O dia 3 de setembro de 1989 foi marcado por uma tragédia na aviação brasileira. O Boeing 737-200, da Varig, decolava de São Paulo com destino a Belém. Mas um erro cartográfico, provocado por um zero, fez o voo 254 se perder por três dias na selva amazônica.
O voo funcionava na rota pinga-pinga, com diversas escalas. O trecho final, de Marabá a Belém, deveria durar 50 minutos. Somente após 45 minutos de viagem, a dupla em comando se deu conta de que estava em outro destino e, no lugar da cidade, só avistava mata fechada.
A aeronave voou perdida até o combustível acabar, e a única alternativa foi o pouso forçado, que aconteceu na região de São José do Xingu (MT). Somente no terceiro dia, a tripulação de 54 pessoas foi encontrada.
Devido ao impacto da queda do Boeing, vários assentos foram lançados para fora do avião.
Doze passageiros morreram e 17 ficaram gravemente feridos.
Os demais tripulantes caminharam cerca de 40 quilômetros em busca de socorro, até encontrarem uma fazenda da região. Para a maioria dos passageiros, o resgate chegou a tempo.
Cesar Augusto Padula Garcez e Nilson de Souza Zille, respectivamente comandante e copiloto, não foram avisados pela Varig, mas aquela era a oitava vez que pilotos da companhia cometiam o mesmo erro de interpretação dos números.
Mas como profissionais experientes confundiram a leitura da rota que os levaria ao destino final?
No painel de controle do avião havia espaço para três dígitos. Três meses antes do acidente, a Varig iniciava um processo de modernização e decidiu adicionar uma quarta casa decimal, mudando um padrão seguido pela aviação internacional.
Zille conta em diversas entrevistas que o campo da proa indicava o número 0270, por isso, ele e o comandante descartam o primeiro zero. Ao invés de marcar no painel de controle a rota "027,0°", eles seguiram a "270°", e viajaram para o oeste no lugar do nordeste.
"Na matemática, o zero à esquerda não tem valor. Selecionamos 270 e decolamos", relatou Zille.
Oito anos depois, Garcez e Zille foram condenados a quatro anos de prisão pelo acidente, numa decisão inédita na história da aviação civil brasileira. A sentença foi decretada pelo juiz Alexandre Vidigal de Oliveira, da Justiça Federal em Cuiabá (MT).
Como réus primários, ambos responderam em liberdade.
O acidente do voo 254 serviu de aprendizado para a indústria aeronáutica, especialmente na navegação, técnica que consiste em aperfeiçoar a condução das aeronaves. Equipamentos rudimentares foram substituídos pelos mais modernos do mundo, levando mais segurança à tripulação das companhias brasileiras.
Esse é um dos assuntos abordados no novo documentário da Brasil Paralelo, “Varig: A Caixa Preta do Brasil”.
A produção inédita estreia no dia 12 de dezembro, às 20h, e conta a história da aviação nacional e a trajetória da Varig, que por 40 anos imperou como a maior empresa do país.
A companhia se tornou um modelo de sucesso econômico e um orgulho dos brasileiros. Mas também se deparou com decisões equivocadas que fizeram um império cair.
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