No dia 01 de abril, noticiava o Diario de Notícias que os militares estavam nas ruas para depor o presidente João Goulart. O título principal dizia “Luta Fratricida Iminente no País” e o corpo do texto chamava a atenção para a presença de militares na rua que ameaçavam depor o governo.
No dia seguinte, o jornal afirmou “Podemos agora ter o que perdemos há três anos: um governo”.
Na parte inferior da primeira página, um outro texto chamava atenção: “É o Fim do Comunismo no Brasil”, esse era um convite para ler o texto completo na página 6.
Tratava-se da coluna de Ibrahim Sued, jornalista conceituado que atuou nos principais jornais do país.
Para o jornalista, Jango havia infligido todas as leis constitucionais e por isso não podia mais ser presidente da República.
Transcrição: “O país estava sendo comunizado por Jango, que já não tinha forças para se desembaraçar da teia, na qual foi envolvido pelos comunistas. Os postos-chaves vinham sendo ocupados pelos comunistas. Jango acabou preso ao nefasto tripé vermelho – Assis, Darci e Brizola, ‘o traidor da legalidade’”
Ibrahim Sued também foi colunista do Globo e recentemente foi lembrado por uma reportagem do jornal sobre a sua tradicional presença no Copacabana Palace. A matéria o descreveu da seguinte forma:
“Ele é considerado uma espécie de ‘pai’ do colunismo social moderno, que não se preocupa apenas com frivolidades da alta sociedade, mas também com informações relevantes.”
A respeito do O Globo, o jornal a época também noticiou o golpe militar contra João Goulart.
No dia 02 de abril de 1964, o jornal O Globo trouxe em sua capa uma comemoração do golpe militar em que exaltava o exército pelo o que seria um restabelecimento da Democracia.
Segundo editorial publicado pela Globo, no dia 31 de março de 1964, O Globo foi invadido por fuzileiros navais que faziam parte do “dispositivo militar” de João Goulart.
Essa invasão os impediu de publicar o jornal que já estava pronto para o dia seguinte, fazendo com que ele fosse publicado só no dia 02 de abril.
O título que antes seria “A decisão da pátria”, passou a ser “Ressurge a Democracia”, mostrando uma posição favorável do jornal em relação ao golpe militar e comemorando a deposição daquele presidente que teria censurado o jornal.
Em um dos trechos, o jornal afirma:
“Graças a decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável que insistia em arrastá-lo para rumos contraditórios à sua vocação e tradições”.
Ainda segundo o editorial da Globo, vários outros jornais se posicionaram favoravelmente à deposição de João Goulart, como:
“O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como ‘O Estado de S.Paulo’, ‘Folha de S. Paulo’, ‘Jornal do Brasil’ e o ‘Correio da Manhã’, para citar apenas alguns.”, afirmou o editorial.
Segundo pesquisa realizada pela FFlCH, “a grande imprensa apoiou o golpe militar e a ditadura até o ano de 1968”.
Em uma matéria publicada pela Folha de São Paulo, o jornal afirmou que, com exceção do jornal Última Hora, a maioria dos grandes veículos defendeu a deposição de João Goulart, inclusive a própria Folha de São Paulo.
O jornal Última Hora abriu a edição do dia 02 de abril condenando o golpe e denunciando uma invasão à tipografia onde era feito o jornal
Eles concluíram a denúncia com “A luta dos terroristas foi inútil, o Última Hora continua”.
O papel do exército sempre foi alvo de intenso debate. Na História do Brasil, a instituição teve papel político ativo, gerando ferrenha oposição e acalorados elogios.
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