O principal candidato do governo à presidência do Senado pode enfrentar problemas. Davi Alcolumbre (União Brasil- AP) foi mencionado na Operação Overclean de modo indireto. Isso porque sua chefe de gabinete foi mencionada nas investigações.
A Operação Overclean foi deflagrada recentemente pela Polícia Federal e investiga um esquema de desvio de recursos públicos em contratos de limpeza urbana e obras públicas em diversos estados brasileiros.
No centro das apurações está o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, proprietário da MM Consultoria Construções e Serviços, que atua no ramo de limpeza urbana em 17 municípios da Bahia.
Os indícios recolhidos na Operação apontam que Moura, membro da Executiva Nacional do partido União Brasil, teria utilizado suas empresas para fraudar licitações e desviar verbas provenientes de emendas parlamentares. A Polícia Federal estima que os contratos sob suspeita movimentaram cerca de R$825 milhões em 2024, com desvios que podem alcançar R$1,4 bilhão.
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Conversas interceptadas pela Polícia Federal e que constam no inquérito indicam que José Marcos de Moura orientou contatos com Ana Paula para viabilizar a liberação de recursos públicos para prefeituras baianas em contratos específicos.
A Operação Overclean também teve como um dos principais alvos o estado do Amapá, reduto eleitoral de Alcolumbre, ampliando as especulações sobre seu possível envolvimento no esquema.
Até o momento, Davi Alcolumbre não se manifestou publicamente sobre o inquérito. A Polícia Federal continua a apurar as conexões entre os envolvidos e a extensão dos desvios.
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Em paralelo, o cenário político no Senado se movimenta em torno da eleição para a presidência da Casa, marcada para 1º de fevereiro.
Davi Alcolumbre desponta como favorito, contando com o apoio de partidos como PP, Republicanos, PSB, PDT, PT e seu próprio partido, o União Brasil.
No entanto, a disputa ganhou novos contornos com a candidatura independente do senador Marcos Pontes (PL-SP). Sua decisão de concorrer sem o respaldo do Partido Liberal (PL), que apoia Alcolumbre, gerou atritos internos e descontentamento. Jair Bolsonaro classificou a atitude de Pontes como “lamentável” e fruto de “ambição pessoal”.
Em resposta, Pontes afirmou que respeita “a decisão do partido votar no senador Davi Alcolumbre”, mas destacou que não irá segui-la pois age de acordo com suas convicções.
A cúpula do PL, incluindo Valdemar Costa Neto e Rogério Marinho, busca dissuadir Pontes de manter sua candidatura, visando evitar divisões internas e preservar a unidade em torno de Alcolumbre. Enquanto isso, o senador continua articulando apoios, inclusive acenando para a bancada ruralista, participando de reuniões com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para discutir prioridades legislativas para 2025.
O líder do PT no Senado, Beto Faro (PA), defendeu candidatura de Alcolumbre. “É fundamental que, neste momento de reconstrução nacional, nós tenhamos equilíbrio e experiência no comando das nossas instituições. E o senador Davi [Alcolumbre] já provou ter a capacidade de gestão e liderança para dar continuidade ao trabalho desempenhado por Rodrigo Pacheco”, destacou.
Já o deputado Mário Frias (PL-SP), um dos aliados mais próximos de Bolsonaro no Congresso Nacional, comentou o apoio do ex-chefe de Estado ao senador amapaense. O parlamentar fez questão de frisar que o presidente de honra do PL “não é aliado político do Alcolumbre”.
“Qualquer pessoa minimamente decente sabe perfeitamente bem que o presidente Bolsonaro não é aliado político do Alcolumbre. Qualquer pessoa minimamente honesta sabe que eles não possuem os mesmos conjuntos de valores ou as mesmas convicções. Todos sabemos que o atual arranjo para a eleição da presidência do Senado é uma necessidade pela completa falta de votos para elegermos alguém 100% nosso. Toda essa conversa de que Bolsonaro tá obrigando a apoiar o Alcolumbre é coisa de canalha que sabe muito bem que não se trata de apoio, mas de um acordo necessário para ter algumas comissões, para ter alguma chance de trabalhar. Ninguém espera que por causa desse acordo o Alcolumbre vire um santo e por causa disso comece a mudar o Brasil”, afirmou Frias.
Apesar das denúncias e da repercussão da Operação Overclean, Davi Alcolumbre mantém ampla vantagem na disputa e deve oficializar seu retorno à presidência do Senado no próximo dia 1º de fevereiro.
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