A jornalista estava discutindo as repercussões políticas das críticas de Nikolas Ferreira sobre o monitoramento de transações financeiras pela RF. Ao mencionar que o vídeo alcançou mais de 200 milhões de visualizações, Cantanhêde repetiu o discurso comumente utilizado pela maioria dos veículos de comunicação tradicionais.
Ela afirmou que a aprovação do projeto no Congresso foi prejudicada por uma onda de notícias falsas.
“A previsão era de que havia uma guerra no Congresso e uma guerra difícil de você ganhar num Congresso que tem sido hostil, um Congresso que tem uma maioria de oposição, em que tudo tem de ser negociado”, afirma.
Afirmou também que há uma pressão de partidos políticos, mas que encontra eco do governo, para criminalizar essa “posição, essa desqualificação que o Nikolas Ferreira fez”:
“Descredibilizar, atacar medidas públicas é crime”. O ministro seguiu a mesma linha e disse que desacreditar um instrumento público é crime.
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Especialistas afirmam que esta afirmação não tem fundamento jurídico. O advogado André Marsiglia explica que levar medidas públicas ao descrédito pela crítica não é apenas direito de todos cidadãos, mas dever de todo jornalista. Antigo da intolerância de políticos à crítica, afirma que os “crimes do discurso (injúria, difamação e calúnia) protegem a reputação das pessoas, não blindam seus atos de críticas.”
O advogado Marcelo Mendonça afirma que no caso de Nikolas, há duas garantias constitucionais em jogo: imunidade parlamentar e liberdade de expressão.
“Devido à imunidade parlamentar do deputado Nicolas e, especialmente, à garantia da liberdade de expressão, não pode ser considerado crime, pois não existe crime de opinião. Estamos tratando da liberdade de expressão, que assegura o direito à crítica tanto para deputados quanto para qualquer cidadão."
A declaração de Eliane Cantanhêde relata uma disposição geral do governo. O ministro Fernando Haddad chegou a afirmar que irá processar os responsáveis pela difusão das Fake News:
"A AGU [Advocacia-Geral da União] foi envolvida para tomar providências judiciais contra os golpistas. Quem está divulgando fake news está patrocinando organizações criminosas no país, que estão atuando, mandando boleto para a casa das pessoas, cobrando a mais indevidamente, dizendo que estão sendo taxados", declarou.
Haddad também agradeceu aos jornalistas pela atuação contra a informação falsa. O ministro afirmou que os “veículos de comunicação tradicionais têm veiculado a verdade, contra o que se propaga nas redes sociais”.
Ao tomar posse, no dia 14 de janeiro, o novo ministro das Comunicações, Sidônio Palmeira deixou claro que um de seus objetivos é combater o que chama de desinformação. Ao assumir o cargo no último dia 13 de janeiro, afirmou que a “desinformação é o grande mal da humanidade e que facilitou a volta da extrema-direita.”
Ele também classificou como criminosa a disseminação do que chamou de Fake News sobre a taxação do Pix. Também disse que essa é uma mentira com consequências reais.
Ontem, o governo revogou a medida. Ao anunciar a desistência, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, assumiu que um dos motivos era a repercussão negativa do projeto:
“Eu decidi revogar esse ato num primeiro momento, e essa revogação se dá por dois motivos: um deles é tirar isso que virou, infelizmente, uma arma na mão desses criminosos inescrupulosos. E a segunda razão é não prejudicar o debate e a tramitação do ato que vai ser agora anunciado pelos ministros.”
Cerca de duas horas depois do vídeo sobre o assunto, o Banco Central publicou nas redes sociais um vídeo sobre o assunto:
"Nada muda nas regras do PIX, bebê. Se você fazia PIX gratuitamente, vai continuar fazendo. Não tem tarifa nenhuma, ninguém vai quebrar seu sigilo e espionar para quem você está fazendo PIX".
Parlamentares governistas disseram que irão processar pelo vídeo. O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou em suas redes sociais que irá entrar com um processo contra o deputado mineiro pelas críticas feitas à nova regra da Receita Federal.
Boulos não especifica quais seriam as notícias falsas espalhadas por Nikolas.
O vídeo de Nikolas foi compartilhado por um número impressionante de brasileiros. Por outro lado, foi também alvo de críticas. A análise do projeto pelo deputado abordou os seguintes pontos:
Liberal e eleitor declarado de Lula, o jornalista Pedro Dória analisou o impacto político do vídeo. Ele destacou que a gravação pode conter exageros e elementos de demagogia comuns na política, mas apresenta um argumento convincente. Dória ainda criticou a postura do governo de dizer que o projeto foi revogado por causa das Fake News e disse que talvez as pessoas simplesmente desaprovem a norma da Receita:
“E se a medida for ruim mesmo?”, questiona.
Explica também que grande parte do receio das pessoas ocorre porque a medida é ruim mesmo e afeta especialmente aqueles que já enfrentam dificuldades econômicas e tributárias.
Na análise do jornalista, o governo prefere não confrontar classes altas e setores poderosos na tentativa de equilibrar suas contas e acaba por cobrar ainda mais impostos dos que estão na informalidade, que, segundo ele, muitas vezes sonegam impostos. Doria concorda com Nikolas quando afirma que a resultaria sim em aumento de arrecadação e que parte dos brasileiros de renda média e baixa sonega impostos.
Além disso, destaca como o vídeo do deputado Nicolas Ferreira se aproveita de maneira hábil do descontentamento popular ao criticar decisões governamentais de modo eficaz e direto.
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