Uma operação policial realizada ontem (23/07) revelou uma complexa rede de atividades ilícitas envolvendo a maior facção criminosa do Brasil. A PM desvendou a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no bairro Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo.
O PCC passou a utilizar vários negócios localizados na região como uma espécie de centro de lavagem de dinheiro. Entre os investimentos no bairro estão imóveis de luxo, carros importados e distribuição de combustível. Os criminosos ainda são acusados de participar de uma série de empreendimentos como fintechs e bitcoins.
A operação da PM recebeu o nome de “Fim da Linha” e foi conduzida pelas Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA), grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo. Eles cumpriram uma série de mandados de busca e apreensão na Rua Itapeti, no Tatuapé.
No epicentro das investigações está um apartamento localizado no Edifício Figueira, localizado no Alto do Tatuapé. O imóvel é o prédio mais alto de São Paulo, com 50 andares. Lá, mais de 50 armas foram apreendidas.
O apartamento investigado, registrado em nome da AHS Empreendimentos, estava sendo utilizado por Silvio Luiz Ferreira, conhecido como “Cebola”, um membro de alto escalão do PCC. Ferreira nega que tenha cometido qualquer crime ou que tenha qualquer envolvimento com a facção.
Outro nome central nas investigações é o advogado Ahmed Hassan Saleh, apelidado de “Mude”, suspeito de facilitar a lavagem de dinheiro da organização por meio de imóveis de luxo na região. De acordo com a Polícia Militar, empresas de fachada e “laranjas” teriam sido empregadas para ocultar a identidade dos verdadeiros proprietários, todos ligados à facção criminosa.
Imóveis avaliados entre R$2 e R$20 milhões nos bairros do Tatuapé, Jardim Anália Franco e Vila Regente Feijó estão agora sob a mira da Receita Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Desde 2018, diversas operações policiais revistaram apartamentos na região. Assim, teriam reunido provas de que alguns pertenciam a figuras ligadas ao crime organizado.
A construtora Porte Engenharia teve três dos cinco principais prédios listados em investigações. Segundo reportagem de O Estadão, um ex-diretor da empresa era identificado como corretor de imóveis de luxo para membros do PCC.
A investigação da PF revela que a empresa Cash Back Turismo e Serviços Empresariais, localizada no Tatuapé, teve R$200 milhões bloqueados pela Justiça. A alegação foi a suspeita de operar como um “Banco do Crime”, movimentando R$10 bilhões em apenas dois anos.
Desde 2018, o Tatuapé tem sido palco de intensos conflitos relacionados ao tráfico de drogas. Entre as vítimas estão figuras notórias da facção como Cabelo Duro, Galo Cego e Magrelo, que foram mortos. Outros membros teriam sofrido tentativas de homicídio.
A operação da PM causou reações em parlamentares ligados à agenda de segurança pública.
O deputado Coronel Telhada (PP-SP) acredita que seja importante desestruturar a organização:
Ex-comandante da ROTA, o parlamentar disse ao portal Brasil Paralelo que é “importantíssimo desmantelar e asfixiar o poderio financeiro do PCC” para que o combate ao crime organizado seja eficiente.
“Durante o período que estive no serviço ativo da Polícia Militar, tive a honra de comandar a ROTA. E lá pude ver de perto e senti na pele a ousadia do PCC. O Estado e as forças de segurança não podem estar reféns de uma organização criminosa. É isso o que eles querem: que a polícia abaixe a cabeça. Portanto, é importantíssimo desmantelar e asfixiar o poderio financeiro do PCC”, afirmou Telhada.
Membro da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o deputado federal Sargento Portugal (Podemos-RJ) defendeu a importância de aumentar o rigor nas leis que punem facções:
“Endurecer a legislação penal e tentar minar o fluxo financeiro são os caminhos para combater organizações criminosas”, disse em entrevista exclusiva.
Ele também falou que a lavagem de dinheiro faz parte do “modus operandi” de organizações criminosas.
“E uma das soluções para isso é endurecer a legislação penal e tentar minar o fluxo financeiro deles. É um mal que assola os cidadãos de bem. Por isso, temos que parabenizar a Polícia Militar paulista e o Ministério Público pela operação”.
A defesa de Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, é representada pelo advogado Anderson Minichillo. Ele afirma que seu cliente nunca teve imóveis no Tatuapé e nega qualquer envolvimento com o tráfico.
A defesa de Marcola, outro líder da organização, rebate as acusações. O advogado destaca que seu cliente foi absolvido em primeira instância e que não existem provas que o associem à lavagem de dinheiro.
A revelação dessa rede complexa de atividades ilícitas no Tatuapé expõe a profundidade da influência do PCC em São Paulo. Provoca também um debate sobre a eficácia das políticas de segurança pública e a necessidade de um combate mais efetivo ao crime organizado.
A operação “Fim da Linha” é importante, mas apenas um passo na longa jornada para desmantelar a maior facção criminosa do Brasil.
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