Nesta segunda-feira (29/7), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, surpreendeu o país ao anunciar um ambicioso projeto de reforma da Suprema Corte. A proposta visa eliminar os cargos vitalícios dos juízes, introduzir um código de ética obrigatório e limitar o mandato dos magistrados a 18 anos. A revelação ocorreamenos de cem dias das eleições presidenciais, um momento crucial na política americana.
Biden apresentou a proposta em um editorial no The Washington Post, onde explicou que a intenção é garantir uma renovação regular na composição da Suprema Corte. Atualmente, os juízes têm mandatos vitalícios, que são condicionados apenas à boa conduta. Biden ainda sugere que cada presidente nomeie um novo juiz a cada dois anos, buscando uma maior rotatividade e, consequentemente, uma corte mais representativa e equilibrada.
Além da limitação dos mandatos, o projeto inclui a criação de um código de ética rigoroso para os juízes, exigindo transparência em relação a presentes recebidos, impedindo atividades políticas públicas e prevenindo a participação em casos onde haja conflitos de interesse.
A proposta de Biden surge na esteira de uma decisão da Suprema Corte no início de julho, que concedeu imunidade parcial a presidentes e ex-presidentes em processos criminais. Esta decisão afetou diretamente o andamento do processo contra o ex-presidente Donald Trump, acusado de conspirar para reverter o resultado das eleições de 2020 e de incitar a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Biden tem pressionado o Congresso a reverter esta decisão e a ratificar uma emenda constitucional que limite a imunidade presidencial. Em seu discurso, ele enfatizou a necessidade de restaurar a confiança pública nas instituições e garantir que a justiça seja aplicada de forma imparcial e transparente.
A resposta ao projeto do presidente tem não tem sido unânime. .
A imprensa americana tem apontado que, com um Congresso fortemente dividido, a aprovação da medida antes das eleições presidenciais é incerta.
As propostas de reforma da Suprema Corte dos EUA de Biden encontram eco em iniciativas semelhantes no Brasil. Em novembro de 2023, o Senado brasileiro aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2021, que limita as decisões monocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF) e em outros tribunais superiores.
A PEC, apresentada pelo senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), proíbe que um único juiz suspenda a eficácia de uma lei, demandando que decisões dessa natureza sejam tomadas por um colegiado de ministros. A aprovação no Senado foi celebrada como um passo importante para o equilíbrio entre os poderes, embora alguns críticos a vejam como uma invasão nas atribuições do Judiciário.
A discussão sobre a reforma do STF no Brasil não termina com a PEC 8/2021. Há outras propostas no Legislativo que visam estabelecer mandatos temporários para os ministros do STF e aumentar a idade mínima para nomeação.
A PEC 51/23, que aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, visa fixar em 15 anos o mandato para ministro da Suprema Corte brasileira e idade mínima de 50 anos para ser indicado ao cargo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), indicou, no início de 2024, que daria andamento a pautas como essas ao decorrer do ano. À época, o mineiro apontou não haver irracionalidade em tratar desses assuntos no Legislativo.
A proposta de Joe Biden para reformar a Suprema Corte dos EUA representa uma tentativa audaciosa de modernizar uma das instituições mais influentes do país. Ao mesmo tempo, o Brasil também enfrenta debates sobre a reforma de seu sistema judiciário, refletindo uma tendência global de buscar maior transparência e equilíbrio entre os poderes.
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