A história da Igreja Católica está fortemente ligada à figura do Papa, o Bispo de Roma e segundo a tradição sucessor do Apóstolo Pedro.
De acordo com o Evangelho de São Mateus, o próprio Cristo teria confiado a Simão Pedro a liderança de sua Igreja, declarando que ele seria a "pedra" sobre a qual ela seria edificada.
Desde então, 266 homens ocuparam o que é conhecido como o Trono de Pedro, guiando a instituição através de séculos de profundas transformações.
Essa longa sucessão, no entanto, é complexa. Houve papas reconhecidos como santos e mártires, que deram a vida pela fé nos primeiros séculos de perseguição.
A história também registra pontífices envolvidos em escândalos, disputas políticas e corrupção, refletindo as fraquezas humanas mesmo dentro de uma instituição que se entende como divina.
Entender a história do Papado é fundamental para compreender a história do cristianismo e do Ocidente.
A escolha de Pedro como líder, segundo a narra Mateus 16, foi marcada por uma mudança de nome: de Simão para Pedro.
Nas Escrituras, essa mudança simboliza uma nova missão dada por Deus, como ocorreu com Abraão e Paulo.
Essa tradição inspirou o costume dos papas adotarem um novo nome ao serem eleitos, prática iniciada formalmente no século VI pelo Papa João II, que se chamava Mercúrio e não quis usar o nome de um deus pagão.
As "chaves" entregues a Pedro são outro símbolo importante, remetendo a Isaías 22,22, onde representam a autoridade delegada para governar a "casa de Davi".
Pedro exerceu essa liderança em Roma, onde, segundo a tradição, foi martirizado sob o imperador Nero, crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se considerar digno de morrer como Jesus.
Antes de morrer, Pedro nomeou um homem chamado Lino para sucedê-lo e se tornar líder da Igreja.
A forma de eleição também mudou: da indicação inicial, evoluiu para uma escolha com participação do clero e povo de Roma, e finalmente, no século XIII, foi restrita aos cardeais para proteger o processo de interferências externas.
Os primeiros séculos foram de dura perseguição pelo Império Romano. Com o Edito de Milão em 313, Constantino deu liberdade aos cristãos e a Igreja passou de perseguida a privilegiada.
Essa mudança, porém, trouxe desafios, como um relaxamento da fé por parte de alguns.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, o Papado ganhou ainda mais importância, mas também ficou mais exposto às instabilidades e às invasões bárbaras.
A coroação de Carlos Magno em 800 marcou uma aliança fundamental com o poder político no Ocidente, mas também iniciou um período onde reis e nobres passaram a ver a Cátedra de Pedro como um objetivo político.
Essa crescente interferência política levou ao período mais sombrio da história papal, conhecido como Século de Ferro ou Saeculum Obscurum, entre 891 e 1003.
A eleição papal tornou-se um jogo de poder entre famílias aristocráticas romanas, levando à eleição de papas corruptos e escândalos que abalaram a Igreja.
O exemplo mais extremo dessa degradação foi o "Sínodo do Cadáver". Após a morte do Papa Formoso, seu sucessor, Estêvão VI, instigado por inimigos políticos de Formoso, mandou exumar o corpo do papa falecido.
O cadáver foi vestido com trajes papais, sentado em um trono e submetido a um julgamento.
Formoso foi condenado, seus atos anulados, seus dedos cortados e o corpo atirado no rio Tibre.
Pouco tempo depois, o próprio Estêvão VI foi deposto e morto na prisão. O papa seguinte reabilitou Formoso, mas o episódio ficou como marca da profunda crise moral e política.
Nesse período, figuras como a nobre Marócia chegaram a colocar amantes e até um filho ilegítimo (João XI) no Trono de Pedro.
Essa era turbulenta, conhecida como 'Século de Ferro', onde o Trono de Pedro foi palco de eventos sombrios como o julgamento do cadáver do Papa Formoso e a manipulação por famílias nobres, é o tema central do segundo episódio do nosso especial 'O Papado'. A estreia é amanhã, sábado, às 20h, no YouTube da Brasil Paralelo. Não perca a análise detalhada deste período crítico.
A resposta a essa decadência veio de dentro da própria Igreja, principalmente dos mosteiros.
A fundação da Abadia de Cluny, na França, em 910, iniciou um vasto movimento de reforma que buscava a renovação espiritual, a disciplina e a independência da Igreja em relação aos poderes seculares, combate à simonia e à investidura leiga.
Esse espírito reformista chegou a Roma e culminou no pontificado de Gregório VII (1073-1085).
Ele lutou incansavelmente pela "liberdade da Igreja", enfrentando o sacro imperador Henrique IV na Questão das Investiduras.
Os séculos seguintes continuaram a apresentar um cenário complexo. Papas do Renascimento, como Leão X, foram grandes mecenas das artes, mas também enfrentaram a Reforma Protestante.
A Igreja respondeu com o Concílio de Trento e a Contrarreforma, liderada por papas como São Pio V.
A Idade Moderna trouxe os desafios do Iluminismo, das revoluções e a perda gradual do poder político do papado.
O século XX foi marcado pelas Guerras Mundiais e pelo confronto com ideologias totalitárias.
Após o Concílio Vaticano II, que buscou modernizar a Igreja, o mundo acompanhou pontificados de grande impacto global, como o de São João Paulo II, seguido por Bento XVI e, mais recentemente, Papa Francisco.
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