De pequena empresa do Sul do país a campeã mundial em geração de resultados no setor aéreo, a Varig teve uma trajetória parecida com a do Brasil: mesmo com as ferramentas e os recursos humanos ideais para ser gigante, sempre caiu nas mãos de um Estado em busca dos próprios interesses.
Todos os fatores que provocaram a ascensão e queda da Varig serão contados no novo documentário da Brasil Paralelo, “Varig: A Caixa Preta do Brasil”.
O filme estreia nesta segunda-feira, 12 de dezembro, às 20h, e mostra depoimentos inéditos sobre o fim desse patrimônio nacional.
Os maiores especialistas em aviação do país, além de ex-funcionários da Varig, foram ouvidos para a elaboração de um dossiê completo sobre a primeira multinacional do Brasil.
No mercado de aviação por quase 80 anos, a Varig ergueu um império e construiu no imaginário dos brasileiros algo sem paralelo no mercado nacional: um sentimento de orgulho, patriotismo e pertencimento.
Além de maior companhia aérea, foi também a maior empresa de manutenção de aviões e de transporte de carga da América Latina. Mas sucumbiu ao que o mercado internacional chama de "crony capitalism", como explica o jornalista e escritor Armando Levy:
"É quando aqueles que detêm o poder político manipulam o mercado para servir a alguns grupos do seu interesse, que recebem todas as vantagens de competição".
Levy investigou a história da Varig por dois anos, trabalho que resultou na publicação do livro Os Abutres e a Varig.
Ele foi um dos entrevistados para o documentário e afirma que foi justamente esse capitalismo atravancado, no qual os amigos governo é que ganham, que imperou por décadas do Brasil.
"Esse jogo político destrói a economia brasileira, gera desemprego, pobreza e desigualdade. Enquanto isso não mudar, os empresários brasileiros estarão concorrendo em condições de desigualdade e não avançaremos enquanto nação".
César Curi é ex-presidente do Conselho de Administração da Fundação Ruben Berta, controladora da Varig. Trabalhou no grupo por 35 anos e garante que sua falência foi um crime de lesa-pátria e que se deu principalmente por intervenções estatais.
"Acredito que todo processo que envolve a destruição de uma empresa tem vários fatores contribuintes. Mas as medidas dos governos não deram à Varig alternativas de subsistência no transporte aéreo".
Curi também participou do documentário, o qual indica como essencial para entendermos quão prejudiciais podem ser as relações entre governos e empresas.
"O Brasil vive um modelo de capitalismo predatório".
Conhecer a trajetória da Varig é essencial para entender o porquê o Brasil tem todos os recursos necessários, mas não prospera.
Economicamente e socialmente, existem barreiras históricas que serão contadas em declarações inéditas no novo documentário da Brasil Paralelo: “Varig: A Caixa Preta do Brasil”.
O filme busca esclarecer a relação entre as ações do Estado e o fim de empreendimentos como a Varig, que foram essenciais para o desenvolvimento do país.
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