medalhas de ouro em acesso e oportunidade. Cada passo dado é um avanço em direção a um futuro onde todos podem brilhar no mundo digital”.
A exclusão de Rebeca Andrade da imagem gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais. Internautas e figuras públicas expressaram indignação, acusando o Ministério de desrespeitar a atleta. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postou em suas redes sociais criticando a pasta pela publicação.
“Ministério das Comunicações do Lula retira Rebeca Andrade de sua foto histórica em 1° lugar no pódio das Olimpíadas e troca por um computador em publicação no Instagram”, diz a legenda da publicação do ex-presidente.
Diante da repercussão negativa, o Ministério das Comunicações apagou e emitiu uma nota pedindo desculpas à atleta e aos fãs da ginástica brasileira. Na nota, o Ministério reconheceu que a postagem “não foi adequada” e pediu “sinceras desculpas à atleta e a todos os brasileiros e brasileiras pela postagem, especialmente às mulheres pretas, que estão tão bem representadas no pódio de Rebeca Andrade”.
A pasta também explicou que a intenção era fazer uma montagem “bem-humorada” para destacar as políticas de inclusão digital, sem desmerecer a conquista de Rebeca. O episódio gerou reações diversas no cenário político.
O deputado Ricardo Salles (Novo-SP) criticou a postagem, acusando o governo de boicotar uma atleta medalhista.
“Um governo que boicota uma valorosa atleta medalhista brasileira simplesmente por que ela se recusou a tirar foto promocional com Lula e Janja é um governo de canalhas realmente”, declarou.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também se manifestou, chamando a montagem de “desrespeito” e “retaliação” à importância que Rebeca dá a Deus em sua vida.
“Essa foto é o símbolo de como o governo Lula não representa os brasileiros. É um total desrespeito com a brilhante Rebeca Andrade, que é um patrimônio brasileiro, que enche a todos nós de orgulho, não só por suas medalhas, mas principalmente por sua trajetória de vida e por ser inspiração para milhões de jovens. Espero que essa retaliação do governo Lula não tenha relação com a importância que Rebeca dá a Deus em sua vida”, disse o senador.
Em contraste, parlamentares governistas adotaram uma postura de enaltecer o incentivo do governo ao esporte e abafar o ocorrido. Nos bastidores do Partido dos Trabalhadores (PT), a avaliação é de que o governo “pisou na bola” com a imagem, reconhecendo o erro e buscando desviar o foco para as políticas positivas.
Para contrapor a “gafe” da pasta, parlamentares governistas utilizaram suas redes sociais para enaltecer o Bolsa Atleta. Deputados como Camila Jara (PT-MS), Helder Salomão (PT-ES) e o senador Humberto Costa (PT-PE) postaram vídeos em seus perfis nas redes sociais defendendo o programa, o que foi apontado por interlocutores como uma tentativa de fazer uma propaganda positiva do Executivo em meio às críticas.
A publicação do Ministério das Comunicações surge em meio a uma onda de críticas ao governo federal devido à tributação do Imposto de Renda nas premiações dos atletas olímpicos. Os medalhistas brasileiros terão seus prêmios em dinheiro sujeitos a uma taxação de 27,5% de Imposto de Renda retido na fonte.
De acordo com os valores divulgados pelo COB, cada atleta que conquistar a medalha de ouro individualmente receberá R$350 mil. Os atletas que ficarem com a prata receberão R$210 mil, enquanto os medalhistas de bronze terão um prêmio de R$140 mil.
Em resposta, os deputados Luiz Lima (PL-RJ), que é nadador e ex-atleta olímpico, e Felipe Carreras (PSB-PE) apresentaram um Projeto de Lei para isentar os medalhistas de caírem na malha fina. A proposta já conta com um requerimento de urgência com mais 495 assinaturas. Com isso, basta que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), coloque a proposta na pauta do Plenário para ser votada.
Em meio à polêmica, a Receita Federal também se manifestou, esclarecendo que medalhas olímpicas, troféus e outros objetos comemorativos recebidos em eventos esportivos oficiais no exterior estão isentos de impostos federais. Segundo o órgão, atletas medalhistas que desembarcam no país com suas medalhas não estão sujeitos à tributação.
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