Depois de 13 anos de guerra civil, o ditador sírio Bashar al-Assad deixou a capital Damasco e fugiu para o território russo.
O acontecimento histórico deu fim ao regime brutal da família que controlou o país por mais de 50 anos. Apesar disso, o país pode estar traçando um caminho perigoso.
As lideranças do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a principal força rebelde, têm adotado um discurso moderado.
O principal nome do grupo, Abu Mohammed al-Golani, pediu que seus combatentes poupem “aqueles que largarem as armas” e aceitaram a vitória do HTS, apontando para o interesse em uma transição pacífica.
Ainda não se sabe se o discurso moderado vai se refletir nas políticas do novo governo ou se é apenas uma forma de conquistar apoio internacional no momento.
Os principais temores acontecem por causa do histórico extremista do HTS e de Al-Golani, que tem ligações com a al-Qaeda.
O governo Assad era violento ao mesmo tempo em que seguia a linha ideológica do Partido Baath, uma organização que pregava um Estado laico e intervencionista.
A própria família Assad pertencia a uma minoria étnico-religiosa, muçulmanos alauitas, e favoreciam outros grupos minoritários, como cristãos ortodoxos e drusos.
A maioria do povo sírio é muçulmana sunita, um dos grupos que se sentiam mais prejudicados pelo governo Assad.
Al-Golani tem afirmado que o HTS vai garantir a liberdade religiosa no país e tem aparecido ao lado de líderes cristãos para sinalizar que fala a verdade.
Apesar disso, os cristãos sofreram com restrições às práticas religiosas e com o confisco de terras nas regiões conquistadas pelo HTS ao longo da guerra civil.
Um cristão entrevistado pelo Washington Post mostra a desconfiança da população sobre o novo governo:
"Eles não estão assediando ninguém; estão ajudando as pessoas. Talvez seja um jogo psicológico para conquistar as pessoas e uma vez que tenham o controle, algo mudará."
Al-Golani nasceu em uma família de exilados sírios na Arábia Saudita. Em 2003, foi para o Iraque, onde combateu a ocupação americana ao lado de grupos jihadistas.
Em 2013, foi enviado para a Síria para se tornar o líder da Frente Al-Nusra, o braço da al-Qaeda no país.
O líder foi classificado pelo Departamento de Estado dos EUA como um "terrorista global especialmente designado".
Os EUA ofereceram uma recompensa de US$10 milhões para quem pudesse entregar informações que levassem à sua captura.
Para melhorar a imagem de sua organização e conseguir apoio, Al-Golani rompeu formalmente os laços com a al-Qaeda em 2016 e mudou o nome de seu grupo para Jabhat Fateh al-Sham.
No ano seguinte, o movimento se fundiu com outros grupos jihadistas menores e adotou o nome atual.
O grupo passou a enfrentar forças do governo e até mesmo alguns grupos rivais dentro da oposição.
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