Na época da monarquia, o Brasil possuía uma figura política chamada de Presidente do Conselho de Ministros. Esse cargo foi criado por Dom Pedro II, em 1847, e era similar ao primeiro-ministro da Inglaterra.
Entendia-se naquele tempo que não era função do imperador fazer política. Ele deveria ficar distante das disputas do partido. Quem governava era o Presidente do Conselho de Ministros.
No ano de 1889, o governo era chefiado pelo Visconde de Ouro Preto. Sua gestão foi muito criticada pelos militares devido às punições aplicadas aos soldados que se manifestavam publicamente. Essa celeuma ficou conhecida como Questão Militar e foi uma das grandes causas da queda da monarquia.
Visconde de Ouro Preto, assim como os seus antecessores, era responsável por formar um ministério. O homem que ocupava o cargo de ministro da Marinha era o Barão de Ladario.
Às 5 horas da manhã, do dia 15 de novembro de 1889, estavam no arsenal da Marinha o Visconde de Ouro Preto, Barao de Ladario e o Candido de Oliveira que era o então ministro da Justiça.
Eles estavam lá pois já sabiam da movimentação que acontecia por parte do exército que tinha como objetivo derrubar o governo de Ouro Preto.
Às 5h15, 160 soldados, junto a uma banda, desembarcaram no Rio de Janeiro. Era o batalhão naval sob o comando de Quintino Francisco da Costa.
Pouco depois, às 5h45, desembarcaram forças do corpo imperial de marinheiro. Eles então saíram em número de 196 homens e uma metralhadora sob o comando de Manoel Dias Cardoso.
Enquanto as tropas se mobilizaram na cidade, se juntou ao arsenal da Marinha mais um ministro, Diana, que ocupava a pasta de negócios estrangeiros. Junto a Ouro Preto, Ladario e Candido foram ao quartel general do exército no campo da Aclamação.
Ao chegar no local, encontraram-se com outros ministros e funcionários do alto escalão reunidos. Na parte interna do quartel, havia centenas de militares em formação junto a seus comandantes.
Às 7h, mais 535 militares ligados ao corpo de polícia da corte chegaram ao local. A situação ia ficando tensa, muitos militares se aglutinando e pareciam prontos a agir.
Ladario saiu então do quartel e foi novamente ao arsenal da Marinha a fim de tomar alguma providência diante do eminente motim que se formava.
Às 8 horas da manhã, chegou Deodoro da Fonseca junto ao estado-maior e liderando 1° regimento de cavalaria. Estavam com ele o tenente-coronel Telles, o major Solon, major Lobo Botelho e os alunos da escola superior de guerra. Todos dispostos em uma linha de combate.
Justamente nesse momento, voltava ao quartel Barao de Ladario que foi surpreendido por uma decisão.
O oficial comandante da escolta do Marechal Deodoro da Fonseca, mandou que o Barão de Ladario se entregasse preso.
Ladario não aceitou as ordens, tirou do seu bolso um revólver e apontou para os soldados. Quando foi disparada, a arma falhou, os soldados então reagiram acertando quatro tiros no Barão.
Ao cair ferido no chão, ele foi socorrido e levado ao palácio do Itamaraty e atendido pelos médicos João Cancio e Rego Cesar, que prestaram os primeiros socorros.
Após esses tratamentos iniciais, ele foi levado pela marinha até a sua casa e ficou estável. O Jornal do Commercio divulgou à época o relato de Pedro Affonso sobre o quadro do Barão:
Transcrição: “Chamado a examinar o Sr. Barão do Ladario, acudi prontamente, mas já ali encontrei o Dr. José Pereira Guimarão, que fizera os primeiros curativos. O Sr Barão tem: um ferimento na testa, duas feridas na coxa esquerda, algumas contusões na perna esquerda, ferimento por bala na região sacroilíaca direita. Todos os ferimentos são leves, exceto o da região sacroilíaca, que, entretanto, não sendo penetrante, não é grave e deve terminar pela cura. O estado geral do doente é excelente.”
Os ministros, sitiados no quartel-general, foram obrigados a escrever uma carta a Dom Pedro II pedindo demissão:
Transcrição: “Senhor, o ministério, sitiado no quartel general da guerra, à exceção do Sr. ministro da marinha [Barão de Ladario], que consta estar ferido em uma casa próxima, e diante das declarações dos Srs. generais Visconde de Maracajú, Floriano Peixoto e Barão do Rio Apa, de que não inspira confiança a força que vem, não há possibilidade de resistir com eficácia à intimação de exoneração feita pelo marechal Deodoro, apesar das ordens para a resistência que se deram, vem depor nas mãos de Vossa Magestade o seu pedido de exoneração.”
As tropas que desembarcaram na cidade e que estavam em posição no pátio do quartel, saudaram Deodoro da Fonseca e reconheceram o seu movimento. Antes mesmo de Dom Pedro II chegar ao Rio de Janeiro, o exército já havia controlado a cidade. Não houve mais reações como a de Ladario, o golpe foi dado sem significativa resistência.
O ministro da Marinha em conflito com tropas. Militar contra militares. Um defendendo o governo, outros contra. Esse fato ilustra bem a complexidade do pensamento e das ações do exército ao longo da História do Brasil.
Amada e Ultrajada é o novo documentário da Brasil Paralelo que entrevistará historiadores, cientistas políticos e jornalistas para tentar compreender o papel do exército ao longo da história do país.
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