“O Presidente do Conselho de Ministros, depois de alguns anos, tinha pedido um reajuste do salário dos ministros de Estado e Pedro II o colocava embaixo na pilha e nunca assinava; e então de repente veio um pedido de aumento dos professores que ele assinou no ato. Aí na reunião seguinte, o primeiro ministro olha para Dom Pedro e diz: “Majestade, nós estamos aqui com justas razões pedindo um reajuste do salário dos ministros e o senhor até hoje não assinou, mas quando veio o reajuste dos professores o senhor imediatamente assinou. Por que você procedeu dessa maneira?”, e Dom Pedro diz: “Olha, é muito simples, porque no futuro, quando eu precisar de bons ministros, eu vou ter gente bem preparada para servir ao governo e ao país”. (Gastão Reis em entrevista à Brasil Paralelo)
Dom Pedro II foi o segundo imperador brasileiro, cujo governo ficou conhecido como Segundo Reinado e marcou um período de prosperidade nacional e estabilidade política.
Conheça um resumo da biografia de Dom Pedro II.
Dom Pedro II é considerado um dos maiores estadistas brasileiros. Em seu governo houve diversos progressos culturais, econômicos e sociais. Várias crises também ocorreram em seu regime.
Era conhecido pela inclinação por uma vida tranquila, contemplativa e dedicada a seus estudos. Seus biógrafos contam que pouco o interessava o exercício do poder.
Dom Pedro II nasceu no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, no dia 02 de dezembro de 1825. Filho do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Dona Maria Leopoldina, recebeu o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança.
Pedro de Alcântara cresceu sem a companhia dos pais, uma vez que a mãe faleceu em 1826 e o pai foi embora do Brasil a 1831, falecendo na Europa em 1834.
D. Pedro I abdicou do trono brasileiro no dia 7 de abril de 1831. Voltou para Portugal a fim de vencer seu irmão D. Miguel e recuperar o trono português para sua filha, Maria da Glória.
Por esta razão, deixou no Brasil seu filho, Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos de idade. Como ele não poderia governar por ser menor de idade, iniciou-se o Período Regencial, no qual deputados brasileiros assumiram o poder executivo sendo eleitos por outros membros do legislativo.
O jovem Pedro foi criado com grande zelo e sua educação recebeu bastante atenção. Ele foi o filho mais novo do casal real e tinha a prioridade na sucessão do trono porque os seus dois irmãos mais velhos morreram quando ainda crianças.
Suas irmãs tinham o direito de assumir o trono, mas a Constituição de 1824 determinava que mulheres somente fizessem isso caso não houvesse nenhum homem herdeiro.
A responsável pela educação de Pedro de Alcântara foi escolhida por Dom Pedro I e chamava-se Dona Mariana Carlota de Verna. Ela foi aia do herdeiro e manteve-se próxima dele por toda a vida. Pedro de Alcântara nutria grande carinho e admiração por ela, considerando-a sua segunda mãe.
Para guiar a educação de seu filho, Dom Pedro I nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva para o cargo de tutor do menino, em 1831. Dois anos depois, José Bonifácio foi substituído por Manuel Inácio de Andrade Souto Maior, o marquês de Itanhaém.
Para a educação do futuro imperador foram escolhidos grandes professores de seu tempo. Dom Pedro II estudou português, literatura, francês, inglês, alemão, geografia, ciências naturais, pintura, piano e música, esgrima e equitação.
O Período Regencial foi um momento de grande instabilidade social e política na história do Brasil. O Brasil viveu uma primeira experiência de governo descentralizado, o que favoreceu as pretensões de regiões diversas de conquistarem sua autonomia.
Somado às disputas políticas locais e aos problemas sociais e econômicos, uma série de rebeliões nas províncias eclodiram e colocaram em risco a integridade territorial do Brasil.
As disputas políticas entre liberais e conservadores também foram um grande problema para o Brasil durante as regências.
O último regente brasileiro, Araújo Lima, promoveu o chamado Regresso Conservador no governo brasileiro e buscou anular todas as reformas dos liberais.
Essa disputa fez com que os liberais levassem para o Senado a proposta de antecipar a maioridade de Pedro de Alcântara para que ele pudesse ser coroado imperador.
Os liberais acreditavam que o imperador novamente uniria o Brasil e garantiria legitimidade para o governo federal.
Acreditavam também que seria fácil manipular o jovem Pedro II e assim reconquistar o espaço no governo que haviam perdido.
A possibilidade de antecipar a maioridade do herdeiro do trono ganhou força e o próprio Dom Pedro II aceitou-a.
Uma delegação foi enviada ao Palácio de São Cristóvão para perguntar se Pedro II aceitaria antecipar a maioridade e ascender ao trono. Ele respondeu: “Sim, para já!”
Em 23 de julho de 1840, aos 14 anos, sua maioridade foi antecipada. Esse evento ficou conhecido como Golpe da Maioridade. Sua coroação aconteceu no dia 18 de julho de 1841, ocasião que recebeu o título oficial de Dom Pedro II. Era o início do Segundo Reinado.
Assim que Dom Pedro II se tornou imperador do Brasil, seu matrimônio passou a ser questão de Estado. Apesar da timidez de Pedro II em tratar do assunto, emissários do país foram logo enviados ao continente europeu à procura de uma princesa para casar-se com o imperador.
A família real brasileira estava com sua imagem um pouco manchada depois dos casos extraconjugais de Dom Pedro I.
Apesar disso, os emissários de Dom Pedro II arranjaram-lhe o casamento com a princesa do reino das Duas Sicílias, Teresa Cristina Maria. Um retrato dela foi enviado para Pedro e ele aprovou a união.
O casamento foi realizado, por procuração, na cidade de Nápoles, na Itália, em 30 de maio de 1843, e a imperatriz só chegou ao país em 3 de setembro do mesmo ano, a bordo da fragata Constituição.
Pedro estava tão ansioso em conhecer Teresa Cristina, que subiu a bordo da embarcação para logo vê-la.
Os dois celebraram o matrimônio naquele dia e muito se comentou sobre a reação do imperador ao conhecer a futura imperatriz. Os relatos da época dão conta da frustração de Dom Pedro II em relação a sua esposa.
Dom Pedro II viu descer do navio uma moça que não correspondia à descrição feita. Apesar disso, Teresa Cristina foi companheira, compreensiva, discreta e mãe amorosa, dons que apagaram a primeira impressão.
Dom Pedro e Dona Teresa tiveram quatro filhos:
D. Pedro II reinou sobre o Brasil de 1840, ano do Golpe da Maioridade, até 1889, ano da proclamação da república. Nesses 49 anos de reinado, diversos acontecimentos marcantes se passaram no país, quais sejam:
No governo de Dom Pedro II, o Brasil passou por um momento de grande estabilidade política, social e econômica.
O Imperador era hábil político e soube conciliar as distintas pautas de liberais e conservadoras, assegurando um diálogo entre os grupos. Esse diálogo permitiu a governança de Dom Pedro II.
Outra preocupação do Imperador era com a identidade nacional do país. Para isso, criou diversas instituições de ensino e de cultura; são elas:
Dom Pedro II investiu na educação, construindo escolas e aumentando o acesso ao ensino, fortaleceu a economia com investimentos no café e na industrialização do país.
Sem dúvida, o café recebeu o maior foco do Segundo Reinado. Havia três grandes zonas produtoras de café no Brasil:
A produção teve início no Vale do Paraíba e dependia de mão de obra escrava. Com a abolição em 1888, imigrantes começaram a chegar no país para trabalhar nas lavouras.
No campo da industrialização, o Barão de Mauá foi a personificação do progresso em que investiu Dom Pedro. Mauá foi o maior empresário que o Brasil já conheceu. Pregava o regime salarial e gerava negócios.
Foi no Segundo Reinado que surgiram:
Os espaços urbanos, que cresceram e evoluíram sob a gestão de Dom Pedro II, foram renovados com:
Outro ponto marcante no governo de Dom Pedro II foi a Guerra do Paraguai, conflito que se estendeu de 1864 a 1870, marcando o fim do auge do seu reinado e o início da sua decadência.
O Exército, grupo que ganhou grande prestígio com a vitória na guerra, aderiu mais intensamente ao republicanismo. Além dessa adesão ideológica, muitos representantes do exército desejavam uma participação mais efetiva na política.
A oposição se fortalecia: constava de militares, de grupos republicanos, da imprensa e de católicos. A imagem do Imperador passou a ser atacada com mais frequência.
Pedro II viajou para diversas partes do país e do mundo com o intuito de conhecer as diversas inovações tecnológicas e trazê-las para seu país natal. Nesse período, deixou sua filha Isabel como regente do País.
A primeira viagem foi para a Europa e para a África, entre 1870 e 1871; a segunda, para os Estados Unidos, em 1876; depois, atravessou o Atlântico e foi para o Oriente Médio.
As viagens, o descanso e a distância das obrigações de Estado fizeram com que Dom Pedro desgostasse da função de Imperador.
Em 1871, enfrentou mais uma crise do seu governo: a questão religiosa.
De acordo com a Constituição de 1824, a Igreja Católica era a oficial do Império. Havia duas formas previstas da relação Estado-Igreja:
Como descrito, o imperador tinha o poder de sancionar ou não as bulas papais. Justamente em uma dessas bulas, o Papa Pio IX proibiu o casamento de católicos e maçons. D. Pedro II não aceitou.
Quando o fez, não esperava que enfrentaria a oposição do bispo de Olinda, Dom Vital. Ele recusou-se a fazer um casamento entre um católico e um maçom e isto foi um escândalo.
Em 1873, Dom Vital escreveu uma carta pastoral negando a legitimidade do beneplácito. Por causa disso, incorreu em dois crimes:
D. Pedro II mandou prender Dom Vital, submetendo-o a trabalhos forçados. Por esta razão, os fiéis começaram a se voltar contra o imperador.
Este foi um dos fatores que levaram à queda da monarquia no Brasil e, consequentemente, ao fim do Segundo Reinado.
Dom Pedro II acumulou vitórias em importantes guerras como:
Independente das vitórias, a oposição, o desgaste físico e mental, contribuíram para a decadência do regime de Dom Pedro II.
Na década de 70, outro importante movimento ganha forças: o abolicionista. Apesar de Dom Pedro II defender a causa, nunca foi firme nesse combate.
Sua filha, Princesa Isabel, assinou várias leis contra a escravidão, inclusive a Lei Áurea, que pôs fim definitivo a esse flagelo no Brasil. Tudo isto fez enquanto era regente.
Apesar da vitória de nobre causa, a abolição contribuiu para a queda da monarquia.
O ideal republicano, que surgiu no Brasil através de vários movimentos, fortaleceu-se e propagou-se rapidamente. O regime monárquico vivia seus momentos finais.
O enfraquecimento da monarquia levou a uma conspiração que contou com o envolvimento de civis e militares. Essa conspiração foi posta em prática no dia 15 de novembro de 1889 e resultou em golpe, que foi consumado com a Proclamação da República.
Basicamente, três grupos se envolveram na conspiração:
Conjugados todos estes interesses, no dia 15 de novembro de 1889, o governo imperial foi derrubado e foi proclamada a República no Brasil.
No dia seguinte, organizou-se um governo provisório, que determinou o prazo de 24 horas para a família imperial deixar o país.
No dia 16 de novembro de 1889, na véspera da partida para o exílio, Dom Pedro escreveu:
"À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda minha família para a Europa amanhã, deixando a Pátria, de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de empenhado amor e dedicação durante quase meio século em que desempenhei o cargo de Chefe de Estado. Ausentando-me, pois, eu com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos por sua grandeza e prosperidade".
Dom Pedro de Alcântara embarcou com a família para Portugal em 17 de novembro de 1889, dois dias após a Proclamação da República. Chegando a Lisboa no dia 7 de dezembro, seguiu para Porto, onde a imperatriz morreu no dia 28 do mesmo mês.
Pedro de Alcântara, com 66 anos, seguiu sozinho para Paris, ficando hospedado no Hotel Bedford, onde passava o tempo dedicado a seus estudos e leituras de predileção. As visitas à Biblioteca Nacional eram seu refúgio.
Em novembro de 1891, com sequelas da diabetes, já não saía mais do quarto.
Dom Pedro II faleceu no Hotel Bedford, em Paris, França, no dia 5 de dezembro de 1891, em consequência de uma pneumonia. Seus restos mortais foram trasladados para Lisboa, e colocados no convento de São Vicente de Fora, junto ao da esposa.
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