Dr. Marcello Danucalov

Dr. Marcello Danucalov é doutor em ciências (psicobiologia); Mestre em farmacologia; Filósofo Clínico Integral e Orientador Filosófico Familiar.

Proteja-se dos gurus influenciadores

Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir.

Dr. Marcello Danucalov

Existe um fenômeno contemporâneo que deve ser bastante conhecido por você: A internet e as mídias sociais deram voz aos imbecis, e estes gozam de uma audiência cada vez maior. 

A imbecilidade obedece a uma gradação rigorosa e que é facilmente perceptível a qualquer pessoa que tenha nascido com dois míseros neurônios e que, durante a vida, não tenham entrado em conflito mortal no árido deserto cerebral em que foram paridos. 

Como você é apreciador da Brasil Paralelo, suponho que deva ter vindo ao mundo com aproximadamente cem bilhões de células cerebrais e que, durante a sua vida, elas tenham sido amplamente conectadas umas nas outras. 

Sendo assim, aposto que você sabe bem do que eu estou falando

A esbórnia se organiza da seguinte maneira: Alguns gurus influenciadores dotados de um Q.I de marisco, de uma razoável retórica e de uma cara de pau de dar inveja ao Pinóquio, criam do nada “verdades absolutas”, princípios incondicionais.

Em seguida, universalizam fórmulas mágicas, distribuindo-as diariamente para uma plateia de seguidores anencéfalos que se alocam em quatro das cinco categorias relacionadas ao nível de discernimento e capacidade intelectiva do Homo sapiens, são elas: 

  1. categoria dos seguidores maduros, plenamente despertos e que não se deixam enganar por nenhum idiota (perfazem aproximadamente 1% do montante geral);
  1. categoria daqueles que estão amadurecendo e são parcialmente despertos. Porém, pelo fato de ainda estarem confusos, ocasionalmente se deixam persuadir por alguns idiotas (aproximadamente 9%); 
  1. categoria daqueles que apresentam um Q.I um pouco pior do que o do referido guru com Q.I de crustáceo (aproximadamente 20%); 
  1. categoria daqueles que apresentam um Q.I de ameba (aproximadamente 30%);
  1. categoria dos sub-humanos desprovidos de Q.I, também conhecidos como Homo nada sapiens ou Homo retardari (aproximadamente 40%).

Obs.: O cálculo probabilístico foi levemente contaminado pela ironia, assim como esta observação.

⎯ “Mas, Dr. Danuca, a internet e as mídias sociais também ajudam a disseminar muita coisa boa; muita gente honesta e muito influenciador que se dá ao respeito e não profere bobagens nem mentiras”. 

Concordo totalmente. Entretanto, na maioria das vezes, bons influenciadores costumam ser acompanhados por alguns poucos milhares de seguidores, e exatamente por isso suas palavras acabam tocando raros corações e salvando uma ínfima parcela de almas degeneradas. 

Já os gurus com cabeça de crustáceo atingem facilmente a cifra dos milhões de seguidores, o que mostra a desproporcionalidade entre o bom e o mau; entre a virtude e o vício; entre o certo e o errado; entre a luz e as trevas; entre a sapiência e a boçalidade.

Isso ajuda a explicar os motivos da geração Z – aqueles nascidos entre os anos de 1995 e 2010 (com raras e honoríficas exceções) – ter como características marcantes

  • a superficialidade; 
  • a fraqueza; 
  • a confusão identitária; 
  • o ressentimento; 
  • a preguiça de pensar; 
  • o sentimentalismo exacerbado; 
  • toda sorte de devassidões; 
  • o emburrecimento; 
  • a degeneração; 
  • e uma avalanche de transtornos mentais e morais. 

Da mesma maneira que é possível categorizar os seguidores, também é razoável elencar algumas categorias de influenciadores, vejamos algumas delas: 

  1. Influenciador dotado de enorme honestidade intelectual, detentor de um sólido e consistente conteúdo e que consegue transitar com competência por inúmeros campos do saber. Esse é um verdadeiro polímata (está fora da curva de Gauss);
  1. Influenciador dotado de honestidade intelectual e detentor de um sólido e consistente conteúdo em algum campo do saber (aproximadamente 1%);
  1. Influenciador dotado de razoável honestidade intelectual e possuidor de algum conhecimento em algum campo do saber (aproximadamente 9%);
  1. Influenciador dotado de deficitária honestidade intelectual, detentor de algum conhecimento, mas, que acaba se perdendo quando passa a acreditar que pode dar palpite em tudo. Esse é o falso polímata metido a besta (aproximadamente 20%);
  1. Influenciador bem-intencionado, porém, apressado e afoito. Começou a estudar ontem lendo a orelha de livros de autoajuda e já acredita ter capacidade e competência suficientes para compartilhar conhecimentos sólidos e consistentes. Geralmente sofre de um intenso e incontrolável furor curandis. Invariavelmente acaba falando muita besteira e fazendo muita merda. Também é possível encontrarmos jovenzinhos que defecam regras morais em um festival diarreico de proporções dantescas. É o guru mirim travestido de senhor Miyagi ou de mestre Yoda (aproximadamente 30%);
  1. Por último, temos o nosso ator principal, o influenciador metido a guru. Palpiteiro sem noção do ridículo. Aproveitador e oportunista

Charlatão 2.0; Portador do tal Q.I. de mexilhão. Desonesto intelectualmente. Ostentador compulsivo de suas riquezas obtidas de maneira duvidosa

Pode se apresentar travestido de várias personagens criadas artificialmente. Cômico ao extremo

Colecionador de almas penadas que estão em busca de fórmulas mágicas, zero esforço, dinheiro fácil e sucesso garantido (a referida praga perfaz aproximadamente 40% da amostra). 

As categorias D, E e F são as que mais facilmente conseguimos acompanhar o bizarro processo de uma metamorfose extremamente caricata

Quando o influenciador é homem, tende a iniciar a sua carreira tentando manter alguma coisa intacta da sua personalidade original, mas, em pouco tempo este objetivo se esfacela, pois ele cede à uma forte sedução e invariavelmente adota um alter ego cômico que o ajudará a vender suas mentiras para um público, que assim como ele, está totalmente desinstalado da realidade.  

Esta fantasia grotesca é artificialmente criada por alguns profissionais do marketing digital “especializados” na produção da imagem que será vendida como protótipo ou arquétipo, chame do jeito que quiser. 

Quanto mais o tempo passa, mais o número de seguidores aumenta, e mais o cabeça de ostra intensifica o seu bizarro processo de transformação

O ser começa a metamorfosear-se em um boneco de cera cuja metrossexualidade supera em muito o limite do seu parco bom senso

Ganham-se músculos na proporção inversa do que se perde em neurônios - os poucos que ainda lutavam por uma sobrevivência digna. 

Dependendo do estilo do elemento, coletinhos apertados e gravatas borboleta começam a dar as caras, mesmo que durante sua vida ele nunca os tenha usado.  

Uma alternativa ao estilo lorde inglês fanfarrão é começar a fazer postagens sem camisa, ostentando os referidos músculos obtidos por meio da utilização compulsiva do “suco”. 

O estilo Roger Scruton geralmente vem acompanhado da constante presença de charutos e cachimbos que ornamentam as lives com suas ascendentes colunas de fumaça. 

Ferraris, Porches, energéticos e palavrões acompanham o estilo jovial dos espertos bombadinhos de academia. 

Pompa, soberba e humilhações públicas direcionadas a seguidores fragilizados emocionalmente, tornam-se a tônica do dia a dia no feed e nos stories dessa trupe de zumbis

Isso sem falar das constantes tretas e insistentemente armadas com outros influenciadores burlescos, e que servem como estratégias macabras para aumentar a audiência e vender mais cursos. 

Por último, e talvez a mais sórdida de todas as estratégias utilizadas, é escancarar sua vida pessoal de maneira tão abjeta, que parentes, ex-namorados, ex-cônjuges e agregados não são poupados dos perversos e desumanos cancelamentos que, muitas vezes, podem destruir completamente a vida da vítima da vez.

A coisa não é muito diferente com o gênero feminino. Os músculos podem não crescer tanto, mas o preenchimento labial e os cílios postiços facilmente transformam a donzela pseudo intelectualizada em um clone de garoupa aparelhada com duas enormes taturanas que emergem da sua face paralisada por litros de botox. O resto é bem semelhante.

Uma vez feito o diagnóstico morfológico e moral da referida assombração, passemos para uma rápida análise cognitiva desses estranhos espécimes

Como meu objetivo não é escrever um tratado sobre a imbecilidade pós-moderna, vou me ater a uma estratégia comum utilizada por quase todos esses seres anódinos: A defecação de falsos princípios.

Passemos, pois, a definir o que vem a ser um princípio. Segundo o Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, um princípio é:

Princípio: Um ponto de partida e fundamento de um processo qualquer. Os dois significados, “ponto de partida” e “fundamento” ou “causa”, estão estreitamente ligados na noção desse termo, que foi introduzido em filosofia por Anaximandro (...). Aristóteles foi o primeiro a enumerar completamente seus significados. Tais significados são os seguintes: 1°- ponto de partida de um movimento, por exemplo, de uma linha ou de um caminho; 2°- o melhor ponto de partida, como por exemplo, o que facilita aprender uma coisa; 3°- ponto de partida efetivo de uma produção, como a quilha de um navio ou os alicerces de uma casa; 4°- causa externa de um processo ou de um movimento, como um insulto que provoca uma briga; 5°- o que, com sua decisão, determina movimentos ou mudanças, como o governo ou as magistraturas de uma cidade; 6°- aquilo de que parte um processo de conhecimento, como por exemplo as premissas de uma demonstração (...). O que todos os significados têm em comum é que, em todos, princípio é o ponto de partida do ser, do devir ou do conhecer.

Definido o significado de princípio, vale a pena lembrar que, no âmbito da psicologia, a identificação deles é algo que implica um profundo conhecimento da complexidade que abarca o comportamento humano. 

Entretanto, o que vemos diariamente nas mídias sociais são retardados mentais retirando princípios universais de seus intestinos perturbados

A natureza humana é dotada de uma gigantesca complexidade e, a maioria das universalizações de regras propostas pela horda de abalones oportunistas, não passa de psicologia barata que serve de alimento para os ingênuos e/ou desesperados

Como psicoterapeuta afirmo categoricamente que cada um de nós é único e que a complexidade da estruturação do nosso pensamento é dependente de:

  • uma grande e complexa inter-relação de elementos psicológicos herdados congenitamente (temperamentos); 
  • de experiências que retiramos do tecido social em que estamos inseridos (circunstâncias); e 
  • das forças invisíveis daquilo que chamados de acaso (sorte ou azar). O acaso, inclusive, tem um enorme peso em nossas vitórias ou nossas derrotas durante o transcorrer de nossas vidas. 

Com relação à presença do acaso sugiro a leitura de um excelente livro do físico Leonard Mlodinow chamado O andar do bêbado. Na orelha do livro editado pela editora Zahar podemos ler:

"O sucesso de Harry Potter, a absolvição de O.J Simpson nos tribunais americanos, o fracasso de bilheteria de Lara Croft: Tomb Raider – todos, em maior ou menor grau, são lances de sorte (ou azar, no caso de alguns). 
Esses e muitos outros eventos são fruto de uma combinação de fatores em grande parte aleatórios. Competência e dedicação entram na equação, sim, mas o acaso interfere em nossas vidas muito mais do que imaginamos. Parece um pouco assustador?
Poderia ser, mas não quando Leonard Mlodinow nos ensina a ver o mundo pela lente da aleatoriedade – e nos mostra como tirar proveito disso. Com humor e irreverência, ele reúne exemplos curiosos de como eventos casuais determinam o sucesso ou o fracasso de alguma empreitada, seja no esporte ou no mercado financeiro, na medicina ou na degustação de vinhos.
Costurando casos emblemáticos com teorias matemáticas e as histórias de vida de homens que ajudaram a criá-las, Mlodinow constrói uma narrativa ágil e original. Nomes de cientistas como Gerolamo Cardano e Blaise Pascal entremeiam-se com os de celebridades como Madonna, Bill Gates e Sthephen King, que devem muito da sua fama ao acaso."

Sendo assim, a esmagadora maioria das explicações que afirma existir caminhos cem porcento garantidores de sucesso ou as universalizações comportamentais que atribuem uma causa fixa como sendo a origem de determinados efeitos em nossa vida – quer sejam eles positivos ou negativos -, não passa de ingenuidade patológica ou charlatanismo barato de pseudo psicólogos, coachs, mentores oportunistas ou artistas medíocres que se vendem para o establisment em troca de fama, contratos e aparições rotineiras no circo de horrores da mídia televisiva. 

As análises filosóficas e psicológicas encontradas nas mídias sociais são tão ridículas e despudoradas, que me impeliram a criar um quadro em meu instagram intitulado contraponto

Nele, eu tento alertar as pessoas para a quantidade de absurdidades vomitadas diariamente por esses cavaleiros do apocalipse. 

Caso ainda não conheça, convido você a maratonar o meu feed e se divertir com as tragicomédias que serão encontradas por lá. 

Mas, atenção! 

Nem todo contraponto é destinado a este tipo de influenciador. Muitos deles são somente uma outra maneira de interpretar um assunto complexo.

Voltando à questão dos princípios, é imperativo reafirmar que quase nada relativo ao comportamento humano obedece a uma regra universal

Não há métodos cem porcento garantidores de sucesso, e se existem princípios que regem nosso comportamento, eles definitivamente são bastante escassos

Isso por si só já destrói qualquer tentativa de retirar algumas pessoas do lamaçal em que estão atoladas propondo a TODAS elas a adoção de regrinhas toscas e simplistas que prometem sucesso imediato, tais como: 

  • se olhar no espelho todo dia pela manhã e gritar: “eu sou foda! Eu mereço! O universo conspira a meu favor!”; 
  • ou acreditar que os patéticos treinamentos dos coaches que te estimulam a caminhar sobre brasas, resolverá todos os problemas da existência; 
  • ou fazer uma dieta cem porcento proteica, ou só comer vegetais, ou só comer alfafa, ou não comer porcaria nenhuma e viver de fotossíntese fazendo cover de samambaias fará todos parecerem o Brad Pitt ou a Angelina Jolie em seus melhores dias; 
  • ou fazer constelação familiar sistêmica para superar as lembranças dos safanões recebidos do papai; 
  • ou praticar jiu jitsu e se entupir de creatina acreditando que isso superará a covardia perante a vida;  
  • ou mesmo tomar banho frio todo dia pela manhã crendo que isso retirará qualquer pessoa da vida medíocre que escolheu levar etc.

Se você quer vencer na vida e superar a maldita procrastinação cotidiana, tomar banho frio pode ser uma das suas estratégias, principalmente se você foi nadador e já está acostumado com este tipo de tortura matinal. 

Todavia, a tática do banho gelado provavelmente não se sustentará por muito tempo para a maioria das pessoas que tenham sido forjadas em outras circunstâncias. 

O cúmulo da insensatez desses influenciadores é acreditar que TODAS as pessoas do mundo responderão de maneira idêntica aos estímulos que, por inúmeros fatores, tenham sido úteis a eles. 

Excetuando-se a possibilidade de mau-caratismo daquele que universaliza essas infantilidades terapêuticas, acreditar nisso é geralmente a resultante da seguinte fórmula

ingenuidade + imaturidade + burrice + horizonte de consciência apequenado + desinstalação patológica da realidade. 

Mas, é possível encontrarmos algumas poucas regras universais que podem ser aplicadas a sociedade ou a um indivíduo em particular. 

Quanto às primeiras, veja o que nos diz o professor Olavo de Carvalho:

As ideias morais variam, sim. Mas mostrem-me uma comunidade que tivesse entre os seus valores e princípios a sua própria extinção ou a prática sistemática do assassinato, ou em que fosse proibida a procriação – isso não existe. Esses são princípios imutáveis, cósmicos, ou metafísicos, ou biológicos, como queiram, mas não são culturais. Não sendo culturais, não podem mudar com as mudanças da cultura. Mostrem uma comunidade onde fosse proibida toda e qualquer forma de comércio. Ou toda e qualquer forma de propriedade. Portanto, essas coisas correspondem a princípios imutáveis. Agora, se você investiga as formas de casamento, há mil e uma, conforme as culturas. Mas há alguma cultura onde não exista casamento de espécie alguma? Casamento, comércio, preservação da vida são princípios universais que nunca foram mudados em parte alguma.

No âmbito individual podemos apostar na existência de alguns poucos princípios basilares, por exemplo: 

  1. Na esfera biológica temos os instintos sexuais e de sobrevivência como manifestações naturais que regem a vida de todos nós; 
  1. Na esfera da ética temos a conquista das virtudes, que segundo Aristóteles é um tipo de natureza possível ao homem, mas deve ser conquistada com o emprego do esforço contínuo e com o uso do livre arbítrio.
  1. A ordem é uma virtude que pode ser aprendida e elevada a um patamar de excelência, mas que existe de maneira embrionária mesmo naqueles que não foram estimulados a buscá-la por meio do próprio esforço. 

Por exemplo, você já ouviu alguém proferir algo semelhante a isso? “Não vejo a hora de desorganizar totalmente a minha vida. Ela está demasiadamente ordenada e busco com afinco instaurar o caos total em meu cotidiano!”. 

Não há dúvida de que todo ser humano busca ordenar a sua vida. Até mesmo um morador de rua que preserve minimamente sua integridade psíquica apresenta algum grau de organização na sua vida;

  1. A livre escolha também pode salvar casamentos. O princípio da unidade matrimonial evita muitos conflitos por falta de alinhamento e acordos previamente pactuados. 

Porém, no campo das insanidades internéticas podemos encontrar a defesa de princípios bizarros, comumente empacotados e vendidos como sabedorias herméticas acessíveis somente a alguns iniciados, seguem algumas:

“TODOS nós somos traumatizados na hora do parto, e meu treinamento de dois dias libertará você desse sofrimento”.

Comentário: Isso não passa de uma banalização do significado da palavra trauma. 

Ademais, implantando essa bobagem na mente dos incautos o propagador desta idiotice terá como potenciais clientes somente a humanidade inteira.

“TODA mulher trai, TODA!”

Comentário: Se eu não sou corno, serei em breve, é somente uma questão de tempo. Se você não é corno, também o será. Se você ainda não traiu, trairá em breve. 

Leve isso a sério e assuma que a civilização humana é 100% composta de mulheres infiéis e de homens que serão invariavelmente chifrados. 

É preciso ter um alto nível de retardamento mental para propor ou para aceitar uma proposta tão grotesca como essa.

“TODO mundo pode ser milionário, é só vibrar na frequência quântica do milhão, e meu treinamento de um dia fará isso por você!”.

Comentário: Em 100% das vezes quando algum guru tarado por palcos profere conhecimentos sobre física quântica, você pode apostar todas as suas fichas que o sabichão não conseguirá resolver uma simples equação do segundo grau

Sua verborragia sobre as vibrações quânticas, somadas à sua cara de pau ao destilar afirmações pseudocientíficas, fazem com que qualquer físico quântico sério caia na gargalhada ou vomite de desgosto

Resumindo: Pura picaretagem.

“A falta de sexo te impede de fazer dinheiro, e no meu curso eu ajudo você a liberar a sua energia sexual”.

Comentário: Se isso fosse verdade as prostitutas e os gogo boys seriam todos bilionários.

“Enquanto não aprendermos a conviver bem com os insetos TODOS nós teremos sérios problemas psíquicos”.

Comentário: Cancele a terapia, adote uma barata de estimação.

“As mulheres (TODAS) não gostam de casamento, gostam do que o casamento proporciona para elas: Casa, ambiente seguro e dinheiro”.

Comentário: Sem comentários.

“Os opostos nunca se atraem, são SEMPRE os semelhantes que se atraem. SEMPRE!”;

Comentário: Se isso fosse verdade eu não teria mais nenhum trabalho de orientação filosófica matrimonial para ser feito com casais, pois todos eles se entenderiam, exatamente pelo fato de serem semelhantes. 

Porém, a quase totalidade das confusões conjugais é oriunda dos choques entre diferentes percepções da vida

“Criança não precisa de limite. Limite é uma ideia opressora”.

Comentário: Os pais que seguiram esse conselho amaldiçoado são os corresponsáveis pela quase total destruição das últimas três gerações: Millennials, Z e Alfa. 

“Resolva os problemas de bullying que seu filho está sofrendo na escola com a minha infalível técnica do cabelo verde”.

Comentário: A mãe que adotar essa infalível técnica, estará, ela mesma, fazendo bullying com seu próprio filho.

“A depressão não é um problema mental, é um problema físico e o meu programa de treinamento cura TODAS as pessoas que sofrem com a depressão”.

Comentário: Meu pai morreu vitimado pela depressão. Nos últimos dias não tinha forças para sair da cama. 

O débil mental que fala uma coisa dessas provavelmente nunca viu uma pessoa verdadeiramente deprimida.

A educação tradicional é perigosa e opressora. Faça meu curso e eu vou ensinar você a educar seu filho por meio de técnicas revolucionárias e comprovadas cientificamente. Eu sou atualizadíssima!”.

Comentário: Essa turma lacradora da psicopedagogia pós-moderna fala em nome da ciência, mas é incapaz de reproduzir as críticas quer Karl Popper e Thomas Kuhn fizeram à esta mesma ciência que eles tanto idolatram e defendem. 

Para eles, tudo que não é pós-moderninho é tradicional, logo, não presta. Toda a educação adotada anteriormente ao surgimento da psicologia positiva é opressora, patriarcal, reacionária e arcaica

Platão, Aristóteles, Santo Tomás de Aquino devem ser esquecidos. O nome desta doença é cronocentrismo, a crença de que somente os conhecimento atuais são bons. 

“Eu descobri sozinho 110 toxinas que tem no cérebro. A principal é a saudade. Se você comprar meu livro você nunca mais vai sentir saudade”.

Comentário: Esse eu também vou pular.

“A culpa ela não ensina; a culpa ela não agrega e; a culpa aprisiona”

Comentário: Provavelmente somente psicopatas não sentem culpa. A culpa é uma emoção belíssima. 

Quem não sente culpa é um ser perigoso. É a partir da culpa que corrigimos nossos erros, pedimos perdão e seguimos em frente com dignidade. 

“O dente incisivo direito representa a personalidade do papai. O dente incisivo esquerdo representa a personalidade da mamãe. Quando uma criança nasce com esses dentinhos separados é porque a mamãe pensou em se separar do papai em algum momento. Os dentinhos (linguagem não verbal), estão mostrando para a humanidade TODA que, TODAS as pessoas que tem dentinhos abertos vão namorar, casar e separar no futuro. Quando a pessoa perdoa papai e mamãe; quando a pessoa vai buscar o eu verdadeiro dela, o dentinho fecha”. 

Comentário: Mais uma modalidade de coaching acaba de ser criada: o coaching ortodôntico. 

Depois de tanta loucura só me é possível terminar este artigo com mais duas importantes citações, uma do velho que tem sempre razão e outra do livro que também sempre teve, tem e terá razão:

"Preparem-se. Nos próximos anos a desordem do mundo atingirá o patamar da alucinação permanente e por toda a parte a mentira e a insanidade reinarão sem freios. Não digo isso em função de nenhuma profecia, mas porque estudei os planos dos três impérios globais e sei que nenhum deles tem o mínimo respeito pela estrutura da realidade."

Olavo de Carvalho

"Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para dar atenção às lendas. Mas você, seja moderado em todas as situações. Suporte o sofrimento, faça o trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu dever de servo de Deus."

2Timóteo 4: 3-5

Marcello Danucalov

Doutor em Ciências (psicobiologia);

Mestre em Farmacologia;

Filósofo Clínico Integral e Orientador Filosófico Familiar.