Dr. Marcello Danucalov é doutor em ciências (psicobiologia); Mestre em farmacologia; Filósofo Clínico Integral e Orientador Filosófico Familiar.
Nos últimos vinte anos, tive oportunidade de atender clinicamente centenas de pessoas e famílias em processos de filosofia clínica ou orientação filosófica familiar e, em muitos desses atendimentos, pude auxiliar pais no desenvolvimento de condutas um pouco mais acertadas no que tange à educação de seus filhos.
Educar é uma arte e basicamente não existe um método universal que garanta sucesso em todos os casos. Não existem fórmulas milagrosas como apregoam alguns influenciadores que contam com milhões de seguidores.
O sucesso da educação é dependente de vários fatores e de múltiplas condutas, tais como: da adequação do comportamento dos pais aos temperamentos dos filhos; das circunstâncias em que os filhos estão inseridos; dos amigos com quem convivem; da influência exercida por seus professores; da tradição que se quer manter e honrar; da cultura familiar que se almeja preservar; da força do acaso etc.
Contudo, se não existem métodos universais garantidores do sucesso educacional dos nossos pequenos, existem métodos universais garantidores do fracasso, e é isso que eu quero dividir com você.
A primeira atitude que devemos assumir se quisermos entregar para o mundo monstrinhos abomináveis é seguir as seguintes orientações:
Estude para ser um bom profissional; estude para fazer uma boa receita de rabada com agrião; estude para aprender inglês, latim, tupi-guarani; estude o roteiro de sua próxima viagem para Gramado, Nova York ou Cabo Frio; mas não estude para ser pai ou mãe.
Creia que seus instintos maternos e paternos serão suficientes para conceder aos seus filhos a educação que eles merecem e necessitam.
"Mas Danuca, nossos bisavôs não estudaram para educar nossos avôs; nossos avós não estudaram para educar nossos pais e, na maioria das vezes, o resultado até que foi bom".
Concordo, mas nesta época as famílias eram maiores; as tradições eram mantidas e respeitadas; os professores não eram militantes; as emissoras de televisão não eram lacradoras; a agenda ONU 2030 não estava vigente; Hollywood e a Disney não tinham aderido aos pressupostos da Nova Ordem Mundial; o jornalismo era sério; as mídias sociais não existiam; e os nossos ancestrais não sofriam lavagens cerebrais diárias advindas de influenciadores retardados, mal-intencionados e nada virtuosos.
E por falar em virtude, continue desejando que seus filhos atinjam a excelência como seres humanos, mesmo desconhecendo as definições das palavras: princípio, valor e virtude.
Continue alimentando uma postura cronocêntrica que enfatiza que o nosso tempo é o melhor dos tempos e que a psicologia moderna é superior às psicologias do passado por ser "baseada em evidências".
Continue acreditando que as obras de Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino fazem parte de um passado distante e nada mais têm a nos ensinar.
Outra lição imprescindível para chancelarmos o fracasso é continuar reclamando que seus filhos não lhe obedecem e prosseguir acreditando que as regras da casa não precisam estar escritas, pactuadas e acordadas desde que os rebentos comecem a dar os seus primeiros passos.
Continue seguindo modinhas politicamente corretas, tais como alguns exageros oriundos da psicologia positiva e todas as demais escolas psicopedagógicas que têm como ponto de partida as ideias um tanto quanto delirantes do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau.
Por falar nele, a leitura de sua obra O Emílio, assim como a aceitação cega de seu conteúdo, é indispensável para que possamos fracassar como pais o mais rapidamente possível. Fica a dica.
O empenho nesta próxima lição fará com que seu fracasso seja ainda mais exemplar. Esforce-se cada vez mais para ser amiguinho dos seus filhos e, gradativamente, vá se rebaixando até o nível em que a hierarquia familiar deixe totalmente de existir.
Faça de seu filho seu confidente; busque ser amado por ele todos os dias da sua vida; seja amigo de seus amigos; misture o papel de pai ou de mãe com o papel de amigo. Agindo desta maneira, o caos se instalará rapidamente e o sonho da boa educação ficará cada vez mais distante. Confie.
Não esqueça de minar constantemente a hierarquia familiar. Priorize seu filho e coloque seu cônjuge sempre em segundo plano. Faça dele o rei da casa e deixe-o estabelecer a dinâmica do lar livremente. Acabe com a sua relação conjugal e com a unidade familiar, ficando sempre a favor do seu rebento e constantemente contra o seu cônjuge.
Não esqueça de entregar aos seus filhos, por mera conveniência, todos os tipos de aparatos tecnológicos: celulares, tablets, computadores, games etc. Você perceberá quase imediatamente que, uma vez absortos pelas telas, seus filhos te deixarão em paz.
Você poderá conversar com seus amigos, ver sua série na Netflix e até mesmo dormir confortavelmente em sua rede sem preocupar-se em estar presente na vida deles.
Pondere também conceder a você mesmo o livre acesso a esses apetrechos altamente viciantes e corruptíveis. Agindo assim, mesmo sem perceber, patrocinará homeopaticamente a total degeneração do seu cérebro e de seus rebentos.
Por fim, comemore loucamente a ida de seus filhos para uma universidade estadual ou federal com o intuito de cursar alguma faculdade de humanidades.
Faça isso sem que antes tenha imunizado sua prole, fazendo-os ler os clássicos, estimulando-os a maratonar todo conteúdo da Brasil Paralelo e a decorar as quase seiscentas gigantescas aulas do Curso Online de Filosofia do velho Olavo.
Como dito anteriormente, se não há um método universalmente eficaz para tornar nossos filhos modelos de virtude, o oposto é quase certo.
Sendo assim, caso almeje a primeira opção, pondere fazer tudo ao contrário do que foi dito acima e, ainda que não haja cem por cento de certeza, você terá maiores chances de ofertar ao mundo homens maduros, responsáveis, corajosos e felizes.
Doutor em Ciências (psicobiologia);
Mestre em Farmacologia;
Filósofo Clínico Integral e Orientador Filosófico Familiar