Francisco Solano López foi um estadista e militar, eleito como o segundo presidente da história do Paraguai. Como diplomata e frequentador das principais cortes europeias, ele se familiarizou com tecnologias e táticas de guerra que influenciaram suas decisões.
Durante seu governo, utilizou a economia crescente do país para promover melhorias e fortificações, impulsionando seu ideal expansionista que lhe rendeu o título de "Napoleão do Prata".
Como filho do primeiro presidente paraguaio, López não seguiu o conselho de seu pai em seu leito de morte, uma decisão que é narrada pelo economista Gastão Reis no quinto episódio da série Brasil: A Última Cruzada:
“‘Meu filho, jamais entre em guerra contra o Brasil’.
Sobre isso, Gastão comentou:
"Ele não apenas ignorou esse aviso, como também se envolveu em conflitos com o Uruguai e a Argentina.”
As decisões de Solano López e seu ideal expansionista levaram o Paraguai a se envolver no maior conflito armado da América do Sul. Neste artigo, buscaremos expor os principais pontos de sua vida e campanhas militares.
Francisco Solano López Carrillo nasceu em Assunção, capital do Paraguai, em 24 de julho de 1827. Ele era filho do primeiro presidente paraguaio, Carlos Antonio López. Aos dez anos, tornou-se aluno de Pedro Escada e, posteriormente, do jesuíta Padre Bernardo Pares.
De acordo com o historiador Narciso Binayán Carmona, membro da Academia Paraguaia de História, Solano López era descendente direto do descobridor e colonizador espanhol Domingo Martínez de Irala.
Solano López recebeu instrução principalmente em idiomas, em preparação para sua carreira política. Além do espanhol e do guarani, suas línguas nativas, ele também falava francês, inglês e português.
Desde cedo, foi educado tanto no campo político quanto no militar. Aos 18 anos, recebeu treinamento militar em Assunção e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro, especializando-se em fortificações e artilharia.
Durante o governo de seu pai, Solano López foi designado para missões políticas e internacionais. Ainda com 18 anos, foi nomeado general de brigada e comandou os exércitos paraguaios contra o governador da província de Buenos Aires, Juan Manuel de Rosas.
O presidente Carlos Antonio López decidiu fortalecer os laços com reinos e governos distantes. Para isso, enviou seu filho à Europa como líder de uma delegação diplomática, com o objetivo de estreitar relações e importar um sistema industrial para o Paraguai.
Solano López visitou países como Inglaterra, França, Prússia e Sardenha, permanecendo por mais tempo em Paris, onde frequentou a corte de Napoleão III, o primeiro presidente da Segunda República Francesa.
Na Inglaterra, Solano López adquiriu armas para o exército paraguaio e importou tecnologia bélica para o país. Em Paris, ao lado de Napoleão III, assimilou ideais que influenciariam suas futuras ações. Ele expressou suas intenções com a seguinte afirmação:
“Com meus paraguaios tenho o bastante para os brasileiros, argentinos e orientais; e ainda com os bolivianos, se se meterem a sonsos”.
Segundo Antonio Gutierrez Escudero, durante sua estadia na França, Solano López desenvolveu interesse por Napoleão Bonaparte. Inspirado pelo exército francês, mandou confeccionar uniformes semelhantes para seus soldados e, para si, encomendou uma coroa semelhante à de Bonaparte.
Ainda em Paris, o general paraguaio conheceu Eliza Lynch, uma irlandesa que vivia como cortesã. Posteriormente, levou-a para Assunção e casou-se com ela, com quem teve sete filhos.
Além de Eliza, Solano López teve outros relacionamentos amorosos ao longo de sua vida e teve, ao todo, 15 filhos. Ao retornar para Assunção, trouxe consigo seu filho mais velho, Jesus Maria Carrillo, juntamente com Eliza Lynch.
Em 1855, seu pai o chamou de volta ao Paraguai. Ao chegar em Assunção, nem o presidente nem a Igreja receberam bem sua esposa, Eliza, que viria a exercer grande influência sobre Solano López.
Segundo Antonio Escudero, Eliza Lynch tinha o desejo de transformar Solano López no "Napoleão do Novo Mundo", mas essa ambição também vinha de Solano López, que aspirava a criar um grande império e tornar-se imperador. Daí vem sua intenção inicial de casar-se com a Princesa Isabel, proposta que foi rejeitada por Dom Pedro II.
Solano López retornou ao Paraguai trazendo tecnologias industriais, material bélico e náutico. Logo após sua volta, foi designado por seu pai para tratar de um conflito diplomático com o Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
Ainda em 1855, foi nomeado Ministro da Guerra e da Marinha, sendo encarregado de várias missões, como:
Solano López manteve uma intensa vida política e militar enquanto Ministro da Guerra do primeiro governo presidencial do Paraguai, período que se tornou ainda mais ativo após a doença de seu pai, Carlos Antônio López.
Após longos anos com a saúde debilitada, Carlos Antonio López, primeiro presidente do Paraguai, faleceu em 10 de setembro de 1862. Desde 1811, quando o Paraguai obteve sua independência, o país havia sido governado por ditadores.
No mês seguinte à morte de seu pai, Solano López convocou o Congresso do Paraguai para eleger um novo presidente. Ele foi eleito para um mandato de 10 anos.
Como presidente, Solano López decidiu continuar a política de protecionismo econômico adotada por seu antecessor. Ele se opôs à submissão ao capital estrangeiro, especialmente ao inglês, fortalecendo a moeda paraguaia.
Com a economia em crescimento, Solano López promoveu a construção de:
Nos primeiros anos de seu governo, Solano López também se dedicou à administração de conflitos e alianças, principalmente com os países da região do Rio da Prata, que incluía o Império do Brasil, a República Argentina, o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia.
Segundo o autor Luiz Octávio de lima, no seu livro “A Guerra do Paraguai”:
“Tudo teria se originado do furor expansionista de Solano López, que, contra todas as evidências, acreditou que poderia derrotar as nações vizinhas e conquistar porções de seus territórios, exigindo um sacrifício de vidas humanas sem precedentes nas Américas”.
Para alcançar seus objetivos, Solano instaurou o serviço militar obrigatório, armou seus exércitos com os mais modernos equipamentos militares e investiu na criação de indústrias bélicas.
Solano López não mantinha boas relações com o Império do Brasil e, por isso, passou a apoiar o líder uruguaio Bernardo Berro, em oposição ao colorado Venâncio Flores, que contava com o apoio de Dom Pedro II.
Demonstrando sua oposição ao Império, López ordenou a apreensão do navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava pelo rio Paraguai, e prendeu o governador da província de Mato Grosso, que estava a bordo.
Em dezembro de 1864, Solano López declarou guerra ao Império do Brasil. Logo depois, organizou um ataque à cidade de Dourados, no Mato Grosso, saqueou Corumbá e tomou posse de minas de diamantes.
Buscando uma rota para o mar e com a intenção de atacar o Uruguai, Solano López solicitou ao presidente argentino Bartolomé Mitre permissão para atravessar o território argentino. Mitre recusou, alegando neutralidade no conflito.
Em 1865, o Império Brasileiro, a Argentina e o Uruguai assinaram o Tratado Secreto da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Após o tratado, Bartolomé Mitre permitiu a passagem das tropas brasileiras.
Ao saber da decisão do presidente argentino, Solano López declarou guerra à Argentina e atacou a cidade de Corrientes. Com a declaração de guerra aos países vizinhos, a derrota paraguaia tornou-se uma questão de tempo.
O exército da Tríplice Aliança invadiu o território paraguaio, e posteriormente tomou a capital, instaurando um governo provisório contra Solano López.
A Argentina e o Uruguai decidiram se retirar do conflito devido a problemas internos. No entanto, o exército imperial brasileiro, sob o comando do Duque de Caxias, reorganizou suas táticas e armamentos, tomando a capital Assunção em 1869.
Após a decisão do Conde d'Eu, esposo da princesa regente Isabel do Brasil, foi determinado que a guerra continuaria até que as tropas localizassem o presidente Solano López e o eliminassem.
Solano López estava nos confins de Amambay, em uma área chamada Cerro Corá, quando o exército brasileiro lançou a "Campanha das Cordilheiras".
Solano López foi encontrado e, após uma batalha, foi morto por uma lança no peito, desferida pelo Voluntário da Pátria José Francisco Lacerda, conhecido como Chico Diabo, encerrando o maior conflito armado da América do Sul.
O escritor e militar paraguaio Arturo Bray narra a morte do presidente em seu livro Solano López: Soldado de la gloria y del infortunio da seguinte maneira:
“Antes de ter galopado um longo trecho, os imperiais alcançaram Solano López; este tentou se defender com seu sabre, mas imediatamente o cabo Francisco Lacerda, conhecido como "Chico Diabo", lhe desferiu uma lança, que, atingindo-o na parte baixa do abdômen, causou uma ferida terrível, enquanto um soldado o cortava com seu sabre. Uma nova e dolorosa ferida na testa, da qual começou a jorrar abundante sangue. Ibarra e Aveiro haviam escapado cada um para seu lado em meio àquela luta desigual. O marechal estava sozinho, ferido e quase desarmado. Mas os brasileiros ainda não se atreviam a se aproximar dele para fazer prisioneiro ou matá-lo, tal era o terror que aquele homem singular lhes inspirava. Solano López se internou na densa mata do Aquidabã, um pequeno riacho com margens lamacentas, mas logo ao montar seu cavalo, as feridas recebidas o obrigaram a descer. Tentou então atravessar o estreito curso de água e alcançar a margem oposta, mas após poucos passos caiu de bruços na lama, ficando com metade do corpo submerso na correnteza e os olhos cegos pelo sangue que jorrava de sua testa. O fim já não estava muito longe, pois o marechal sabia que "semelhante aos dentes da víbora, cuja mordida é mortal, aquele ferro terminado em meia-lua, que lhe penetrara nas vísceras, depositou ali os germes da morte".
No Paraguai, o Dia dos Herois, celebrado em 1º de março, é uma homenagem a Solano López, sendo a segunda data mais importante após o Dia da Independência do país.
Embora tenha o status de heroi nacional, reconhecido inclusive pela ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que nomeou uma unidade militar argentina em homenagem a Solano López em 2007, o escritor e jornalista Leandro Narloch, em seu livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, apresenta uma visão contrária a essa ideia.
Em seu livro, Narloch afirma que a alcunha de heroi de Solano López só surgiu após a década de 1920, em um período em que a Guerra do Paraguai já havia sido, em grande parte, esquecida pela população. Essa visão foi posteriormente reforçada pelo general Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai entre 1954 e 1989.
A liderança de López e sua ambição expansionista levaram o Paraguai a enfrentar a Tríplice Aliança, desencadeando o maior conflito da América do Sul.
Esse episódio é retratado no quinto capítulo da série Brasil: A Última Cruzada, que narra os principais eventos da história do Brasil e sua importância para a formação da identidade brasileira.
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