Davi Laranjeira

Gastrólogo com Especialização na Le Cordon Bleu Paris. Professor com mais de 40 mil alunos. Empresário e especialista em marketing, inovação e estratégias para redes sociais.

O Dia em que Decidi Comer Fast Food

O Fascinante Mundo dos Alimentos Ultraprocessados: Garantia de Fome, Sono e Arrependimento.

Davi Laranjeira

Sim, é isso mesmo que você leu no título: eu comi fast food e vou contar como foi essa aventura e jornada nesse meu dia inusitado. 

Inicialmente, quero dizer que não sou a favor de terrorismos alimentares, radicalismos ou proibições

Se você gosta de comer fast food, não há problema nenhum, contanto que faça isso raramente, tipo uma vez ao mês ou a cada três meses. Dessa forma, não terá nenhum prejuízo para sua saúde e organismo.

Mas vamos lá contar essa epopeia

Consumo fast food tão raramente que nem lembro a última vez antes desse dia. Isso faz com que meu organismo não aceite muito bem esses alimentos e não entenda muito bem o que está chegando tanto no estômago quanto no intestino.

No caso, fui a uma rede bem famosa e comi o básico: hambúrguer, batata frita e um refrigerante zero. 

E qual foi o motivo de eu consumir esse fast food? Eu estava em um evento em um centro de exposições, e chegou a hora do almoço. Tive que sair para comer e encontrei dois colegas de trabalho

Uma delas teve a brilhante ideia de almoçarmos no fast food, alegando que o bandejão ao lado, de comida por quilo, não era de qualidade.

O fast food tem uma vantagem, inclusive já expressa no nome: "Fast", ou seja, é uma comida rápida que resolve seu problema de forma padronizada. 

É garantido que você não vai passar mal, não vai estranhar os sabores, mas que realmente não é boa nutricionalmente, é calórica e não tem quase sabor algum. Isso eles garantem também.

Do ponto de vista de sabor, realmente não gosto. Acho que não tem sabor de nada, e a carne do hambúrguer nem sal tem

E isso não se aplica apenas a agora, os últimos 10 anos em que me tornei um profissional de alimentos e bebidas, quando eu era pré-adolescente e ia ao cinema com meus amigos lá no Gonzaga, em Santos, já percebia a diferença

Cresci no Guarujá e na Baixada Santista. Ao sair do cinema, podíamos comer lanche com o dinheiro que tínhamos dos nossos pais, e já naquela época, escolhia comer um beirute de kafta cheio de molho de alho em um restaurante ao lado dos fast foods no shopping Miramar.

Ali, já enxergávamos que aquele beirute gigante de kafta era bem mais saboroso, suculento e saciava muito mais do que o fast food. Agora, voltando ao último fast food que comi, qual foi o resultado?

Quando comi, era em torno de 12h30. Logo em seguida, saí do evento e fui para casa fazer home office

No caminho, senti um sono absurdo. Para quem é de São Paulo, vai entender: estava na avenida 23 de Maio, e já estava pescando, com os olhos fechando. 

Lutei contra o sono e não entendia o que estava acontecendo. Ao chegar em casa, por volta das 15h00, parecia que tinha um buraco no estômago e que não tinha comido nada no almoço. Senti uma fome daquelas que só sentíamos na adolescência, em fase de crescimento.

Sabe o que aconteceu? Não tive controle nenhum e comi tudo o que vi pela frente em casa, intercalando entre sanduíches, comida de verdade, doces, chocolate, café e sorvete que estava no freezer. 

Fiquei atônito com a situação, sem entender o que estava acontecendo. Resolvi deitar na cama por 10 minutos para fazer a digestão, mas fui consumido por um sono absurdo, sem nenhuma condição de controlar. Trabalhar, que é bom, não consegui.

Além disso, fiquei com azia e aquele fast food ficou "conversando" comigo durante o restante do dia. Mas qual é a explicação para tudo isso ter acontecido? 

A explicação é que esses alimentos de fast food ultraprocessados não possuem praticamente nenhum nutriente. Eles não nutrem seu corpo, apenas tiram a fome momentaneamente.

Provavelmente, agora você está entendendo por que fica com fome o dia inteiro, querendo beliscar algo, comer mais e mais. 

Esses alimentos são repletos de produtos químicos, principalmente aromatizantes, conservantes, gorduras e açúcares. 

Essas substâncias influenciam seu cérebro para que você queira comer mais e mais. É proposital que tenham várias substâncias estudadas e conhecidas pela indústria de alimentos para despertar esse desejo involuntário em você, gerando um prazer maior do que ao comer comida natural.

Combinado com o fato de não serem bons nutricionalmente e não saciarem seu organismo, o resultado inevitável é que você ficará com fome o dia inteiro

E sabe o que é mais agravante? Você não terá o dia inteiro para cozinhar comida de verdade ou requentar sua comida em casa. 

Então, recorrerá novamente aos industrializados, entrando em uma rotina de abrir mais embalagens do que descascar alimentos.

Esse ciclo prejudica sua saúde, faz você ganhar peso, desenvolve sintomas emocionais e cria dependência de remédios

O que você coloca dentro do seu organismo influencia tanto sua saúde física quanto mental. Se você está irritado, sem disposição, com ansiedade e outros problemas emocionais, isso também tem a ver com a comida que consome

Para compensar essas doenças emocionais, você recorre à comida para ter um prazer momentâneo, mas essa mesma comida prejudica sua saúde.

Consegue perceber que entrou em um ciclo de destruição da sua saúde física e mental? Se está muito tempo nisso, provavelmente já está viciado e nem percebeu

Espero que esse relato ajude a entender que o único caminho para sair disso é quebrar esse ciclo

Coma comida de verdade, faça sua própria comida e alimente-se do que realmente nutre seu corpo, sem ficar com fome o dia inteiro e voltar à rotina que leva à degradação.