Gilson da Silva Pupo Azevedo afirma hoje que Deus sempre cuidou de sua história.
Nascido em 17 de dezembro de 1986, em São Paulo, filho de Jorge e Helena.
Filho de pais separados, morou por um tempo com os avós, até ser levado pela mãe para viver com ela.
Sua mãe se converteu por influência do namorado, coordenador de um grupo católico de oração.
Casaram-se após ela conseguir a nulidade matrimonial de seu primeiro casamento com o pai de Gilson. Quando isso acontece, a Igreja reconhece que o primeiro casamento nunca aconteceu de fato, o que torna possível um novo enlace.
Frei Gilson relembra as visitas do padrasto aos domingos, ocasiões em que sua mãe preparava refeições especiais para ele. Depois, era o religioso quem lavava a louça. Isso acabou lhe gerando revolta.
Ao contar sobre o casamento dela, diz que estava “amuado” nas fotos da cerimônia. Hoje, nutre carinho pelo padrasto.
“Eu amo o Bernardo. Ele foi muito importante na minha vida. Graças a Deus, ele entrou na vida de minha mãe”.
Aos 9 anos foi colocado na catequese infantil e obrigado a ir às missas aos domingo, nas quais ficava andando pela igreja distraído com as imagens e adornos.
Dois anos depois, o casal decidiu voltar para São Paulo e se instalar na favela de Paraisópolis. Nesse período, o jovem se tornou ainda mais rebelde.
“Eu era malcriado, brigava e aprontava com os amigos. Eu não aceitava tudo aquilo. Não entendia”.
Foi então que Bernardo começou a ensiná-lo a tocar violão para tentar melhorar a relação entre os dois. Nessa época, sua mãe abriu um grupo de oração na comunidade, e ele passou a cantar nas reuniões.
O grupo cresceu e se tornou famoso. Até que um dia, ele precisou cantar e tocar ao mesmo tempo. Para o menino de 13 anos foi um choque de responsabilidade.
“Eu me sentia mentiroso. Eu cantava o que eu não vivia e ministrava o que não vivia. Nesse processo, fui me convertendo”.
Aos pais que, como dona Helena, preocupam-se com os filhos não buscarem a Deus, o Frei aconselha:
“O problema é que há pais que estão querendo converter os filhos, mas nem eles próprios são convertidos de verdade. Santos geram filhos santos. A conversão de um pai no tempo certo, ou mesmo que não seja no tempo certo, mas uma conversão verdadeira, faz a diferença. A conversão da minha mãe foi verdadeira. Minha mãe começou a amar Jesus. Eu, por exemplo, lembro de vezes que minha mãe levou um homem para dentro de casa, naquele cubículo. Ela tinha um namorado e eles moravam meio que juntos. Então, eu pude ver um pouquinho da minha mãe ter Deus. Depois, minha mãe ficou apaixonada por Deus. Ela não aceitava mais o pecado, não aceitava mais desagradar Jesus. Minha mãe amava Jesus, amava a missa, amava a adoração. A conversão dela gerou a minha conversão”.
Ao assistir aos programas da TV Canção Nova, as pregações do padre Léo chamaram sua atenção. Durante o evento ‘Kairós Eu Te Levantarei’, em 2021, contou da primeira vez em que escutou o sacerdote.
“Eu estava sozinho em casa e liguei a TV. Eu era ainda um garoto de mais ou menos 14 anos, e aquele homem começou a pregar e eu comecei a chorar. Eu chorei, chorei, chorei, pois aquela pregação entrou e minha alma”.
Um tempo depois, começou a frequentar os acampamentos na comunidade Canção Nova e passou a se encantar com as palavras do sacerdote.
“Eu escutava Padre Léo pregar e me tocava muito, pois era um sacerdote profundo, conhecedor da Bíblia, e, que, ao mesmo fazia todos rirem, alegrarem-se e também trazia um apelo à conversão”.
Outra influência em sua conversão foram as comunidades católicas carismáticas, que se destacam por cantar músicas católicas no estilo pop. Uma das mais apreciadas por ele é a Canção Nova, fundada por padre Léo.
Aos 18 anos, Frei Gilson ingressou nos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo (CMES), uma ordem que valoriza a vida segundo o Espírito, combinando oração e ação apostólica.
Isso envolve evangelizar e realizar boas obras, guiados pelos dons espirituais. Inicialmente, ele viveu como frade, mas ainda não era padre.
Frei Airton Sousa explicou que 'frei' é um título tradicional das ordens religiosas antigas, onde um frade pode ser um irmão ou um sacerdote."
“São as chamadas ordens mendicantes, que surgiram ainda na Idade Média. É o caso dos franciscanos, dos carmelitas, dominicanos, capuchinhos, mercedários entre outros”.
Nove anos depois de entrar para os carmelitas, Frei Gilson finalmente se tornou padre. Foi ordenado no dia 7 de dezembro de 2013 aos 27 anos.
Pouco depois, foi nomeado pároco na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, localizada no bairro Jardim Três Corações, região de Santo Amaro, capital paulista.
O religioso liderou a comunidade por nove anos, sendo substituído em 2023.
Os cantos no grupo de oração em Paraisópolis inspiraram Frei Gilson a tocar as pessoas através da música. Depois de entrar no convento, os cantos faziam parte da vida do religioso.
Até que o padre Edmilson, da Canção Nova, o aconselhou a gravar um CD:
"E eu falei: ‘Padre, mas eu não quero ser um padre cantor, não quero ficar cantando por aí. Eu não quero, não penso isso.’ "
Sua intenção não era cantar. Ele queria viver em sua paróquia, cuidar dela. No entanto, o álbum lançado em 2015 “explodiu” em todo o país.
“Eu comecei a receber chamadas do Brasil inteiro para sair porque queriam que aquele ministério também fosse exercido nas suas dioceses, nos seus grupos”.
Frei Gilson destaca que o sucesso que faz hoje nunca foi buscado, aconteceu de modo espontâneo.
“Eu não quis, ele [Deus] fez. As coisas começaram a crescer e eu nunca busquei, mas ele foi fazendo a coisa acontecer”.
Já as pregações na internet se tornaram famosas em 2017, quando ele estava há 3 anos em sua paróquia.
Vendo que as pessoas o escutavam, decidiu se dedicar a evangelizar pelas mídias sociais. Conta que em cerca de 4 anos de trabalho, recebeu muitos testemunhos de conversão.
“É lindo ver o que a rede social onde a gente pode chegar através desse meio de evangelização”.
A evangelização do Frei tem números impressionantes. Atualmente, seu canal do YouTube conta com 5,59 milhões de inscritos.
No instagram 5,8 milhões de pessoas acompanham o trabalho que ele realiza, com uma média de 1 milhão de visualizações por vídeo postado.
No Facebook, o trabalho dele é apoiado por 2,2 milhões de usuários. Seu último DVD, lançado em 24 de agosto de 2024, já foi assistido por mais de 1,6 milhão de pessoas e tem duração de de 5h.
Além do trabalho nas redes sociais, Frei Gilson também lançou o “Oração Play”. A ideia é ajudar as pessoas a rezar.
Para usar gratuitamente é preciso acessar a loja de aplicativos do celular. Nele, o fiel tem acesso à Bíblia, orações da Igreja e testemunhos de fé.
Há também a liturgia diária e meditações do evangelho. A plataforma também disponibiliza um espaço para pedidos de oração para os freis da comunidade.
“Nós seremos acionados e teremos a missão de rezar pelo seu pedido”.
O Oração Play”está disponível para Android e iPhone.
Uma das iniciativas liderada por ele é a oração da Quaresma de São Miguel Arcanjo. Tratam-se de 40 dias de oração nos quais os fiéis se dedicam a rezar de forma mais profunda.
A corrente de fé acontece entre 15 de agosto e 29 de setembro. Frei Gilson conduz seus seguidores nessa jornada rezando às 4h da manhã de segunda a sábado durante o período.
Este ano, o religioso conseguiu alcançar mais de 500 mil pessoas ao vivo. No entanto, durante a madrugada do dia 18 de setembro, o carmelita não conseguiu fazer sua transmissão pelo Instagram.
A plataforma desabilitou a ferramenta de transmissão ao vivo em sua conta, sem conceder nenhuma justificativa.
As demais ferramentas, como stories e outros tipos de postagens, seguem operando normalmente.
A conta publicou uma mensagem na qual o Instagram informa que as transmissões ao vivo estarão impedidas pelos próximos 29 dias, voltando apenas em 16 de outubro.
O texto também menciona que as transmissões do Frei não estariam seguindo as diretrizes da rede social.
Em um vídeo publicado na conta, o religioso afirma que está em contato com a equipe do Instagram e foi informado que se tratava de um problema no sistema.
Outra imagem divulgada pela conta mostra o print de uma mensagem em que a plataforma afirma ter restabelecido a ferramenta, apesar disso, o Frei diz ainda não conseguir fazer lives.
No mesmo vídeo, o religioso disse que temia não conseguir utilizar a ferramenta antes do fim da Quaresma:
"Vamos terminar dia 29. E ontem, dia 17, o Instagram nos bloqueou dizendo que ferimos algumas das suas normas e não podemos fazer a transmissão ao vivo. O meu Instagram está funcionando normal, menos a transmissão ao vivo."
Pouco depois, a função voltou a funcionar.
No dia 27 de novembro de 2021, Frei Gilson compartilhou com seus seguidores a emoção de assistir ao matrimônio de seu pai. Ele e a esposa moravam juntos por 23 anos até conseguirem se casar na igreja, algo que só foi possível com a nulidade do casamento de seus pais.
“Hoje eu celebrei o casamento mais especial da minha vida, celebrei o casamento do meu próprio pai que morava junto já tinha 23 anos. Hoje ele se casou e pude dar a comunhão para ele e sua esposa depois de tanto tempo. Já fiz muita gente casar nestes meus anos de padre, mas faltava meu pai, hoje escrevo chorando que Deus me deu essa graça. Sinto que hoje coloquei meu pai no céu. Desejo ao meu pai Jorge e à Maria sua esposa um casamento feliz”.
A história de fé de Frei Gilson pode servir de inspiração para quem crê que as circunstâncias determinam a vida de uma pessoa.
Após enfrentar uma série de problemas sérios ao longo da vida, ele hoje dedica sua vida a evangelizar pelas redes sociais.
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