Gastrólogo com Especialização na Le Cordon Bleu Paris. Professor com mais de 40 mil alunos. Empresário e especialista em marketing, inovação e estratégias para redes sociais.
Vamos ser sinceros: o coador de pano, essa relíquia das nossas avós, é um verdadeiro mito que se recusa a desaparecer.
Todo mundo conhece alguém que jura que “lavando com detergente e deixando no sol, o coador fica novinho”. Mas será que isso realmente resolve?
A verdade é que o coador de pano é o equivalente a um pijama velho, que, mesmo lavado, continua a acumular um pouquinho de tudo o que passou por ele — com um detalhe importante: no caso do coador, estamos falando de restos de óleo de café e um buffet de micro-organismos que detergente nenhum tira.
É muito comum escutarmos o velho ditado: “lavô tá novo”, como se um pouco de água e detergente fossem resolver tudo.
Mas, na realidade, o detergente não tem poder para eliminar bactérias que se escondem no tecido do coador, especialmente se ele não é fervido entre os usos.
E o truque de colocar no sol? Pode esquecer! O sol pode até secar, mas não elimina completamente as bactérias e fungos que, sem a limpeza correta, vão se acumulando.
Assim, o coador de pano se transforma num verdadeiro festival de micróbios. E esses "convidados" indesejados não são nada inofensivos, podendo causar desde amargor no café até desconfortos digestivos.
Além do “museu de bactérias” que ele pode virar, o coador de pano interfere diretamente no sabor do café.
Como ele absorve os óleos naturais do café que ficam presos nas fibras, ele altera o perfil do sabor.
Em outras palavras, a cada novo café, você não está apenas degustando o café fresco, mas também um pouco do café de ontem, e de anteontem, e assim por diante.
Um sabor nada agradável que traz uma complexidade indesejada, no pior sentido da palavra.
Ao utilizar um coador de pano, você corre o risco de ingerir bactérias e fungos que podem afetar seu organismo. Abaixo estão alguns dos problemas que podem surgir:
Claro, todo mundo tem um parente que usava o coador de pano e vivia sem problemas.
Mas lembre-se: eles usavam o que tinham disponível. Naquela época, não havia filtro de papel acessível ou cafeteiras de alta qualidade que temos hoje, e a consciência sobre os riscos para a saúde era muito limitada.
Nossos avós sobreviveram sem internet, sem Netflix e até sem café decente! Mas isso não significa que o coador de pano era a melhor opção, só que era a opção possível.
Quer fazer café de forma segura e deliciosa? Deixe o coador de pano para o passado e abrace o filtro de papel.
O filtro de papel é prático, higiênico e permite uma extração mais limpa e saborosa, sem aquele gostinho de ontem.
Ele elimina os óleos indesejados que se acumulam no coador de pano e deixa o café com aquele sabor mais puro, preservando as notas sensoriais que fazem do café uma verdadeira experiência.
E aqui vai uma dica extra para um café verdadeiramente saudável: a troca do filtro é só metade do caminho. Se você está bebendo cafés da categoria “Tradicional” ou “Extraforte”, saiba que eles podem conter contaminações, resíduos e até “objetos estranhos”, permitidos pelas normas.
O que você tem que fazer é trocar para cafés das categorias Gourmet ou Especial? Esses cafés são feitos com grãos puros, de qualidade controlada, e trazem benefícios reais à saúde, além de um sabor que não tem comparação.
Portanto, da próxima vez que alguém falar que o coador de pano é “raiz”, lembre-se de que tradição, neste caso, não significa qualidade.
O que queremos na nossa xícara é café puro e saboroso, não um histórico dos cafés passados.