As comunidades no Rio de Janeiro vivem uma rotina de medo e opressão sob o controle do crime organizado.
Moradores sofrem abusos e são mortos caso desobedeçam as leis criadas pelas facções. As organizações criminosas e garantem o silêncio através de represálias violentas.
O ex-morador de uma favela aceitou contar sua história para o documentário Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas, da Brasil Paralelo.
Segundo o homem, que pediu anonimato, a vida dos moradores não tem valor para os criminosos:
“Ninguém pode falar e nem criticar. Antes de eu sair de lá, eles já mexiam no celular dos moradores e agora estão mexendo mais ainda. Eu vi vários jovens lá serem mortos por causa de fofoca ou porque, tipo assim, o bandido passava, não gostava de você, atirava e ia embora.”
O homem conta que seu próprio filho foi uma das vítimas desse cenário. O jovem trabalhava em uma farmácia e estudava fisioterapia:
“Meu filho trabalhava na farmácia, fazia faculdade de fisioterapia, nunca se envolveu com esse tipo de coisa, tinha passado em uma prova para estudar em Portugal. Ele tinha o sonho de montar o próprio consultório de fisioterapia e poder ajudar algumas pessoas que não tinham condição de pagar.”
Os problemas com a facção local começaram quando ele conheceu uma garota através do Facebook e começou a se relacionar com ela virtualmente.
O jovem descobriu que a menina era menor de idade e resolveu pôr um fim no relacionamento.
A garota se revoltou ao saber da decisão e resolveu se vingar, falando para traficantes que o jovem e seus amigos eram um X9, gíria para se referir a delatores.
Apenas a denúncia foi suficiente para que os jovens fossem torturados e queimados vivos pelos bandidos:
“Eles não procuraram saber se era verdade ou se era mentira, só que quando eu fiquei sabendo não dava para fazer mais nada, já tinham pegado ele, tinham batido nele e nos colegas e depois queimaram eles vivos.”
O assassinato permaneceu em segredo, os próprios traficantes fingiram ajudar o pai nas buscas:
“O pior foi que eles nem me falaram que foram eles que fizeram, eles ficaram andando comigo para cima e para baixo de moto, me ‘ajudando’ a procurar ele. Fui em várias comunidades com eles na moto para procurar onde estava meu filho.”
Enquanto percorriam uma comunidade, um dos homens que pilotava a moto contou sobre o assassinato.
“Aí eu junto as coisas, fui embora, quando eu voltei para pegar o restante, um dos bandidos me ligou e disse: ‘Nem pisa aqui, a ordem é pegar sua esposa e seu filho, a menina conseguiu convencer eles de que sua esposa e seu filho são X9’.”
Após esse ocorrido, o pai foi para uma delegacia de polícia na região da Penha, onde contou às autoridades sobre o caso.
Depois de prestar queixa ele voltou para pegar alguns pertences em sua antiga casa, quando viu dois policiais que estavam na delegacia conversando com alguns membros da facção.
Ao ver a cena, o homem deixou a região da Penha e foi para a Cidade da Polícia junto com um amigo advogado.
Os dois pediram para a delegada abrir um Boletim de Ocorrência falso para ver se os criminosos conseguiam acessar a informação:
“Pedimos para a delegada fazer um boletim falso, para que ninguém visse o que eu estava falando, tudo que eu estava falando na Cidade da Polícia, alguns policiais da Penha viram e passaram para os bandidos.”
Então, um dos criminosos ligou para o telefone do morador e disse: "tudo que você tá falando aí na delegacia os bandidos tudinho aqui e o chefe estão sabendo de tudo. Tem policiais lá da Penha passando tudo para eles, tu morou 24 anos aqui e nunca notou isso?".
O homem seguiu contando que já viu policiais corruptos ajudando traficantes em diversas situações:
“Eu já vi bandido fugir dentro de um carro da polícia, o caveirão lá em cima, o bandido chefe entrar dentro de um carro e ir embora. Qualquer morador de qualquer outra comunidade vai te falar o mesmo”
O Rio de Janeiro se tornou um triste retrato da realidade brasileira. Uma cidade maravilhosa, repleta de belezas naturais, que foi tomada por facções criminosas.
A Brasil Paralelo investigou como a capital carioca se transformou em um verdadeiro campo de guerra no filme Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas.
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