Deodoro da Fonseca (1827-1892) foi o primeiro presidente do Brasil, liderando a Proclamação da República em 1889 e encerrando o período imperial. Militar de carreira, ele foi marechal do Exército e teve papel importante na deposição de Dom Pedro II. Como presidente provisório e depois eleito pelo Congresso, Deodoro enfrentou dificuldades políticas e econômicas durante seu mandato.
Em 1891, após divergências e a dissolução do Congresso, renunciou à presidência. Morreu em 1892, deixando um legado de transição do Brasil de monarquia para república.
Tendo participado como figura importante na Guerra do Paraguai e outros conflitos do exército brasileiro, ele alcançou fama nacional, tornando-se um herói de guerra e próximo do imperador Dom Pedro II.
Porém, mesmo tendo apreço pelo imperador Dom Pedro II e não ter demonstrado desavenças com o sistema monárquico, Deodoro tornou-se o chefe do golpe da República no Brasil após tensões entre o império e os militares e a influência de amigos positivistas defensores da República.
Conheça agora a vida do Marechal Deodoro da Fonseca, uma das figuras históricas mais importantes do Brasil.
Manuel Deodoro da Fonseca nasceu em 5 de agosto de 1827, na cidade de Alagoas da Lagoa do Sul (hoje Marechal Deodoro), no estado de Alagoas, Brasil. Ele veio de uma família com fortes tradições militares.
Seu pai, Manuel Mendes da Fonseca Galvão, foi um renomado militar, tendo servido como coronel no Exército Brasileiro e participado ativamente em diversas campanhas importantes, incluindo as lutas pela independência do Brasil.
Sua mãe se chamava Rosa Maria Paulina da Fonseca e era origem indígina e africana.
Deodoro teve nove irmãos, seus pais tiveram duas mulheres e oito homens, muitos dos quais também seguiram a carreira militar.
Deodoro não se afastou das tradições militares da família. Aos 16 anos ele ingressou no treinamento na Escola Militar do Rio de Janeiro, uma das instituições mais prestigiadas da época.
Três anos depois de formado, ele participou de uma atividade do exército contra os grupos liberais de Pernambuco que queriam se separar do Império.
O marechal Deodoro da Fonseca teve participação em muitos dos principais conflitos militares da história do Brasil, como:
Embora ainda estivesse no início de sua carreira, a participação de Deodoro na repressão à revolta foi importante para consolidar sua posição dentro do Exército. Ele atuou sob o comando de oficiais superiores e conseguiu obter sucesso em suas batalhas contra as tropas liberais.
Já como oficial de alta patente, Deodoro foi responsável por liderar tropas brasileiras em operações militares que visavam estabilizar o Uruguai e garantir os interesses brasileiros. Sua liderança foi crucial para o sucesso das campanhas e para a manutenção da influência brasileira no país vizinho.
A participação de Deodoro da Fonseca na Guerra do Paraguai é um dos aspectos mais destacados de sua carreira militar.
Ele atuou como comandante de forças brasileiras em várias batalhas importantes durante o conflito que o Paraguai iniciou invadindo territórios do Brasil.
A guerra foi uma das mais longas e sangrentas da história da América do Sul e Deodoro ganhou reconhecimento por sua bravura e capacidade de liderança.
Durante a guerra, Deodoro participou de campanhas decisivas, como as batalhas de Tuiuti e Curupaiti.
A experiência adquirida nesse conflito consolidou sua reputação como um dos principais líderes militares do Brasil e pavimentou o caminho para sua ascensão às mais altas patentes do Exército, culminando no posto de Marechal.
Após a vitória do Brasil e seus aliados na Guerra do Paraguai, Deodoro voltou ao Brasil e ocupou cargos de comando militar em diversas regiões do país.
Com o passar do tempo, o marechal Deodoro passou a atuar mais ativamente nas discussões sobre o futuro do Brasil, especialmente em questões relacionadas ao Exército e às relações entre as forças armadas e o governo imperial.
Embora inicialmente fosse próximo à corte, ele se tornou cada vez mais crítico em relação ao governo de Dom Pedro II, especialmente quanto ao tratamento dado aos militares e às reformas que julgava necessárias.
Sua lealdade ao Imperador era conhecida, mas a insatisfação crescente com a administração imperial e os movimentos republicanos em ascensão começaram a moldar sua visão política.
Em 1887, o marechal Deodoro da Fonseca foi chamado pelo império para voltar ao Rio de Janeiro por causa de seu papel no conflito entre as forças armadas e o governo civil do Império, um evento que ficaria conhecido como a "Questão Militar".
Suas inclinações políticas foram evidenciadas quando ele permitiu que os oficiais em Porto Alegre expressassem suas opiniões políticas, algo proibido pelo governo imperial. Quando chegou ao Rio, Deodoro foi recebido com entusiasmo por seus colegas e pelos alunos da Escola Militar.
Logo de cara, Deodoro foi eleito o primeiro presidente do recém-criado Clube Militar, uma organização que ajudou a fundar e começou a liderar a ala antiescravista do Exército.
Esse incidente foi um dos catalisadores para a decisão dos militares de apoiar um movimento republicano.
Na década de 1880, as tensões entre o governo imperial e os militares se intensificaram. Deodoro, já uma figura altamente respeitada e influente, encontrou-se no centro desses conflitos.
A deterioração das relações entre o Exército e a monarquia, combinada com a crescente popularidade das ideias republicanas e positivistas entre o exército, colocou Deodoro em uma posição crucial.
Em 1889, as tensões aumentaram quando o Visconde de Ouro Preto, chefe do gabinete imperial, tentou implementar reformas que reduzissem o poder dos militares. Deodoro e outros oficiais de alta patente resistiram a essas mudanças, vendo-as como uma tentativa de minar a autoridade e autonomia do exército.
Deodoro não queria mudar o sistema de governo, mas seus colegas republicanos criaram estratégias para convencê-lo.
O Major Sólon Ribeiro fez circular uma história falsa com o propósito de convencer Deodoro a se rebelar. Era preciso esta artimanha, pois ele era próximo a D. Pedro II.
A mentira era dizer que o imperador tinha mandado prender o Deodoro e Benjamim Constant. Os boatos funcionaram e as tropas se rebelaram. Deodoro liderou o grupo e proclamou a independência do Brasil.
A Proclamação da República nasceu sem o apoio do povo brasileiro, da qual nem sequer se deu conta. Um jornalista da época, Aristídes Lobo, retrata o sentimento da população no momento:
“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.
Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada.
Era um fenômeno digno de ver-se.
O entusiasmo veio depois, veio mesmo lentamente, quebrando o enleio dos espíritos.”
Após liderar o movimento que resultou na Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca assumiu o cargo de Chefe do Governo Provisório, tornando-se o primeiro presidente do Brasil.
Deodoro da Fonseca iniciou seu mandato como Chefe do Governo Provisório, com a tarefa de estabelecer as bases do novo regime republicano.
Durante esse período, ele se concentrou em reorganizar a administração pública, substituir símbolos monárquicos por republicanos e garantir a estabilidade do novo governo.
Uma das medidas mais importantes foi a convocação de uma Assembleia Constituinte, que resultou na promulgação da primeira Constituição da República, em 24 de fevereiro de 1891.
A nova Constituição instituiu um regime presidencialista, com um governo central forte e a divisão dos poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Deodoro foi então eleito, de forma indireta, como o primeiro presidente constitucional do Brasil em 26 de fevereiro de 1891.
A presidência de Deodoro da Fonseca, agora constitucionalmente estabelecida, foi marcada por uma série de dificuldades. Desde o início, ele enfrentou oposição de diversos grupos políticos, principalmente os republicanos civis que tinham expectativas de maior participação na administração do país.
A falta de experiência política de Deodoro, combinada com seu estilo autoritário, gerou conflitos tanto com o Congresso Nacional quanto com as elites regionais.
Uma das principais crises de seu governo ocorreu em novembro de 1891, quando Deodoro tentou dissolver o Congresso Nacional e governar por decreto, alegando que o Congresso estava obstruindo seu governo. Essa medida, vista como um golpe autoritário, provocou uma forte reação dos militares e da população, levando a uma profunda crise política.
A situação política tornou-se insustentável quando a Marinha do Brasil, sob a liderança do Almirante Custódio de Melo, iniciou uma revolta conhecida como a Primeira Revolta da Armada.
Os rebeldes exigiam a renúncia de Deodoro e ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro se suas demandas não fossem atendidas.
Diante da pressão crescente e temendo uma guerra civil, Deodoro da Fonseca decidiu renunciar à presidência em 23 de novembro de 1891, apenas nove meses após assumir o cargo constitucionalmente. Seu vice-presidente, Floriano Peixoto, assumiu a presidência, consolidando o poder do novo regime republicano.
Após sua renúncia à presidência em 23 de novembro de 1891, Marechal Deodoro da Fonseca retirou-se da vida pública e militar.
Aos 64 anos de idade, ele retornou à sua residência no Rio de Janeiro, onde passou a viver de forma relativamente reclusa, afastado das atividades políticas e dos holofotes. Sua vida chegou ao fim em 23 de agosto de 1892, aos 65 anos de idade.
O Marechal Deodoro da Fonseca foi casado com Mariana Cecília de Sousa Meireles, conhecida como Marieta. Marieta era filha de um rico comerciante do Rio de Janeiro e o casamento foi considerado uma união respeitável e vantajosa na sociedade da época. O casal não teve filhos.
Embora Deodoro fosse conhecido por seu temperamento forte e sua dedicação ao serviço militar, seu casamento com Marieta foi marcado por respeito mútuo e companheirismo. Marieta era descrita como uma mulher dedicada, que acompanhava e apoiava Deodoro, mesmo durante os momentos mais difíceis de sua carreira.
Mesmo sendo o primeiro presidente do Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca possui aspectos da sua vida pouco conhecidos. Veja alguns dos principais:
Para estudar esse momento da história, a Brasil Paralelo consultou diversos historiadores e pesquisadores, como o professor Thomas Giulliano, Rafael Nogueira e Marcelo Andrade para produzir a série de documentários Pátria Amada Ultrajada: O Exército na História do Brasil.
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Outra fonte para o artigo é o documentário Brasil: Última Cruzada.
Outros meios consultados para saber mais sobre o Marechal Deodoro da Fonseca são:
A Brasil Paralelo é uma empresa de entretenimento e educação cujo propósito é resgatar bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. Em sua história, a empresa já produziu documentários, filmes, programas e cursos sobre história, filosofia, economia, educação, política, artes e atualidades.
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