Joel Le Scouarnec se aproveitou do cargo de cirurgião digestivo para abusar sexualmente de 299 pacientes de 12 hospitais entre os anos de 1989 e 2014.
A grande maioria das vítimas eram menores de idade, 256 tinham menos de 15 anos na época dos abusos.
A vítima mais jovem de Le Scouarnec tinha apenas um ano de idade quando foi molestada, já a mais velha estava com 70 anos.
O julgamento deverá durar quatro meses, Le Scouarnec poderá pegar até 20 anos de prisão, a pena máxima na França.
O tribunal de Vannes se reuniu pela primeira vez para discutir o caso ontem, 24 de fevereiro. O médico confessou os crimes:
“Se estou comparecendo diante de vocês, é porque um dia, quando a maioria era apenas crianças, cometi atos abomináveis… Estou perfeitamente ciente hoje de que essas feridas são indeléveis, insubstituíveis, e não posso voltar no tempo”.
O acusado também disse que quer “assumir a responsabilidade” por seus crimes e entende as consequências para as vítimas.
A advogada que representa 39 pacientes, Marie Grimaud, disse que as vítimas “esperam recuperar um pouco de dignidade, humanidade e, acima de tudo, consideração por parte da Justiça".
O caso começou em 2017 quando a polícia recebeu uma queixa sobre um ataque sexual do médico à filha de 6 anos de uma vizinha.
Ele foi condenado a 15 anos pelo estupro dessa menina e também de uma paciente e duas sobrinhas em 2020.
No entanto, esse foi apenas o começo de uma rede de descobertas aterrorizantes feitas pela polícia da cidade de Vannes.
Quando vasculharam a casa de Scouarnec encontraram vídeos de pornografia infantil e uma série de diários, nos quais o médico relatava os abusos com os mínimos detalhes. Ele costumava mencionar datas, locais e até mesmo o primeiro nome de suas vítimas.
Os cadernos contavam que a maioria das vítimas era abusada enquanto estavam sozinhas, dormindo ou em coma.
Os ataques aconteciam em quartos, salas de cirurgia e até nas salas de recuperação após as operações.
O cirurgião escrevia os relatos como se fossem “cartas” para as vítimas, em muitos casos escrevendo “eu te amo” no final.
O juiz Ronan Le Clerc explicou durante uma entrevista para o canal RFI que o caso inverte a lógica das investigações sobre abusos sexuais:
“Normalmente, são as vítimas que procuram o departamento de investigação para reclamar. Nesse caso, é o contrário: foram os departamentos de investigação que descobriram a existência de vítimas que, às vezes, foram informadas pela polícia que haviam sido tocadas, agredidas sexualmente ou estupradas”
O caso vai a julgamento alguns meses depois de Dominique Pericot ter sido condenado a 20 anos de prisão por drogar sua esposa e chamar homens para estuprá-la.
O caso que chocou o mundo levou à prisão de 50 homens que abusaram da esposa de Pericot. A Justiça encontrou 200 gravações dos abusos sexuais.
Segundo dados divulgados pela Fundação Abrinq, o Brasil registrou 62.091 denúncias de abusos sexuais em 2022.
A maioria das vítimas, cerca de 75% , foram crianças e adolescentes com idades inferiores a 19 anos.
Isso significa que aproximadamente 45 mil denúncias feitas em apenas um ano envolveram menores de idade.
A maior parte dos casos de abuso sexual,68,7% deles, acontecem dentro de casa, com pessoas próximas.
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