A princesa Isabel foi uma das mais importantes personagens da história do Brasil. Sua ações vão desde a abolição da escravidão ao auxílio na resolução de conflitos internacionais.
Este artigo foi baseado na entrevista feita com o historiador Thomas Giuliano, pós-graduado em História e professor do Grupo de Estudos Morro do Livramento.
Descubra quem foi a Princesa Isabel e qual a sua importância na história do Brasil.
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, a princesa Isabel, é filha do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina. Ela nasceu no Palácio Imperial de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, no dia 29 de julho de 1846. Ela era a segunda filha de seus pais.
Mesmo sendo a segunda filha, a princesa Isabel tornou-se a herdeira do trono com 11 meses de idade devido a morte do filho mais velho do imperador, Afonso Pedro, com apenas dois anos.
Tempos depois, o imperador D. Pedro II e sua esposa tiveram outro herdeiro do sexo masculino, Pedro Afonso, mas este, assim como o primeiro herdeiro, faleceu na infância. Isso fez, novamente, com que a Princesa Isabel fosse nomeada herdeira.
Para a educação da futura imperatriz e de sua irmã, a Princesa Leopoldina, D. Pedro II designou como primeira preceptora a Condessa de Barral, filha do Embaixador Domingos Borges de Barros.
Para elaborar um programa de estudos completo, foram contratados diversos mestres, entre eles, o Visconde de Pedra Branca.
A Princesa Isabel mostrava grande interesse pelos estudos, e assim passou sua juventude entre aulas de literatura, latim, inglês, alemão, botânica, mitologia, matemática e a leitura dos Evangelhos.
No dia 29 de julho de 1860, aos 14 anos, obedecendo a Constituição, prestou o juramento de "manter a religião católica, observar a constituição política do País e ser obediente às Leis e ao Imperador".
Aos 18 anos, a Princesa Isabel casou-se com Luís Filipe Maria Fernando Gastão, seu famoso marido conhecido como Conde d’Eu. Em 1860, os pais de Isabel sondavam príncipes europeus para desposar sua filha e a irmã. Em 1864 chegaram os primos Gastão de Orléans, o Conde d'Eu e Augusto de Saxe, netos do rei Luís Filipe da França.
Dom Pedro desejava casar Isabel com Augusto, mas segundo ela, seu coração escolheu o Conde d’Eu. Em 15 de outubro de 1864, foi realizado o casamento da Princesa Isabel com o Príncipe Gastão de Orléans.
O cortejo saiu do Palácio São Cristóvão e seguiu para a capela do Paço Imperial, onde foi realizada a cerimônia. Princesa Isabel e Conde D'eu passaram a residir no bairro carioca das Laranjeiras.
Do seu casamento com Conde d’Eu nasceram quatro filhos: Luísa Vitória, Pedro, Luís e Antônio.
O marido da Princesa Isabel não era muito apreciado na corte brasileira devido a seu temperamento ríspido e a sua nacionalidade, que muitos viam com maus olhos por ser uma influência estrangeira no Império.
Quando se pensa quem foi a Princesa Isabel, geralmente se lembra o período em que ela governou o Brasil e sancionou a Lei Áurea, mas sua vida pública começou bem antes disso.
No dia 29 de julho de 1871, conforme a Constituição Brasileira de 1824, a Princesa Isabel, ao completar 25 anos, se tornaria a primeira senadora do Brasil. Diante dos personagens mais importantes do Império, a princesa jurou a Constituição.
Foi a primeira mulher eleita para o cargo e depois a primeira a ser chefe de Estado em todo o continente americano.
Por ser a herdeira do trono brasileiro, a Princesa Isabel tinha a responsabilidade de assumir o comando do país quando o imperador Dom Pedro II estivesse ausente.
Em três ocasiões a princesa exerceu essa regência. Seus governos mostraram que ela era profundamente contra a escravidão no Brasil. A primeira regência aconteceu em 1871, quando D. Pedro II viajou para a Europa.
Durante esse governo, no dia 28 de setembro de 1871 assinou a Lei do Ventre Livre, pela qual libertaria os filhos que nascessem de mãe escrava a partir daquela data.
A segunda regência da Princesa Isabel iniciou-se no dia 26 de março de 1876, quando D. Pedro II também viajou para a Europa e lá permaneceu até 1877.
Nesse período, a regente promoveu medidas para a melhoria do país, como a construção de estradas de ferro, e mediou o grande conflito da Questão Religiosa.
A terceira regência está associada ao grande feito da Princesa Isabel, explicado logo a seguir.
Em 1888, a Princesa Isabel assumiu o poder pela terceira vez quando Dom Pedro II precisou viajar para Europa por um tratamento de saúde. Ela aproveitou a oportunidade para acabar com a escravidão no Brasil.
“A princesa Isabel, na questão da abolição, compreendendo o problema no seu sentido mais nobre, ou seja, que era um atentado contra a dignidade da pessoa humana, que era assim que a princesa Isabel entendia a escravidão, e não apenas como motivo político; entendendo assim que ela pouco se importou se a partir da abolição a monarquia cairia, porque ela entendia a dignidade humana como algo superior a qualquer sistema político”. Thomas Giulliano
Nessa época, a campanha abolicionista contava com o apoio de vários setores da sociedade. O fim da escravidão era uma demanda nacional. A princesa já era grande aliada dos movimentos populares e dos partidários da abolição da escravatura.
No dia 13 de maio de 1888, a regente Isabel assina a Lei Áurea, que assim determinava:
"A partir desta data ficam libertos todos os escravos do Brasil".
A partir de então, ela passou a ser chamada de Redentora.
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu no Brasil o golpe republicano. A família real foi expulsa do Brasil e, assim, a princesa Isabel partiu com seu marido para o exílio na França.
A implantação da república no Brasil foi resultado da perda de apoio político da monarquia durante a década de 1880.
D. Isabel e sua família se instalaram no castelo da família do Conde d'Eu, na Normandia, no norte da França, que foi todo decorado com móveis e objetos brasileiros.
A Princesa Isabel faleceu na Normandia no dia 14 de novembro de 1921, aos 75 anos de idade. Ela morreu no exílio sem ter retornado ao Brasil.
Em 1920, a expulsão da família real foi revogada, mas, por motivos de saúde, a princesa não pôde retornar. Atualmente, seu corpo jaz enterrado em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A princesa Isabel fez o Brasil ser um país mais livre e chegou a administrar o país. No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, acabando com a escravidão no Brasil. Isabel também auxiliou a resolução do conflito da questão religiosa. Foi regente 3 vezes, administrando o país na ausência de seu pai.
É uma moda historiográfica do Brasil contemporâneo, especialmente das cadeiras universitárias, desmerecer o papel de Isabel na abolição. Quando perguntados quem foi a Princesa Isabel, insistem que seu papel na abolição foi secundário, quase como se ela fosse obrigada a sancionar a Lei Áurea.
Os fatos não sustentam essa narrativa.
O palácio real contava com diversos funcionários que eram ex-escravos acolhidos pela família real.
A Princesa Isabel sustentava um quilombo para onde os escravos fugiam, o famoso quilombo do Leblon.
O atual bairro de luxo da cidade do Rio de Janeiro era um renomado quilombo para onde alguns escravos fugiam e ele era sustentado pela Princesa Isabel, dada a sua dedicação e devoção à causa do abolicionismo.
É por conta deste quilombo que a flor camélia, uma bela flor branca, tornou-se símbolo da luta abolicionista. Os seus moradores cultivavam esta flor. A própria princesa trajava a flor na lapela de suas roupas.
A princesa, portanto, patrocinou esse quilombo e ajudou escravos a se emanciparem. Só isto já evidencia seu papel na causa abolicionista. Mas ela fez muito mais.
Em 1871, sancionou a Lei do Ventre Livre, que propunha que filhos de escravos nascidos no Brasil a partir de 1871 fossem livres, ou fosse libertos aos 8 anos e seu senhor seria indenizado, ou aos 21 conquistavam sua alforria sem qualquer preço.
Um importante passo na gradual abolição da escravatura.
E para então sancionar a Lei Áurea e pôr um fim definitivo a escravidão, não foi necessário somente assinar uma lei: Isabel precisou derrubar o Gabinete de Ministros do Barão de Cotegipe, um famoso defensor da escravidão, para poder nomear o abolicionista João Alfredo Corrêa de Oliveira e assim poder propor ao Parlamento a lei e finalmente aprová-la.
A princesa sabia que ao assinar a lei poderia colocar em risco a monarquia e seu governo, pois a pauta republicana avançava no país. E foi de fato o que ocorreu apenas um ano depois.
Já no exílio, narram seus biógrafos que lhe perguntaram:
“Se adivinhasse que perderia o Trono, teria assinado a Lei?”.
Respondeu:
“Quantos tronos houvessem a cair, eu não deixaria de assiná-la”.
Um desprendimento verdadeiramente heróico.
Assim, pondo a causa humanitária acima de qualquer regime político, assinou a Lei Áurea, que decretava:
“Art. 1º. – É declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil.
Art. 2º. - Revogam-se as disposições em contrário".
Devido a esse grandioso gesto, foi condecorada com a Rosa de Ouro pelo Papa Leão XIII.
A Lei Áurea libertou cerca de 700 mil escravos que ainda havia no país. Foi a grande conquista do abolicionismo no Brasil. O evento foi amplamente comemorado, as festas duraram uma semana, com celebrações, discursos, missas de ação de graças e muita euforia popular.
A abolição foi uma causa que mobilizou toda a sociedade brasileira, e a Princesa Isabel desempenhou um papel proeminente.
Devido ao seus esforços contra a escravidão e a assinatura da Lei Áurea, a princesa Isabel recebeu o título: A Redentora.
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