Desde domingo (28) está chovendo sem parar no extremo sul do país. O governo estadual está se mobilizando para resgatar os atingidos e pede calma à população. O fenômeno é considerado atípico por especialistas e pode ter sido agravado pela falta de planejamento urbano.
Segundo Vitor Augusto, professor do curso de Ciências Humanas e Atualidades Terra Negra, essas fortes chuvas são popularmente conhecidas como zonas de instabilidade climática. Ocorreram pelo contato entre uma massa de ar quente com uma massa de ar frio.
“O ar frio (mais denso) empurra o ar quente (menos denso) para cima, e isso faz com que o ar quente entre em contato com camadas mais altas e frias na atmosfera. Logo, a umidade presente na massa de ar quente irá produzir bastante chuva.” - disse Vitor em entrevista ao portal Brasil Paralelo.
O professor também explicou que geograficamente o Rio Grande do Sul está inserido no chamado “clima subtropical”. Nessas regiões, corriqueiramente já existe um grande volume de chuvas. A diferença é que as precipitações deste ano se concentraram em locais bem específicos e em alto volume.
“Tivemos locais que variaram entre 300mm e 500mm de chuvas no acumulado dos últimos dias, valores como esses são assustadoramente elevados. Só para entendermos essa questão em bases comparativas, nos meses mais chuvosos de Porto Alegre não chegamos a 200mm de chuva. Ou seja, 500mm em poucos dias é realmente um volume assustador.” - explicou.
Em algumas estradas, barrancos cederam deixando o acesso a algumas cidades restrito.
Especificamente sobre isso, Augusto explica que esses movimentos ocorrem quando a tensão aplicada sobre o solo aumenta ao ponto de conseguir vencer a resistência a esse movimento.
“É justamente aí que a água entra como o principal componente desses desastres. Quando nós temos um volume muito grande de chuvas, a água vai encharcar o solo, aumentando o seu “peso”.
Para simplificar bem, compara a situação a um castelo de areia que as crianças fazem na praia usando baldinhos de brinquedo.
“Quando uma a criança está na praia brincando de montar castelinhos de areia e coloca a areia dentro do balde para deixar no formato correto, ela não pode colocar água em excesso porque se não quando ela virar o balde, não haverá estrutura sustentando o castelo porque haverá uma desproporção entre água e areia, levando-o a ruir.”
No último domingo, o governo do Rio Grande do Sul publicou nas redes sociais oficiais do Estado um vídeo alertando a população sobre um alerta de chuva forte entre os dias 29 de abril e 03 de maio.
No dia seguinte, o alerta foi elevado para “grande perigo” pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No mesmo dia, autoridades municipais passaram a publicar pedidos de paciência à população em suas redes sociais.
Desde o início das enchentes, o governo do Estado mobilizou todas as forças de segurança do Estado para socorrer feridos e desabrigados. O perfil oficial do Estado publicou na terça-feira um vídeo que mostra uma conversa telefônica entre o governador Eduardo Leite e o presidente da República.
Leite disse a Lula que a situação iria piorar e solicitou apoio do executivo federal. Outros Estados também já enviaram ajuda para o Estado.
Lula tem viagem marcada hoje para a cidade de Santa Maria. Segundo vídeo publicado pelo governador Eduardo Leite nas redes sociais oficiais do executivo estadual, os mandatários irão sobrevoar algumas das regiões atingidas pelas chuvas.
O governador informou no mesmo vídeo que o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas, emprestou um helicóptero para ajudar na assistência aos feridos e desabrigados. As aeronaves estão ajudando nos resgates na região de São Sebastião do Caí, no leste do Estado.
Além do helicóptero enviado pelo governo de São Paulo, o governo do Paraná enviou hoje (02) ao Rio Grande do Sul o helicóptero Falcão 8 do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas. Além da aeronave, também foi enviada uma equipe com quatro policiais militares especialistas em resgate aéreo.
Os profissionais vão reforçar as equipes de busca e salvamento dos atingidos pelas enchentes, informou hoje cedo a Agência Estadual de Notícias do Paraná.
O governo de Santa Catarina também enviou ajuda aos gaúchos. Segundo a Agência de Notícias SECOM, equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina estão no Rio Grande do Sul ajudando no atendimento às ocorrências devido ao excesso de chuvas.
A Secretaria também informou que boa parte dos atendimentos está relacionada ao resgate de pessoas que estão em áreas alagadas. Há ainda equipes catarinenses ajudando em uma ocorrência de deslizamento de terra.
A prefeita da cidade de Santa Tereza, Gisele Caumo, disse em vídeo publicado pelo jornalista Danúzio Neto no instagram, que esse é um dos piores momentos da cidade. Ela mostra no vídeo que o principal acesso ao município foi interditado devido ao asfalto ter cedido.
Disse que apesar de ter providenciado caminhões para desobstruir o local, o solo encharcado ofereceria riscos a quem fosse operar as a máquinas. Gisele pediu paciência e compreensão da população.
Por fim, um fator que pode ter piorado as consequências das fortes chuvas que atingem o extremo sul do Brasil é o relevo da região. O professor Vitor Augusto relatou que a ocupação densa de vales e rios pode ser um dos fatores que levou à calamidade.
“É importante destacar que naturalmente, inundações urbanas ou rurais (popularmente, e equivocadamente, conhecidas como enchentes) e deslizamentos de terra são fenômenos naturais, que foram potencializados pela ação do homem.
Finalizou destacando que a falta de investimentos na prevenção de eventos como este além de vitimar pessoas, custará muito aos cofres públicos.
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