Davi Laranjeira

Gastrólogo com Especialização na Le Cordon Bleu Paris. Professor com mais de 40 mil alunos. Empresário e especialista em marketing, inovação e estratégias para redes sociais.

OPINIÂO

Por que o óleo de cozinha não é o vilão que contaram

Fritura saudável existe? O problema não é o óleo, mas a técnica de fritura.

Davi Laranjeira

Quando falamos sobre o óleo de cozinha, ele é geralmente visto como o grande vilão da história

Todo mundo já ouviu algum conselho dizendo que ele é “péssimo para a saúde” e que, se você quer viver uma vida longa e saudável, precisa bani-lo da sua cozinha

Mas, antes de demonizar o pobre óleo de soja, milho, girassol ou canola, vamos falar sobre o que ele realmente oferece — porque, acredite ou não, ele também tem seu lado mocinho.

Benefícios do Óleo de Cozinha para a Saúde

Óleos vegetais, quando usados com sabedoria, trazem uma série de benefícios para o organismo. Vamos aos mais populares:

  • Óleo de Soja: Rico em ácidos graxos poli-insaturados, como o ômega-3, que é ótimo para o coração e o cérebro, além de vitamina E, um antioxidante poderoso.
  • Gordura insaturada: ~85%
  • Gordura saturada: ~15%
  • Óleo de Milho: Excelente fonte de fitoesteróis, que ajudam a reduzir o colesterol ruim (LDL), e contém antioxidantes que auxiliam na prevenção de doenças cardíacas.
  • Gordura insaturada: ~85%
  • Gordura saturada: ~15%
  • Óleo de Girassol: Carregado de vitamina E, que combate os radicais livres, mantendo as células saudáveis e a pele jovem. Também é uma boa fonte de ácidos graxos insaturados, benéficos para o sistema cardiovascular.
  • Gordura insaturada: ~90%
  • Gordura saturada: ~10%
  • Óleo de Canola: Com um dos menores índices de gordura saturada entre os óleos, é uma boa escolha para quem quer uma alimentação balanceada. Ele também tem ômega-3 e ômega-6, ácidos graxos essenciais para o corpo.
  • Gordura insaturada: ~93%
  • Gordura saturada: ~7%
  • Azeite de Oliva: Embora tecnicamente também seja um óleo vegetal, o azeite merece uma menção especial. Extraído da azeitona, ele é rico em gorduras monoinsaturadas, que ajudam a equilibrar o colesterol, além de antioxidantes e compostos anti-inflamatórios. É o queridinho da dieta mediterrânea por um motivo!
  • Gordura insaturada: ~85%
  • Gordura saturada: ~15%
  • Óleo de Coco: Conhecido por seu alto teor de gordura saturada, é uma opção popular em preparos de alta temperatura e receitas de sobremesas. Ele possui ácidos graxos de cadeia média que, segundo alguns estudos, podem ser uma fonte de energia rápida.
  • Gordura insaturada: ~10%
  • Gordura saturada: ~90%

Cada um desses óleos oferece nutrientes que podem ser valiosos para a saúde, como antioxidantes, vitaminas e ácidos graxos que ajudam no controle do colesterol e até na prevenção de doenças

Agora, é claro, tudo isso vale desde que usado com moderação — não vale sair enchendo a frigideira como se não houvesse amanhã!

O Calcanhar de Aquiles: O Calor

O óleo é um aliado até certo ponto… e esse ponto chama-se calor em excesso. O problema começa quando você aquece o óleo a temperaturas altíssimas, o que provoca a chamada oxidação

Nessa condição, o óleo começa a produzir compostos nocivos como os aldeídos, que não são nada amigos do nosso organismo. 

O resultado? Uma festa de substâncias que podem inflamar o corpo e aumentar o risco de doenças, como câncer e problemas cardiovasculares

Quando o óleo é aquecido de forma controlada, ele não vira um vilão. O problema está em atingir temperaturas muito altas, como quando você frita ou grelha um alimento a ponto de ele quase virar carvão. 

É nesse momento que o óleo perde sua dignidade e, de saudável, passa a ser o “queridinho dos vilões”.

Óleo Saturado e Reaproveitamento: Quando o Vilão Ganha Força

Vamos esclarecer outro ponto: quando você frita ou grelha em óleo uma única vez, ele não se torna “saturado” a ponto de ser comparado a uma barra de manteiga ou gordura animal.

Mas, quando você decide reaproveitar o óleo, aí sim começa a história de terror

A cada reaquecimento, o óleo sofre novas oxidações e forma uma lista crescente de substâncias prejudiciais à saúde

Pense nisso como se o óleo estivesse acumulando cicatrizes a cada uso — e essas cicatrizes químicas podem fazer mal para o seu corpo.

Portanto, reaproveitar óleo é como convidar problemas à mesa: você estará ingerindo uma verdadeira sopa de compostos tóxicos que fazem mal ao sistema cardiovascular, aumentam o risco de inflamações e até comprometem a função celular. Então, por mais tentador que seja economizar, o reaproveitamento do óleo não vale o risco.

Calorias: o Amigo da Cozinha, o Inimigo da Balança

Óleo de cozinha tem calorias, e não são poucas! Um simples fiozinho na frigideira já acrescenta, em média, 40 a 50 calorias ao seu prato. 

E como ele é feito principalmente de gordura, é um combustível rápido para o ganho de peso se consumido em excesso. 

Se você está tentando emagrecer, o óleo é uma daquelas calorias “invisíveis” que podem fazer diferença

A matemática é simples: quanto mais óleo, mais calorias. Quanto mais calorias, mais difícil é a balança colaborar.

Vale a pena substituir por óleo de coco ou banha de porco? 

A resposta é: depende. Tanto o óleo de coco quanto a banha de porco têm suas qualidades, mas, no final das contas, o segredo está em como e quanto você consome

Usando qualquer óleo ou gordura de forma equilibrada e aplicando a técnica certa, o resultado para sua saúde é praticamente o mesmo

A diferença maior é o uso: evite frituras todos os dias. Uma a duas vezes por semana já é o ideal, e sempre com atenção à temperatura para que o óleo não sature e o alimento não absorva em excesso, virando uma “esponja” de calorias e gordura.

Em Resumo: Ele Não é o Vilão, Só Precisa de Um Uso Inteligente

Então, vamos desmistificar: o óleo de cozinha, seja ele de soja, milho, girassol ou azeite, não é um veneno. 

Ele pode fazer parte de uma alimentação saudável se for usado de forma moderada e com o aquecimento correto. 

O problema está no uso excessivo, no reaproveitamento e na quantidade absurda que, muitas vezes, acabamos colocando na frigideira para uma simples fritura.

Então, da próxima vez que alguém disser que óleo de cozinha é “o demônio das dietas”, lembre-se: o problema não é o óleo em si, mas a maneira como o utilizamos

Afinal, até os mocinhos precisam ser usados com moderação!